ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Porque o BVDV causa uma doença tão complexa?

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2003

3 MIN DE LEITURA

1
0

O vírus da Diarréia Viral Bovina está amplamente difundido nos rebanhos de todo o mundo. Mas, não é apenas você que acha a infecção causada pelo BVDV (vírus da Diarréia Viral Bovina) uma doença confusa e difícil de ser clinicamente identificada no rebanho. Um recente artigo de uma revista de grande penetração entre os produtores e técnicos associados à bovinocultura nos EUA e América Latina, também destacou a BVDV como uma doença preocupante devido aos prejuízos que causa e devido à dificuldade em entendê-la claramente, citando ainda a seguinte frase "o BVDV confunde os produtores, dribla os pesquisadores e frustra os laboratórios".

A polêmica começa pelo próprio nome da enfermidade, que destaca o termo diarréia. Apesar de constituir um dos sinais clínicos da doença, a diarréia não é o sintoma mais prevalente. A infecção ocasionada pelo BVDV causa com maior freqüência distúrbios no trato reprodutivo, imunodepressão e distúrbios respiratórios. Na realidade, o BVDV está associado a uma grande variedade de manifestações clínicas que incluem desde infecções subclínicas até enfermidades fatais, como a Doença das Mucosas. Outro ponto curioso relativo ao nome da doença refere-se ao termo "bovina", pois a doença não está limitada apenas aos bovinos, afetando suínos e outros animais domésticos.

Uma característica marcante do BVDV, e que também contribui para dificultar sua identificação, é a grande diversidade antigênica encontrada entre isolados de campo do patógeno. No Brasil, estudos também detectaram uma ampla diversidade antigênica, fato que tem dificultado a obtenção de um espectro satisfatório de proteção através da vacinação e estratégias de imunização.

Outra importante característica da doença que compromete ainda mais seu controle é a existência dos animais PI (persistentemente infectados e imunotolerantes ao vírus). O nascimento de animais PI é resultante da infecção transplacentária com amostras não-citopatogênicas, entre os dias 40 e 120 de gestação. Após o nascimento, estes animais têm a capacidade de replicar e excretar o vírus durante toda a vida, constituindo-se no principal reservatório do vírus e fonte de infecção para animais sadios. A introdução de um animal PI em um rebanho livre da BVDV representa um sério problema de biosegurança.

Alguns animais PI podem apresentar defeitos congênitos, colaborando para a suspeita da doença; enquanto outros animais são perfeitamente normais. Quando um animal PI é infectado com BVDV citopatogênico, poderá apresentar a Diarréia das Mucosas, uma forma fatal do BVDV.

As conseqüências da contaminação durante a gestação irão depender de algumas variáveis, tais como a idade do feto no momento da contaminação e o biótipo do vírus infectante.
Tabela 1- Período da gestação no qual ocorre a contaminação com o BVDV e suas conseqüências
 

 


Em meio a tantas características que contribuem para dificultar o diagnóstico, o que pode ser feito na rotina diária de um rebanho leiteiro para tornar esta doença menos complexa? Uma premissa básica é estar consciente que para controlar uma doença não existem milagres. A conduta mais indicada abrange a realização de exames laboratoriais, identificação de animais PI e a avaliação de um programa de vacinação. Todavia, um manejo desorganizado e a falta da coleta de dados e índices do rebanho irão contribuir para a manutenção da doença. Um bom levantamento de índices auxilia o produtor e o técnico a suspeitar da doença, e com base nesta suspeita, devem ser realizados os testes laboratoriais para diagnosticar a enfermidade. Sem um bom acompanhamento dos índices do rebanho o produtor poderá considerar as baixas taxas de concepção, abortos e perda de bezerros como dentro de um limite aceitável e não irá desconfiar que estes fatores já podem ser indícios do BVDV.

Caso exista a suspeita da ocorrência do BVDV no rebanho, o próximo passo é a realização dos exames para o diagnóstico da doença. Os métodos de diagnóstico, testes para triagem, suas características e os materiais que devem ser enviados ao laboratório serão abordados no próximo artigo.

Fonte:

BROWNLIE, J. Bovine virus diarrhoea virus: pathogenesis and control. In: WORLD BUIATRICS CONGRESS, 22, Hannover, 2002. Proceedings p.25-30.
Hoard's Dairyman, Outubro / Novembro / Dezembro, 2002 e Janeiro de 2003.
FLORES, E.F. et al. Diversidade antigênica de amostras do vírus da diarréia viral bovina isoladas no Brasil: implicações para o diagnóstico e estratégias de imunização. Arq. Bras. Méd. Vet. Zootec. v.52, p.11-17, 2000.
BRUM, M.C.S. et al. Proteção fetal frente a desafio com o vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV) em ovelhas imunizadas com duas amostras de vírus modificadas experimentalmente. . Pesq. Vet. Bras. v.22, p.64-72, 2002.
SCHERER, C.F.C. et al. Técnica rápida de neutralização viral para a detecção de anticorpos contar o vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV) no leite. Pesq. Vet. Bras. v.22, p.45-50, 2002.

 

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RICHARD JAMES WALTER ROBERTSON

RIO VERDE DE MATO GROSSO - MATO GROSSO DO SUL

EM 27/04/2003

Perfeito o artigo.

O que mais me preocupa em relação ao complexo BVD-IBR-Leptospirose é a alta prevalência destes patógenos em nosso rebanho, caracterizando caráter endêmico das mesmas, e os resultados duvidosos das vacinas disponíveis em nosso país.
O alto custo de um bom programa de imunização, aliado a estes resultados duvidosos, dificulta a recomendação, por parte dos técnicos.

O produtor por sua vez, com certa razão, reluta em adotar esta prática, por exigir sempre soluções a curto prazo.


Richard J.W. Robertson
Médico Veterinário e Prod. Rural
Sind. Rural de Rio Verde-MS

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures