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Mastite causada por Corynebacterium spp. é um problema?

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E JULIANO LEONEL GONÇALVES

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 05/04/2013

4 MIN DE LEITURA

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Juliano Leonel Gonçalves* e Marcos Veiga dos Santos

A mastite é a doença que mais causa prejuízos na bovinocultura leiteira, pois afeta a produção e a qualidade do leite em rebanhos leiteiros, além de reduzir o rendimento industrial dos derivados lácteos. Patógenos secundários, em especial, Corynebacterium spp. e Staphylococcus coagulase-negativa (SCN) têm se tornado os agentes causadores de mastite mais predominante no Brasil e em diversos países.

Conhecendo Corynebacterium spp.

C. bovis
é a espécie mais prevalente dentre as demais espécies do gênero Corynebacterium spp. Um dos pontos de maior controvérsia quanto ao C. bovis é sobre o seu papel na dinâmica das infecções intramamárias (IIM). A partir da década de 70, foi levantada a hipótese de que o C. bovis poderia apresentar uma função protetora na glândula mamária contra outros agentes causadores de mastite. No entanto, a literatura científica sobre o assunto produziu resultados controversos. Alguns estudos iniciais baseados em infecção experimental indicaram que os quartos infectados com C. bovis apresentavam menores riscos de infecção causada por S. aureus. No entanto, não foi demonstrado o mesmo efeito protetor contra outros agentes, tais como S. uberis e S. agalactiae. Estudos posteriores demonstraram que havia efeito protetor em quartos infectados por C. bovis para os agentes principais da mastite (S. uberis, S. agalactiae e S. aureus). Tais resultados, no entanto, foram contestados por estudos que demonstraram que quartos infectados com C. bovis foram aproximadamente 8,5 vezes mais suscetíveis à infecção por Streptococcus agalactiae que quartos sadios. Os resultados sugeriram que quartos com IIM causada por C. bovis foram mais predispostos à infecção causada por estreptococos ambientais, S. aureus e S. agalactiae, o que confirma a controvérsia em torno do papel protetor deste agente na saúde da glândula mamária

Em geral, Corynebacterium spp. é considerado um patógeno secundário que infecta principalmente vacas durante a lactação, sem apresentar sinais clínicos e com aumentos moderados na CCS. Em geral, a mastite pode caracterizada por sinais clínicos leves e de pouca alteração na constituição físico-química do leite. Por outro lado, este agente já foi isolado em casos de mastite clínica persistente, e por isso, sendo responsável por alterações da CCS.

As pesquisas mais recentes sobre este tema objetivam quantificar os danos causados por este patógeno. Ou seja, uma infecção intramamária causada por Corynebacterium spp. é um problema? Este agente microbiano interfere na contagem de células somáticas (CCS), na produção e composição do leite?

Um estudo recente, realizado na FMVZ-USP, identificou por meio de técnicas de biologia molecular as principais cepas de Corynebacterium spp. envolvidas na mastite subclínica. Estes pesquisadores relacionaram os resultados da identificação de alta sensibilidade com um sistema que permitiu coletar todo o leite produzido individualmente por cada quarto mamário. A principal diferença deste sistema de coleta foi que as vacas foram ordenhadas individualmente por quarto mamário, o que possibilitou a comparação de quartos mamários contralaterais (de um mesmo animal, Figura 1) sadios e infectados por Corynebacterium spp. Este procedimento permitiu a avaliação do efeito da mastite causada por Corynebacterium spp. sobre o teor de gordura, proteína bruta, lactose, caseína, extrato seco total, extrato seco desengordurado do leite e contagem de células somáticas (CCS).


Figura 1 – Representação dos quartos mamários contralateriais

Neste estudo, foram selecionados quartos contralaterais (n=92, 46 pares) com IIM por Corynebacterium bovis. A CCS mensurada em células por mililitro apresentou diferença significativa (P=0,01), entre a CCS para os quartos infectados (194.000 céls/mL) e sadios (81.000 céls/mL). Apesar de diferença significativa, a média da CCS de quartos contralaterais infectados apresentou-se abaixo do limiar padrão para quartos considerados sadios (<200.000 céls/mL). Não houve efeito de Corynebacterium bovis sobre a produção de leite, gordura, proteína, caseína, lactose, sólidos totais e extrato seco desengordurado.

Além disso, foram identificadas cinco espécies de Corynebacterium, além de C. bovis, dentre os 46 pares de quartos contralaterais avaliados, os quais totalizaram 11 quartos (23,91%). Estas outras espécies apresentaram, isoladamente, CCS média de 254.000 céls/mL, e foram responsáveis por um aumento de 31% na média geral de CCS.

