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A importância dos bicos das mamadeiras no processo de colostragem/aleitamento

POR KAREN NASCIMENTO

E VIVIANI GOMES

VIVIANI GOMES

EM 29/04/2019

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 11/12/2019

A colostragem deve ser realizada logo após o nascimento (≤ 18 horas de vida) para a transferência de anticorpos das vacas para as bezerras recém-nascidas, que nascem sem níveis detectáveis de anticorpos na circulação sanguínea, porque não há passagem de anticorpos maternos pela placenta durante a gestação das vacas. No Brasil, muitos produtores ainda permitem que bezerras façam a ingestão de colostro diretamente na sua mãe nas primeiras 24 horas de vida, por questões de praticidade e otimização da mão de obra no horário comercial. Por outro lado, este método natural não permite o monitoramento dos partos e o controle dos 3 Q´s da colostragem: Qualidade, Quantidade e Quão rápido (Figura 1).

Este manejo pode resultar em maiores taxas de mortalidade perinatal e falha na transferência de imunidade passiva. Analisando todos estes fatores, o método mais indicado para realizar a colostragem é o artificial com o uso de mamadeiras.

Figura 1. Os três Q’s da colostragem.

colostragem de bezerras

Neste contexto, deve-se atentar para detalhes relativos aos bicos das mamadeiras usados no processo de colostragem, geralmente negligenciados na maioria das propriedades leiteiras. Atenção com a qualidade do material, tamanho do furo dos bicos, assim como a sua higiene são essências na hora de pensar em ofertar um alimento de qualidade para as bezerras, principalmente quando o assunto é a colostragem.

Quando as bezerras se alimentam diretamente no teto da vaca, elas precisam sugar para estimular a liberação do hormônio ocitocina na corrente sanguínea da vaca com posterior liberação do leite. Neste processo, a bezerra ingere um litro de leite entre 4 a 5 minutos, com a produção de saliva, que contém enzimas que ajudam no processo de digestão da lactose (açúcar do leite).

Na mamada artificial com a mamadeira, os bicos obrigatoriamente devem desencadear toda a cascata de eventos fisiológicos (normais) estabelecidos entre mãe e bezerra, desde o estímulo da produção de leite pelas mães até a sua digestão pelas proles (filhas). Assim, as bezerras ficarão mais saciadas e tranquilas.

Quanto ao formato, à escolha dos bicos deve ser bem analisada, pois alguns deles são fabricados com detalhes, riscos ou ranhuras, que dificultam a limpeza e facilita o acúmulo de restos de alimentos, com a proliferação de bactérias (Escherichia coli e Salmonella, dentre outras) envolvidas na etiologia das diarreias (Figura 2).

Figura 2. Acúmulo de restos de alimento que facilita a proliferação de bactérias em um bico detalhado com riscos/ ranhuras.

Os bicos devem ser fabricados com borracha flexível e macia, sendo indicados os produtos à base de PVC e Látex (Figura 3). Em um dos nosso experimentos notamos que as bezerras apresentavam muita dificuldade para ingerir o volume mínimo de colostro (ao redor de 4 litros) usando bico de silicone (rígido) nas primeiras 18 horas de vida. As bezerras não tinham força para sugar e apertar o bico, principalmente os animais menores oriundos de partos distócicos (trabalhosos). Ao realizar a troca do bico de silicone por bicos de PVC bem mais flexível e macio, notou-se que o manejo na hora de administrar o colostro ficou bem mais fácil, o que fez diferença no volume de colostro ingerido no 1º dia de vida.

Figura 3. Bico de PVC, um dos materiais indicado para a administração de colostro, devido sua maciez o que facilita o estimulo de sucção da bezerra.

Além do tipo de material, o tamanho e formato dos bicos também são importantes. Os bicos com maiores diâmetros (largos) ou longos podem causar irritação na parte interna da boca das bezerras, além de dificultar o processo de sucção. O teto de uma vaca Holandesa tem aproximadamente 8 a 10 cm de comprimento como mostra a figura 1. Em relação ao formato, os bicos são arredondados e uniformes com o orifício pequeno central, conforme demonstrado na figura 4.

Figura 4. Formato normal do teto de uma vaca da raça Holandesa.

