É curioso observar que a avaliação do escore de locomoção, apesar de simples, barata e rápida, não é uma ferramenta utilizada no dia-a-dia dos rebanhos no Brasil. Após certo período de contato com os rebanhos leiteiros na Europa, pude notar que a técnica faz parte do manejo trivial dos rebanhos, tanto quanto o Escore da Condição Corporal.
O escore de locomoção oferece um índice qualitativo do conforto da vaca durante a locomoção. Os principais objetivos da técnica são favorecer o diagnóstico precoce, facilitar a determinação dos casos que merecem exame clínico imediato e determinar, em linhas gerais, o grau de comprometimento do sistema locomotor dos animais do rebanho (indicando a dimensão do problema).
As maiores vantagens da técnica são a facilidade de sua implementação, o reduzido custo e a leitura imediata do estado geral do sistema locomotor do rebanho. Um bom exemplo é o Escore da Condição Corporal, que há muitos anos faz parte do manejo diário das fazendas leiteiras. De uma forma simples e barata o Escore da Condição Corporal oferece uma informação atualizada sobre o rebanho. Na maioria das vezes, este escore já é avaliado automaticamente, basta olhar para o rebanho, e o ECC já estará sendo determinado. Este também deve o intuito da utilização do Escore de Locomoção, basta olhar os animais em locomoção e em, poucos segundos, já iremos ter uma noção do comprometimento do sistema locomotor no rebanho. Basta conhecer a técnica de avaliação.
O Escore da Locomoção varia de 1 a 5, o escore 1 corresponde a uma vaca que caminha normalmente, sem desconforto e o escore 5 corresponde a uma vaca com intensa claudicação, incapaz de apoiar sobre um dos membros. Ao avaliar um animal em locomoção não observe apenas os membros, mas note também o posicionamento da coluna, que reflete o grau de desconforto e a dificuldade do animal para apoiar o seu peso sobre os membros. A tabela 1 apresenta os principais indicadores para a avaliação de cada escore de locomoção.
Tabela 1- Classificando o escore de locomoção
Em linhas gerais, considera-se animais com escore de locomoção 2 e 3 portadores de lesões iniciais ou crônicas no casco, e animais com escore de locomoção 4 e 5 portadores de lesões graves e que merecem exame clinico e avaliação sobre o tratamento. Esta simples triagem dos animais com claudicação já compensa o uso da técnica no manejo do rebanho.
Didaticamente, recomenda-se realizar a avaliação do escore de locomoção, em todo o rebanho, uma vez por mês. Deve-se, observar os animais durante a locomoção espontânea, em uma área plana e com um piso sem irregularidades. Na prática, o mais importante é que os funcionários sejam treinados para utilizar a técnica. Com algumas semanas de treinamento e detalhamento da técnica de avaliação fica muito simples realizar o monitoramento do escore de locomoção e voltar a atenção dos funcionários para o comportamento dos animais durante a locomoção.
O escore de locomoção avaliado rotineiramente em um rebanho, poderá auxiliar a identificação de novos casos, favorecendo o rápido tratamento, e também poderá ser um indicador de mudanças no manejo, ou seja, evidenciar o impacto de alterações na dieta ou na instalação sobre o sistema locomotor. O uso do escore de locomoção não se trata de acrescentar mais um índice complexo que irá acarretar maior manipulação de dados. Trata-se de uma avaliação simples, que oferece uma informação importante, que volta a atenção para o sistema locomotor dos animais e não acarreta custo e manejo extra.
Fonte:
ROBINSON, P. Locomotion scoring cows. 2001.
https://www.availa4.com/locomotion - acessado em 20/04/2008