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Tratamento da mastite - uso de outras medidas que não antibióticos

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 08/06/2004

6 MIN DE LEITURA

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Para o tratamento da mastite clínica são comumente recomendadas diversas estratégias em conjunto com a antibioticoterapia ou usadas de forma isolada. São exemplos, o emprego da fluidoterapia e reposição de eletrólitos visando restabelecer alterações circulatórias; a administração de antiinflamatórios esteroidais e não-esteroidais objetivando reduzir a dor, inflamação e febre; além do uso de ocitocina para facilitar a ejeção do leite e a remoção de secreções da glândula mamária. Todas estas medidas foram recentemente revistas e debatidas no Encontro do Conselho Nacional de Mastite dos EUA e os seus principais aspectos serão apresentados aqui, com base no conhecimento científico que temos hoje.

Fluidoterapia e reposição de eletrólitos

Nos casos de mastite clínica em que a vaca diminui o seu consumo de água e alimentos, diarréia e estase ruminal ocorrem alterações circulatórias como desidratação e perda de eletrólitos. Estes distúrbios são particularmente importantes para os casos severos de mastite clínica causada por coliformes, com possibilidade de choque toxêmico e até morte do animal, em função da redução do volume circulatório.

Desta forma, o grau de hidratação da vaca está diretamente associado à cura ou não do caso clínico, mesmo nos casos considerados mais leves. Diversos estudos confirmam que animais com boa hidratação têm maior chance de sobrevivência que aqueles com desidratação. Uma das dificuldades para estimar o grau de hidratação da vaca é que os métodos comumente usados são subjetivos, como a avaliação da elasticidade da pele do pescoço e a posição do globo ocular. Estima-se que para o tempo de retorno da elasticidade da pele de 4, 6 e 8 segundos ocorra graus de desidratação de aproximadamente 4, 8 e 12%, respectivamente. Em termos de balanço ácido-base, a maioria das vacas com mastite clínica apresenta balanço normal e, baseando-se nisso, não se recomenda a administração IV (intravenosa) de agentes alcalinizantes, como bicarbonato e lactato.

A fluidoterapia pode ser realizada oralmente (via intraruminal) ou por via IV. Para casos menos severos pode-se utilizar a via oral (mais barata), podendo ser utilizada uma solução hipotônica (sódio) para facilitar a absorção no rúmen, não sendo recomendada o uso de soluções hipertônicas via oral. Como exemplo, uma vaca de 600 kg, com desidratação de 6% necessita de cerca de 36 litros de fluidos, o que poder ser administrado via oral de forma segura, no entanto, volumes maiores podem resultar em hipotermia e hemólise intravascular.

Para os casos mais severos a via IV é a de escolha para uma rápida reposição do volume circulatório. Nestes casos, a administração de solução de Ringer, um fluido iso-osmótico com concentrações fisiológicas de sódio, cloro, potássio e cálcio é um dos mais recomendados. A grande dificuldade do seu uso se deve a necessidade de grandes volumes. Para exemplificar, tomemos uma vaca adulta de 600 kg com 8% de desidratação, a qual necessitaria de 48 litros de fluidos, o que implicaria em um alto custo. Uma alternativa prática para o uso de grandes volumes de soluções iso-osmóticas é a administração de solução hypertônica (7%).

Recomenda-se a sua aplicação na dose de 4-5 ml/kg de peso vivo, durante aproximadamente 4-5 minutos, sendo acompanhado da administração oral de água (20 litros). A administração rápida é necessária para aumentar a osmolaridade do sangue e transferir a água do rúmen para dentro dos vasos. Mesmo que não tenha a capacidade de repor todo o volume necessário, o uso de solução hipertônica aumenta rapidamente o volume de plasma e melhora o débito cardíaco e a perfusão dos tecidos, permitindo que a vaca mantenha-se após a sua administração pela ingestão oral de fluidos.