Controle e tratamento da mastite por Corynebacterium spp.


C. bovis coloniza o canal do teto de vacas leiteiras e tem sido usado como um indicador de higiene no momento da ordenha. Em fazendas onde a desinfecção dos tetos pós-ordenha não é prática de rotina, C. bovis pode ser isolado em mais que 60% dos quartos amostrados. Por isso, em rebanhos nos quais as medidas de controle de mastite contagiosa não foram corretamente aplicadas observou-se alta prevalência de Corynebacterium spp.

Durante a lactação não se recomenda o tratamento dos casos subclínicos causados por Corynebacterium spp. Em termos de controle para eliminação de infecções subclínicas causadas por C. bovis, além da desinfecção dos tetos após a ordenha, a terapia da vaca seca tem a mesma importância.

Desse modo, de acordo com recentes resultados de pesquisa, Corynebacterium bovis deve ser considerado como um patógeno secundário, pois a média da CCS manteve-se dentro do limite normal para quartos mamários sadios. Além disso, a IIM causada por Corynebacterium spp. não alterou a produção e nem a composição do leite. Entretanto, os resultados sugeriram a necessidade de se avaliar as demais espécies de Corynebacterium, além de C. bovis, quanto ao efeito na CCS, produção e composição do leite, fato que não foi possível de se avaliar devido ao baixo percentual encontrado destas diferentes espécies.

Fonte: GONÇALVES, J. L. Produção e composição do leite de vacas com mastite causada por Corynebacterium spp. 2012. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2012.

*Juliano Leonel Gonçalves é Médico Veterinário e estudante de doutorado em Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

JULIANO LEONEL GONÇALVES

Professor contratado do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP)

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MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 04/10/2013

Para os interessados no assunto, o novo curso online "Aumente o lucro pelo controle e prevenção da Mastite Bovina" abordará o impacto econômico da mastite no rebanho e como diminuir os gastos com o tratamento.

Além disto, serão fornecidas informações necessárias para diferenciar mastite ambiental e contagiosa, adotando a melhor forma de prevenção.

O instrutor do curso é o autor deste artigo, Marcos Veiga. Aproveite para tirar suas dúvidas direto com o instrutor no fórum e conferência online do curso.

O curso terá início dia 05/11 e as inscrições já estão abertas no site: https://www.agripoint.com.br/curso/mastite/
FLAVIO SUGUIMOTO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2013

Complementando o comentário do Prof.Dr. Marcos Veiga, junto com a cultura seria interessante já pedir o antibiograma. Assim já teria identificado o agente causador e a sensibilidade aos principais antibióticos do mercado.

O que costumamos fazer aqui é caso no antibiograma de mais que um tipo de antibiótico, combinar injetável + intramamário com principios complementares.

Aumentar o tratamento, realizando CMTs para avaliar o andamento do mesmo também é importante nesses casos.

Vale também lembrar, que em casos de Staphylococcus aureus combinamos no tratamento também a vacina.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 24/04/2013

Prezado Olímpio, minha sugestão é que seja coletada amostra de leite para realização da cultura microbiológica e identificação do agente causador da mastite. Em alguns casos (e acredito que esta seja a situação), a mastite torna-se crônica e não apresenta resposta e nenhum tratamento. Neste caso, quando não há resposta aos tratamentos, mesmo após uma secagem, a recomendação seria identificar o agente causador, e dependendo o resultado, pode-se secar permanentemente o quarto ou descartar a vaca.

Atenciosamente, Marcos Veiga
OLÍMPIO GOMES AGUIAR

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2013

Prezado Marcos Veiga, estou com um animal que persiste com mamite desde a lactação anterior, naquela ocasião secamos o quarto infectado pois tentamos a combinação de vários medicamentos sem sucesso. Agora recém-parida voltou a apresentar mamite novamente, fizemos dois tratamentos sem sucesso. O que fazer nesses casos? Que tipo de bactéria resistente é essa? A mamite apresenta no quarto anterior esquerdo e só aparece um pouco de grumo no início. Pela atenção obrigado e parabéns por dedicar em um assunto tão importante da atividade leiteira.
CHRISTIE GARCIA BARRETO

CONCEIÇÃO DE MACABU - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/04/2013

Boa noite professor Marcos Veiga, trabalho com um produtor que veio reclamar de alguns animais para mim pois realiza pré e pós dipping, teste da caneca de fundo escuro, papel toalha e esta com umas vacas que não acusam nada no teste da caneca na hora da 1°ordenha e na ordenha da tarde aparece com o teto muito inchado com mastite, não entendo, não deveria acusar no teste da caneca ou mostrar alguma irregularidade na ordenha anterior.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 10/04/2013

Prezado Flávio, a mastite causa alcalinização do leite (aumento de pH) e não leite ácido. O problema identificado no Alizarol deve ter outra origem (deficiências de higiene e/ou refrigeração) ou ainda deficiências nutricionais.

