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Análise de solo interfere no rendimento do milho para ensilagem?

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/09/2021

10 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 05/10/2022

Claro que a análise de solo interfere no rendimento do milho para ensilagem! Parece óbvio e, é mesmo! Você pode parar de ler por aqui ou, se quiser algumas dicas e informações importantes, siga até o final.

Imagine formular uma dieta para animais sem conhecer a composição dos ingredientes e ainda, sem saber ou prever a adequação à demanda nutricional dos animais. Conhecer a composição dos ingredientes da dieta é ter um “diagnóstico” destes componentes. Entender a demanda nutricional dos animais é o próximo passo para elaborar um programa nutricional que atenderá as expectativas de rendimento.

Então quando falamos em análise de solo e rendimento de lavouras de milho para ensilagem a lógica é a mesma: tenha um diagnóstico adequado do solo, entenda as demandas nutricionais da planta e a partir daí execute ações assertivas!

Isto também envolve o lado econômico: direcionar recursos financeiros em produtos e/ou serviços em atividades planejadas sem a presença de um diagnóstico adequado também não é um cenário confortável. 

A cultura do milho é predominante nos sistemas de produção de silagens no Brasil e com o atual cenário de custos relacionados aos insumos para produção é essencial dedicar atenção no uso eficiente de corretivos de solo e fertilizantes a fim de buscar elevadas produtividades de forragem e obter silagens com custos baixos e que viabilizem a adoção da técnica.

A ensilagem é uma importante estratégia para conservação de volumoso suplementar para os períodos de estiagem bem como para composição de dietas para animais confinados e sua viabilidade técnica/econômica está diretamente ligada ao rendimento e produtividade das lavouras.

Vejamos dois cenários de investimentos para produção para 1 hectare de lavoura de milho para ensilagem:

  1.  R$ 6.000,00/ha e produtividade de massa natural de 55 t/ha (com 34% de matéria seca, 18,7 t/ha de MS);
  2. R$ 6.000,00/ha e produtividade de massa natural de 45 t/ha (com 34% de matéria seca, 15,3 t/ha de MS).

Se considerarmos custos de colheita e ensilagem de R$ 500,00/ha, teremos um total de R$ 6.500,00 para ambos os cenários.

Para o cenário 1 a tonelada de matéria natural custará R$ 118,18 e da matéria seca custará R$ 347,59 enquanto para o cenário 2 a tonelada de matéria natural custará R$ 144,44 e da matéria seca custará R$ 424,83.

A diferença parece pouca? Uma vaca leiteira de 450 kg de peso vivo consumindo cerca de 6kg/dia de matéria seca de silagem ou aproximadamente 20kg/dia de matéria natural de silagem, consumirá em 300 dias 6 toneladas de silagem. Considerando a silagem do cenário 1 ela terá consumido o equivalente a R$ 709,08 e se a silagem utilizada for a do cenário 2 ela terá consumido cerca de R$ 866,64; uma diferença de R$ 157,56 (112,5 litros de leite a uma remuneração de R$ 1,40/L).

A produtividade de uma área destinada a produção depende de vários fatores, com destaque para: o potencial genético do híbrido; a capacidade da equipe em planejar e executar ações que envolvem a implantação da cultura, o manejo nutricional, fitossanitário e tratos culturais até a colheita para ensilagem.

Fazendo um detalhamento de alguns dos itens elencados, o potencial genético do híbrido será aproveitado se houverem ótimas condições de cultivo em combinação com condições edafoclimáticas favoráveis. Isto é complementado com outro ponto elencado: o manejo nutricional da cultura.

Um programa de manejo nutricional para a cultura do milho para ensilagem é construído com objetivo de possibilitar ao híbrido a expressão de seu potencial genético e assim, alcançar rendimentos elevados por área. O impacto direto disto é a possibilidade de reduzir custos de produção por unidade de matéria seca de silagem produzida por meio da maximização da eficiência de uso de corretivos e fertilizantes.

E o que isso significa? Significa dizer que o investimento nestes insumos deve ser combinado com ótimas condições de cultivo para que haja conversão no produto final de interesse: a silagem.

Como se constrói um programa de manejo nutricional? Em síntese, equilibrando as expectativas de produtividade com o investimento que será desferido; entendendo a fisiologia da planta e suas relações com o ambiente de produção e conhecendo as propriedades e condições do solo. Então, o conhecimento da situação do solo é parte essencial neste processo.

Como se conhece a situação do solo? Investigando-o.

Essa avaliação é feita por meio de vários procedimentos: se inteirando do histórico da área, visualizando as condições de relevo, verificando se há impedimentos físicos e realizando uma análise químico-granulométrica do solo, a análise de solo.

Quando se envia uma amostra de solo a um laboratório para analisar, o laudo contém:

  • Informações químicas (quantidades de elementos-nutrientes e características químicas do solo);
  • Informações físicas ou granulométricas (porcentagem de areia, silte e argila – definem a textura do solo);
  • Informações sobre matéria orgânica ou carbono orgânico;
  • Cálculos de saturação por nutrientes na capacidade de troca de cátions do solo e relações entre nutrientes.

Enfim, são muitas informações que demandam de conhecimento técnico-científico-prático para interpretação e recomendações.

As informações presentes no laudo são um reflexo da amostra que foi enviada ao laboratório e aqui está uma das principais fontes de erro no processo já que o analista não pode corrigir possíveis erros de amostragem.

Amostras que não representam a real condição do solo levam a dados e informações pouco úteis e que trarão interpretações e recomendações equivocadas. Então, o primeiro ponto de atenção é a amostragem do solo, a coleta de solo de amostras que sejam representativas da condição/área que se deseja analisar.

Uma amostragem adequada deve seguir os seguintes procedimentos:

  • Divisão da área em glebas ou talhões homogêneos quanto ao relevo ou condição topográfica, ao histórico de uso ou uso anterior e informações que podem ser visualizadas na área que a diferencie de outras áreas (drenagem, cor do solo, vegetação, textura sensível ao toque, etc.);
     
  • Coleta de solo em ao menos 15 a 20 pontos por talhão ou gleba (subamostras ou amostras simples) em pontos definidos por um caminhamento em em zigue-zaque na área (Figura 1), para coleta podem ser utilizados trados, brocas ou perfuradores de solo manuais ou acoplados a equipamentos motorizados ou hidráulicos;
     
  • As amostras simples deverão ser coletadas na profundidade de 0 a 20cm e em quantidades similares, todavia, em condições específicas (como áreas de abertura em que se deseja fazer um diagnóstico inicial mais detalhado) pode-se coletar na camada de 20 a 40cm ou até mesmo estratificar a camada de 0 a 20cm;
     
  • A junção das subamostras (amostras simples) formará a amostra composta que será enviada ao laboratório para análise, esse procedimento deve ser realizado anualmente para embasar o programa nutricional de lavouras de milho para ensilagem.

coleta de solo

O próximo passo será interpretar os resultados presentas na análise de solo utilizando manuais de recomendação adaptados e indicados para cada região. Esta etapa é tão importante quanto a amostragem, a coleta de solo e a própria análise laboratorial pois concretiza o processo e o programa de adubação.

Uma recomendação de correção do solo e adubações deve considerar os resultados da análise de solo, o conhecimento das demandas nutricionais da cultura e o objetivo do sistema de produção.

Por exemplo: uma lavoura de milho para ensilagem exige maiores quantidades aplicadas de nutrientes em comparação com uma lavoura de milho para grãos de mesmo nível tecnológico.

O milho com a finalidade de produção de silagem deve ser conduzido de forma diferenciada às recomendações para produção de grãos, pois além dos grãos, a parte vegetativa é cortada e removida do campo antes que a cultura complete o seu ciclo, fazendo com que a maior parte dos nutrientes que foram extraídos do solo sejam exportados da área de cultivo. Isto pode causar desbalanço de nutrientes e “empobrecimento” rápido do solo, tendo como consequência a queda de produtividade e baixa qualidade da silagem em cultivos posteriores.

Outra consideração importante é que para a planta extrair o que demanda é preciso que o teor de nutrientes no solo esteja adequado, além de conhecer e entender a demanda nutricional da cultura.

Os cultivos para ensilagem devem extrair do solo, em ordem decrescente, maiores quantidades de nitrogênio (N) e potássio (K), seguidos por cálcio (Ca), magnésio (Mg) e fósforo (P) (JAREMTCHUK et al., 2006; UENO et al., 2011).Neste contexto tem-se observado recomendações de adubações com N na ordem de 10 a 12 kg/ha de N para cada tonelada de matéria seca (MS) esperada na produção para silagem.

Por exemplo: se a produtividade esperada for de 15 t/ha de MS (equivalente a cerca de 45 t/ha de matéria natural com 33% de MS na forragem), a adubação nitrogenada deve ser programada para atingir entre 150 e 180 kg/ha de N (MARTIN et al., 2011).

