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Origens e causas de altas contagens bacterianas no leite cru - Parte 2/2

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 26/09/2002

5 MIN DE LEITURA

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Equipamento de ordenha com fonte de contaminação do leite

A superfície de contato do equipamento de ordenha e do tanque de expansão com o leite pode ser um dos principais fatores que influencia a CBT do leite. Os resíduos de leite que ficam em contato com o equipamento de ordenha fornecem condições para a multiplicação de uma variedade de microrganismos, formando os biofilmes. Todavia, os microrganismos de origem de infecções intramamárias não apresentam boa capacidade de multiplicação em resíduos de leite ou durante a armazenagem do leite resfriado. Desta forma, a multiplicação microbiana nas superfícies do equipamento de ordenha são mais intensas para bactérias de origem do ambiente da vaca (cama, solo, lama, esterco) e da água usada para a limpeza, a qual pode ser uma importante fonte de microrganismos psicrotróficos (Santos e Laranja da Fonseca, 2001).

Considerando que o equipamento de ordenha é uma fonte importante de contaminação do leite, os procedimentos de limpeza e higienização irão influenciar diretamente o nível de contaminação microbiana do leite, e, certamente, podem selecionar grupos específicos de microrganismos. Por exemplo, os microrganismos termodúricos podem se aderir às superfícies do equipamento, mangueiras e conexões e resistir ao uso de água quente durante a limpeza. Caso sobrem resíduos de leite, estes microrganismos sobreviventes podem se multiplicar de forma lenta, aumentando assim a contaminação. As mangueiras e outras partes de borracha que não são trocadas freqüentemente, com uso prolongado apresentam rachaduras e fissuras, onde ocorre acúmulo de resíduos de leite e intensa multiplicação microbiana ao longo do tempo, principalmente de psicrotróficos, que afetam diretamente a CBT do leite.

Procedimentos de limpeza inadequados, como o uso de temperaturas abaixo do recomendado e/ou baixa concentração de detergentes resultam em intenso acúmulo de resíduos e de microrganismos, gerando elevadas contaminações do leite.

Influência do tempo e da temperatura de armazenamento sobre a contaminação do leite

A utilização da refrigeração como medida para manutenção da qualidade do leite após a ordenha tem sido uma das técnicas mais utilizadas para aumentar o tempo de armazenagem do leite e derivados. Desta forma, a medida que tem causado maior impacto na qualidade do leite produzido ao nível de fazenda é a adoção do resfriamento imediato do leite após a ordenha em temperaturas de aproximadamente 4ºC, com o uso de tanques de expansão. A refrigeração do leite na própria fazenda apresenta inúmeras vantagens, em especial com relação à redução de custos de coleta de leite e pelo aumento da vida útil e qualidade dos produtos derivados.

A temperatura de armazenamento é o principal fator determinante da velocidade de crescimento bacteriano. No leite não refrigerado (25-30ºC), os principais microrganismos predominantes são estreptococos e coliformes, que provocam acidificação do leite pelo acúmulo de ácido lático, resultante da fermentação da lactose. Com o uso de equipamentos para refrigeração do leite, tem-se o predomínio de bactérias psicrotróficas, que apresentam capacidade de crescimento em baixas temperaturas. Para minimizar a deterioração do leite armazenado pela ação bacteriana é necessário que a temperatura do leite seja mantida abaixo 4-5ºC.

O resfriamento do leite após a ordenha deve ser o mais rápido possível, para minimizar a multiplicação da contaminação microbiana inicial do leite. Quanto maior o tempo de armazenamento do leite resfriado, maiores as chances de multiplicação microbiana, em especial dos microrganismos psicrotróficos. Geralmente, esta microbiota se torna predominante no leite resfriado após 2-3 dias, uma vez que, em condições de refrigeração, este grupo de bactérias mantém a sua capacidade de multiplicação. Por outro lado, em condições de resfriamento inadequado (temperatura acima de 7oC), outros tipos de microrganismos são capazes de multiplicação no leite e desta forma, tendem a predominar no leite. Nestas condições, o tipo de microrganismo predominante depende da microbiota presente na contaminação inicial do leite.

Uma importante característica dos psicrotróficos comumente encontrados no leite e produtos derivados é a sua capacidade de síntese de enzimas extracelulares que degradam os componentes do leite. Mais de 70% dos isolamentos de P. Fluorescens apresentam tanto atividade proteolítica como lipolítica. Ainda que durante a pasteurização do leite a grande maioria dos psicrotróficos seja destruída, este tratamento térmico tem pouco efeito sobre a atividade das enzimas produzidas por estes microrganismos, sendo consideradas enzimas termoresistentes (Santos e Laranja-da-Fonseca, 2001).

Uma ampla gama de problemas de qualidade de produtos lácteos pode estar associada à ação de proteases e lipases de origem microbiana, como: alteração de sabor e odor do leite, perda de consistência na formação do coágulo para fabricação de queijo e gelatinização do leite longa vida.

Referências consultadas:

1. Bramley, A.J. 1982. Sources of Streptococcus uberis in the dairy herd I. Isolation from bovine feces and from straw bedding of cattle. J. Dairy Res. 49:369.
2. Bramley, A.J., C.H. McKinnon, R.T. Staker and D.L. Simpkin. 1984. The effect of udder infection on the bacterial flora of the bulk milk of ten dairy herds. J. Appl. Bacteriol. 57:317.
3. Cousin, C. M., Bramley, A. J. The microbiology of raw milk. In Dairy Microbiology. Vol 1: The microbiology of Milk. p.119-163. R.K. Robinson. London: Applied Science, 1981.
4. Galton, D.M., R.W. L.G. Petersson, W.G. Merrill, D.K. Bandler, and D.E. Shuster. 1984. Effects of premilking udder preparation on bacterial counts, sediment and iodine residue in milk. J. Dairy Sci. 67:2580.
5. Gonzalez, R.N., D.E. Jasper, R.B. Busnell, and T.B. Farber. 1986. Relationship between mastitis pathogen numbers in bulk tank milk and bovine udder infections. J. Amer. Vet. Med. Assoc. 189:442.
6. Hogan, J.S., K.L. Smith, K.H. Hoblet, D.A. Todhunter, P.S. Schoenberger, W.D. Hueston, D.E. Pritchard, G.L. Bowman, L.E. Heider, B.L. Brockett and H.R. Conrad. 1989. Bacterial counts in bedding materials used on nine commercial dairies. J. Dairy Sci. 72:250.
7. Jeffrey, D.C. and J. Wilson. 1987. Effect of mastitis-related bacteria on the total bacteria counts of bulk milk supplies. J. Soc. Dairy Technol. 40(2):23.
8. Kurweil, R., and M. Busse. 1973. Total count and microflora of freshly drawn milk. Milchwissenschaft 28:427.
9. Pankey, J.W. 1989. Premilking udder hygiene. J. Dairy Sci. 72:1308.
10. Santos-MV; Laranja da Fonseca-LF. Importância e efeito de bactérias psicrotróficas sobre a qualidade do leite. Higiene-Alimentar. 15:82, p. 13-19, 2001.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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