Atenciosamente, Marcos Veiga
JULIANO LEONEL GONÇALVES

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/04/2013

Boa noite Juliana Lawlor,

Obrigado pela participação.

Uma pesquisa recente realizada por Canadenses investigou se a infecção causada por patógenos secundários predispõe novas infecções causadas por patógenos primários. Quartos mamários que tiveram infecção causada por Corynebacterium spp. não apresentaram suscetibilidade a novas infecções por patógenos principais. Entretanto, diversos estudos têm demonstrado que o efeito de IIM por Corynebacterium spp. na predisposição de novas infecções por patógenos principais é de difícil avaliação por depender de diferentes fatores.

Pode ser utilizado o plano de 10 pontos publicado pelo National Mastitis Council (NMC) que descreve as principais estratégias de prevenção a mastite.

Recomendo a leitura do trabalho citado acima: Reyher, K. K., I. R. Dohoo, D. T. Scholl, and G. P. Keefe. 2012. Evaluation of minor pathogen intramammary infection, susceptibility parameters, and somatic cell counts on the development of new intramammary infections with major mastitis pathogens. Journal of dairy science 95(7):3766-3780.
JULIANO LEONEL GONÇALVES

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/04/2013

Boa noite Roberto Manso Leite,
Obrigado pela participação.
Sim, este patógeno tem características contagiosas. Geralmente, o pós-dipping é eficaz como manejo preventivo de novas infecções causadas por Corynebacterium bovis. Entretanto, sempre que possível deve ser adotado segregação dos animais como rotina de manejo, não apenas pela detecção de infecção causada por Corynebacterium bovis, mas devido a pressão de infecção intramamária de outros patógenos, como os primários (ex. Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae).

Muitas pessoas tem nos perguntado sobre os casos de mastite crônica causada por Corynebacterium bovis. Em nossa pesquisa, não avaliamos tais casos. Apenas foram avaliados casos de infecção subclínica causada por Corynebacterium spp.
A literatura científica demonstrou até o presente momento a existência de quatro subtipos de Corynebacterium bovis, os quais não foram relacionados quanto o papel de infecciosidade a glândula mamária. Além disso, é possível que outras espécies de Corynebacterium além de C. bovis, progridam o quadro de mastite subclínica inicial para quadros crônicos. Como existem resultados de estudos que sugerem o tratamento de vacas em lactação apenas para animais infectados por Streptococcus aglactiae, em minha opinião este animal deve passar por um tratamento cauteloso com o uso de antimicrobiano específico (via intramamária) no momento da secagem.
JULIANA LAWLOR

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/04/2013

OLa,
AQui na nova zelandia o ppal patogeno e stafilococo.
Gostaria de saber de saber se ha alguma relacao entre nivel de celulas somaticas atingido em relacao a suceptibilidade de infeccao stafilococica.
Qual a relacao entre producao de leite e suceptibilidade a desenvolver mastite ( boas vacas tem mais mastite?) , oque mais pode ser feito em termso preventivos? (alem de spray de antiseptico)
ROBERTO MANSO LEITE

PINDAMONHANGABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/04/2013

Professor, muito interessante os dados; este patógeno considerado secundário tem características contagiosas e devem ser segregados quando identificados no rebanho?
outra pergunta: tenho identificado este agente em animais crônicos com CCS média acima de 400.000cél/ml, porque seria?
FLAVIO FERREIRA LACERDA

DOURADOS - MATO GROSSO DO SUL

EM 08/04/2013

Bom dia, artigo providencial..., por favor, estou com problema de 05 vacas, o laticinio recusou o leite total das vacas dizendo que estava ÁCIDO, foram lá e fizeram o teste com Alozarol, e constataram a acidez no leite, orientaram meu fincionário a fazer o teste diário e este constatou acidez no leite em 05 vacas,.
O que devo fazer, pois este leite está sendo descartado;
Pode ser mastite????
Como tratar este problçema, podem me ajudar????
O leite ainda é tirado na mão e só deu problema com 05 animais.

grato pela atenção

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