Para Ca, Mg e K as recomendações atuais circulam na faixa de 60% de ocupação da CTC com Ca, 13 a 15% com Mg e 5% com K, considerando uma adequada relação entre estes nutrientes na ordem de 9/3/1. Para tal, a saturação por bases desejada na correção da acidez do solo deve ficar por volta de 60 a 70% (CARDOSO & REIS, 2021). Vale destacar que a fim de manter equilíbrio na relação entre Ca e Mg deve-se ter cuidado e critério na escolha do tipo de calcário (dolomítico, calcítico ou magnesiano).

Outro aspecto importante é os reflexos do programa nutricional (correção do solo e adubações) sobre a qualidade das silagens de milho.

O grão é um componente da silagem de milho de grande atenção já que deve conter cerca de 72% de amido, 9,5% PB e 9% FDN (PAES, 2006), sendo o principal responsável pelo poder energético deste alimento devendo compor de 40 a 50% na MS da forragem ensilada (BASI et al., 2011). Para que isto seja alcançado a planta precisa passar pelo seu crescimento vegetativo em condições ótimas, já que a produção de grãos e acúmulo de amido dependem da capacidade fotossintética da planta, diretamente relacionada com o fornecimento de N para o cultivo.

Além de efeitos na participação de grãos nas silagens de milho, programas adequados de nutrição dos cultivos podem refletir positivamente sobre teores de proteína bruta (PB), menores teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e maior digestibilidade da FDN (NEUMANN et al., 2005). Todavia, essas respostas são variáveis visto à enorme gama de cultivares disponíveis no mercado e à heterogeneidade das condições de cultivo.

Vale a pena investir tempo e recursos para um adequado levantamento das condições de solo por meio da amostragem e análise, é essencial interpretações coerentes para recomendações de correção e adubações assertivas no intuito de potencializar a produtividade das lavouras de milho para ensilagem e obtê-las no mais alto valor nutricional possível.

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Autores

Rafael Henrique P. dos Reis - Engenheiro Agrônomo, D.Sc, Professor do Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste
Dayenne Mariane Herrera - Engenheira Agrônoma, M.Sc. Doutoranda em Agricultura Tropical – Universidade Federal de Mato Grosso
Eny Karoliny Tavares Neckel - Graduanda em Engenharia Agronômica - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste
Letícia Vieira Rossi - Graduanda em Engenharia Agronômica - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste


Referências citadas

BASI, S.; NEUMANN, M.; MARAFON, F.; UENO, R.K.; SANDINI, I.E. Influência da adubação nitrogenada sobre a qualidade da silagem de milho. Revista Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências Agrárias, v. 4, n.3, p.219-234, 2011.

CARDOSO, D.A.D.B.; REIS, R.H.P. Lavouras e Cultivos Agrícolas de Milho e Sorgo para Ensilagem. SilagemBR – Podcast e Canal no YouTube, Temporada 1, 06 de agosto de 2021. Entrevistado: Dimas Antonio Del Bosco Cardoso. Entrevistador: Rafael Henrique Pereira dos Reis. Disponível em: https://youtu.be/tuI8lDxZ6NU. Acesso em: 30/08/2021.

JAREMTHUK, A.R.; COSTA, C.; MEIRELLES, P.R.L.; GONÇALVES, H.C.; OSTRENSKY, A.; KOSLOWSKI, L.A.; MADEIRA, H.M.F. Produção, composição bromatológica e extração de potássio pela planta de milho para silagem colhida em duas alturas de corte. Acta Scientiarum Agronomy, v.28, n.3, p.351-357, 2006.

MARTIN, T.N.; PAVINATO, P.S.; SILVA, M.R.; ORTIZ, S.; BERTONCELI. Fluxo de nutrientes em ecossistemas de produção de forragens conservadas. In: Anais do IV In: Anais do Simpósio sobre produção e utilização de forragens conservadas, Maringá. 2011. p.319. p.173-219.

NEUMANN, M.; SANDINI, I.E.; LUSTOSA, S.P.C.; OST, P.R.; ROMANO, M.A.; FALBO, M.K.; PANSERA, E.R. Rendimentos e componentes de produção da planta de milho (Zea mays L.) para silagem, em função de níveis de adubação nitrogenada em cobertura. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.4, n.3, p. 418-427, 2005.

PAES, M. C. D. Aspectos físicos, químicos e tecnológicos do grão de milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2006, 6p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 75).

UENO, R.K.; NEUMANN, M.; MARAFON, F.; BASI, S.; ROSÁRIO, J.G. Dinâmica dos nutrientes do solo em áreas destinadas à produção de milho para forragem. Revista Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências Agrárias, v.4, n.1, p.182-203, 2011.

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