Administração de antiinflamatórios

O uso de antiinflamatórios é freqüente em vacas com mastite clínica, pois muitas das alterações clínicas que ocorrem são resultado da resposta inflamatória frente à infecção. Um exemplo é a aplicação destas drogas para controle da dor visando o conforto do animal. Por outro lado, deve-se levar em conta que os antiinflamatórios podem ter efeitos colaterais, os quais devem ser balanceados com os seus benefícios no momento da sua administração. Adicionalmente, o custo de alguns medicamentos é elevado, o que dificulta o seu emprego e maior escala.

Os antiinflamatórios mais utilizados em vacas leiteiras são os glicocorticóides e os antiinflamatórios não esteroidais (ANE). A ação dos glicocorticóides é de reduzir a produção de eicosanóides pela inibição da liberação do ácido aracdônico, enquanto que os ANE atuam inibindo o seu metabolismo, além de diversos outros efeitos sobre outras funções.

Entre os glicocorticóides mais usados estão a dexametasona e o acetato de isoflupredona. Ambos são prescritos para tratamento de condições inflamatórias em vacas leiteiras e não apresentam período de descarte de leite após o seu uso. Estes agentes apresentam potenciais efeitos colaterais como por exemplo, a dexametasona é imunossupressiva e pode causar aborto em vacas com gestação acima de 5 meses. A isoflupredona é menos potente que a dexametasona, não causa aborto e resulta em menor imunossupressão, no entanto possui maior atividade mineralocorticóide (pode levar a hipocalemia). Após a avaliação de diversos trabalhos avaliando o emprego de glicocorticóides como terapia para mastite clínica, não existem evidências científicas de benefícios do seu emprego nestes casos.

Com relação às drogas ANE, os mais freqüentemente utilizados são o flunixin-meglumine e a aspirina, não sendo recomendado atualmente a fenilbutazona. Diferentemente dos glicocorticóides, os ANE não são imunossupressivos, mas podem ter como efeitos colaterais a formação de úlceras de abomaso e lesão renal (estes efeitos colaterais podem ser considerados menos graves e acarretam poucos danos caso seja feita uma boa hidratação e se o uso não for prolongado). Alguns estudos apontam que vacas tratadas com ANE em conjunto com antibioticoterapia têm mais chance de se recuperarem do que aquelas tratadas apenas com antibióticos. Desta forma, em resumo, pode-se afirmar que existem benefícios econômicos e de conforto para o animal pelo uso de ANE em conjunto com antibiótico e fluidoterapia para vacas com mastite clínica severa.

Aumento da freqüência de ordenha e uso de ocitocina

A ocitocina atua na glândula mamária causando contração dos alvéolos e a conseqüente descida do leite, facilitando assim a retirada do leite e de secreções de casos de mastite. O racional de se realizar ordenhas freqüente em vacas com mastite clínica é remoção de secreções, patógenos, toxinas e mediadores inflamatórios que estão dentro do quarto afetado. Muitas vezes estas duas estratégias são empregadas de forma conjunta. Ainda que exista uma lógica no uso de ocitocina e ordenhas freqüentes, não existem evidências científicas para validar esta recomendação e em alguns casos, o seu emprego pode até ser prejudicial. Por exemplo, quando a ocitocina foi empregada em conjunto ordenhas freqüentes e a antibioticoterapia uma vez ao dia a taxa de cura foi menor, apontando o efeito adverso nesta situação. Alguns estudos, tanto em situação experimental quanto em trabalhos realizados a campo, não demonstram efeito benéfico da ocitocina e do aumento de freqüência de ordenha na melhoria das taxas de cura de mastite clínica, quando aplicados de forma isolada. No entanto, nas situações em que a vaca claramente não apresenta a ejeção do leite de forma adequada, o emprego da ocitocina é recomendado.

Fonte: Encontro Anual do Conselho de Mastite dos EUA, p.13-23, 2004.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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THIAGO

MORRINHOS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 24/07/2011

Ola Marcos,


em relação a mastite queria saber porque o ceftiofur nao é indicado para solucionar esse problema, tendo ele predileção por areas inflamadas devido sua molecula ser pequena facilitando sua permeabilidade em locais onde a inflamação aumenta a capilaridade?

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