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Meta-análise confirma a eficácia de protocolos de tratamento seletivo para mastite clínica em vacas leiteiras

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 08/08/2023

4 MIN DE LEITURA

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O uso responsável de antibióticos na produção de leite é um desafio para toda cadeia produtiva, uma vez que produtores, laticínios e consumidores são diretamente afetados. O uso excessivo de antibióticos pode levar ao desenvolvimento de resistência antimicrobiana,  o que é uma preocupação crescente tanto na saúde humana quanto na animal.

Não há uma solução única para este desafio, mas a aplicação de programas de controle para reduzir a prevalência da mastite nas fazendas, associada com a adoção de protocolos de tratamento seletivo da mastite clínica, pode ajudar a reduzir o uso de antimicrobianos e, portanto, contribuir para a prevenção da resistência antimicrobiana.

O tratamento convencional da mastite clínica é baseado no uso de antibióticos intramamários (com ou sem o uso conjunto de antibióticos injetáveis) de TODOS os casos clínicos, sendo recomendado o início imediato após o diagnóstico da mastite clínica.  No entanto, nem todos os casos de mastite clínica leve ou moderada requerem tratamento com antibiótico, pois em cerca de 50% dos casos não há identificação de agentes causadores ou as bactérias isoladas (p.ex., Escherichia coli) têm alta chance de cura espontânea, sem o uso de antibióticos.

Com base nestas informações, o tratamento seletivo da mastite tem sido recomendado como opção de protocolo de tratamento, levando-se em consideração as seguintes informações sobre a vaca afetada:

  • gravidade do caso clínico;
  • histórico de mastite clínica da vaca;
  • diagnóstico da causa da mastite clínica.

De forma resumida, no tratamento seletivo de mastite, após o diagnóstico, é feita a avaliação da gravidade da mastite clínica. Os casos graves devem ser tratados imediatamente, enquanto os casos leves e moderados podem aguardar a realização da cultura na fazenda (cerca de 24 horas), para a identificar a causa da mastite. Outro critério que pode ser usado para reduzir o uso de antibióticos é o histórico de mastite clínica da vaca.

Por exemplo, nas vacas com mastite crônica e com mais de 3 casos de mastite clínica no mesmo quarto, recomenda-se a secagem permanente do quarto mamário ou o descarte da vaca, pois o uso de antibiótico tem baixa chance de aumentar a cura. Finalmente, com o resultado da cultura na fazenda, as vacas com casos clínicos sem isolamento (negativos) ou com isolamento de E. coli, podem ser tratadas somente com anti-inflamatório não esteroidal e aguardar a cura clínica, que geralmente ocorrem em 2-3 dias após o início dos sintomas em cerca de 85 a 95% dos casos.

Nas vacas com isolamento de bactérias Gram-positivas (exemplos de estafilococos, estreptococos) e quando houver contaminação da amostra, recomenda-se o tratamento com antibióticos intramamários, de acordo com o protocolo da fazenda.

Uma das principais dúvidas de produtores e técnicos é se esse tratamento seletivo pode trazer prejuízos para a saúde do úbere e se há riscos em relação ao futuro da lactação da vaca. Para responder esta questão, foi publicada recentemente uma revisão sistemática de estudos sobre a eficácia do tratamento seletivo da mastite clínica (TSMC) com base nos resultados da cultura na fazenda em comparação com o tratamento convencional de todos os casos com antimicrobianos.

A revisão abrangeu 13 estudos, que totalizaram dados de 97 fazendas, nos quais os protocolos de tratamento de mastite foram comparados em relação à cura clínica, cura bacteriológica, contagem de células somáticas (CCS), produção de leite, recorrência e descarte.

Os resultados desta meta-análise indicam que o tratamento seletivo de mastite clínica leve e moderada não apresenta efeitos negativos nas taxas de cura bacteriológica, CCS, produção de leite, novas infecções, recorrência ou descarte, em comparação com os protocolos de tratamento convencional. Para a cura clínica, observou-se um intervalo ligeiramente mais longo (+0,4 dias) até a cura clínica nas vacas do tratamento seletivo, mas esse resultado foi influenciado pelo uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) apenas nas vacas tratadas seletivamente.

Embora tenha sido observado um intervalo ligeiramente mais longo até a cura clínica no tratamento seletivo, essa diferença pode ser atribuída a diferenças de protocolos de uso de anti-inflamatórios não-esteroidais e de frequência de agentes entre os estudos. 

Esses resultados embasam o uso da cultura na fazenda para orientar o tratamento seletivo com antibióticos, o que pode reduzir o uso desnecessário em casos nos quais o antibiótico não traz benefícios em relação à chance de cura, sem comprometer os resultados de saúde da glândula mamária.

A meta-análise não encontrou diferenças significativas nas novas IIM, CCS, produção de leite, recorrência ou descarte entre os dois protocolos de tratamento de mastite clínica. Isso sugere que os protocolos de tratamento seletivo não comprometem os resultados de saúde e do desempenho geral das vacas, no entanto há claramente o benefício do uso mais responsável de antibióticos e redução de custos do tratamento.

No entanto, é importante considerar alguns fatores ao implementar protocolos de tratamento seletivo. Esses fatores incluem a necessidade de trabalho adicional para realizar a cultura na fazenda, acesso aos diagnósticos rápidos na própria fazenda e a redução esperada no uso de antibióticos e dos custos de tratamento. Esses fatores devem ser considerados pelos produtores e técnicos na definição de protocolos de tratamento seletivo.

 

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Fonte: de Jong, Ellen, et al. Journal of Dairy Science, 1267-1286, (2022). Artigo na íntegra: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022030222007330

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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