Em grandes rebanhos leiteiros o centro de ordenha é considerado uma das principais limitações para a expansão do número de vacas em produção. Sendo assim, para maximizar os investimentos realizados busca-se o equilíbrio entre eficiência no uso do equipamento, otimização da produção e obtenção de máxima qualidade do leite. Observa-se através de trabalhos de pesquisa que a adequada estimulação pré-ordenha resulta em maiores picos de fluxo de leite e redução do tempo efetivo de ordenha das vacas (tempo em que o conjunto de ordenha está extraindo leite), ainda que muitos rebanhos adotem a prática de eliminar a retirada dos primeiros jatos de leite antes da ordenha (estimulação), buscando por outro lado o máximo desempenho da sala de ordenha.
Fisiologicamente é sabido que a estimulação dos tetos antes da ordenha é essencial para otimizar a extração completa e rápida do leite, pois estimula a liberação de ocitocina e a conseqüente ejeção do leite. Como objetivo geral, recomenda-se que a rotina de ordenha inclua uma boa estimulação dos tetos antes da ordenha de forma a adequar o período de ejeção do leite com o da colocação das unidades de ordenha. Dentre os vários possíveis mecanismos que causam a liberação da ocitocina, a estimulação manual dos tetos é uma das mais eficientes.
O leite armazenado dentro do úbere antes da ordenha é distribuído em dois compartimentos, sendo um composto pelo leite das cisternas e o outro pelo leite dentro dos alvéolos, destacando-se que apenas 20% do leite total está contido nas cisternas, o que significa que os 80% restantes dependem muito do reflexo de ejeção para a sua extração.
Em situações nas quais o tempo de colocação dos conjuntos de ordenha não coincide com aquele da liberação da ocitocina, o movimento do leite do compartimento alveolar para o cisternal é retardado, resultando em aumento do tempo de ordenha e potencial redução da produção daquele animal. Paralelamente, nestes casos pode-se observar um tipo de fluxo de leite durante a ordenha no qual há interrupção temporária, denominada de fluxo bifásico, a qual caracteriza a irregularidade da extração do leite.
Recomenda-se que o período médio entre o início da estimulação dos tetos e da ejeção do leite seja de 50 a 90 segundos. Vacas em início de lactação tendem a apresentar menores intervalos, enquanto aquelas no final de lactação apresentam maiores intervalos. Em resumo, um período médio de 60 segundos entre a estimulação e a colocação das teteiras maximiza a extração de leite e reduz o tempo de ordenha. Uma adequada estimulação associada com a colocação do conjunto de ordenha no tempo correto evita o efeito negativo do alto nível de vácuo na extremidade do teto durante o início e final da ordenha, o que normalmente acontece devido ao baixo fluxo de leite durante estes dois momentos. A boa integridade do canal do teto resulta em maior barreira contra a entrada de patógenos causadores de mastite.
Fonte: Encontro Anual do National Mastitis Council (EUA), p.86-97, 2003.