É necessário realizar o furo nos bicos para a passagem do leite, pois a maioria dos fabricantes produz bicos sem o orifício. Na prática, os próprios colaboradores da maternidade furam os bicos de forma errônea com canivetes, facas ou até mesmo com tesouras, o que geralmente resulta em furos muito grandes. Muitos acreditam que os furos grandes facilitam a ingestão de colostro, porém quanto maior for o furo, maior serão as chances de prejudicar a saúde das bezerras (Figuras 5, 6 e 7).

Furos grandes aumentam a velocidade do fluxo de saída do leite e aumentam a probabilidade de a bezerra fazer falsa via (o leite vai para o pulmão ao invés de ir para o abomaso), desencadeando um processo posterior de broncopneumonia necrosante. Os colaboradores da maternidade geralmente relatam que as bezerras possuíam dificuldade respiratória ao nascer, mas na verdade estavam fazendo falsa via devido à um simples erro no furo das mamadeiras.

Figura 5. Várias tentativas de furo que causou algumas ranhuras no rasgo. Nestes casos, o colaborador do bezerreiro precisará ter mais cautela ao realizar a higienização, pois os rasgos favorecem  a proliferação bacteriana.

Figura 6. Furo com diâmetro muito grande, o que aumenta a velocidade de saída do leite de forma exagerada, prejudicando a saúde das bezerras.

Figura 7. Bico com um longo tempo de uso, sendo possível notar um desgaste na região do furo amplamente largo e com acúmulo de bactérias (área esbranquiçada) no seu interior.

O recomendado para realizar o furo no bico da mamadeira é esquentar uma agulha no fogo e logo em seguida fazer um orifício com um diâmetro pequeno (Figura 8). O furo deve ter um tamanho suficiente para que o leite apenas goteje, quando a mamadeira for virada de cabeça para baixo, assim fará com que as bezerras sejam estimuladas a terem o reflexo de sucção.

Figura 8. Procedimento indicado para furar o bico das mamadeiras com uma agulha.

Os utensílios devem estar sempre limpos, bem higienizados e em boas condições de uso ao administrar colostro e/ou leite para as bezerras. O ideal é nunca deixar os bicos, mamadeiras e baldes sujos com restos de alimentos, expostos ao ambiente por muito tempo, pois neste período ocorre a proliferação de bactérias que prejudicam a saúde intestinal das bezerras. Após o uso, os utensílios devem ser lavados com água e detergente comum, usar escovas apropriadas para remover o excesso de sujeira interna, enxaguar com muita água corrente, em seguida deixar os utensílios de molho em solução contendo solução de hipoclorito com 1 a 2% de cloro ativo até a próxima amamentação (Figura 9). Os utensílios devem ser enxaguados com água corrente antes do próximo uso. A água sanitária é uma solução que contém 2.5% de cloro ativo em água.

Figura 9. Na primeira imagem (esquerda) é possível observar que os bicos não estão completamente imersos na solução hiperclorada (incorreto). Na figura da direita é possível observar a maneira exata de deixar os bicos de molho, mantendo-os completamente imersos em solução clorada.

Os bicos devem ser esfregados com escovas específicas para bicos de mamadeiras de bebês, existindo no mercado uma ampla variedade de escovas para ambos mamadeiras e bicos (Figura 10).

Figura 10. Escovas ideias para lavar e esfregar por dentro de bicos e mamadeiras com o objetivo de remover todo o resto de colostro e leite acumulados entre os aleitamentos.

É preciso atenção ao tempo de vida útil dos bicos usados no aleitamento das bezerras, pois eles desgastam com o tempo e precisam ser trocados periodicamente. Em geral, o tempo de vida útil de um bico usado diariamente é de oito semanas.

Algumas fazendas que utilizam colostro em pó ou sucedâneo devem tomar cuidado com a diluição desses produtos, caso contrário pode causar um entupimento do bico, dificultando a ingestão do alimento pelas bezerras. Ao notar que as bezerras estão tendo dificuldade para sugar o líquido, deve-se suspender o processo de aleitamento para lavar e desentupir o orifício, diluir bem o produto e só depois administrá-lo novamente aos animais.

Sendo assim, os cuidados com os bicos vão muito além do que poderíamos imaginar. É necessária muita cautela na hora de adquirir os bicos. Nada de bicos muito largos ou grandes demais; o formato dos bicos devem assemelhar-se o mais próximo possível do formato normal do teto da vaca; os bicos devem ser macios, de preferência que seja de látex ou pvc para facilitar a sucção do líquido; os bicos não devem conter nenhum tipo de ranhura, evitando a proliferação de bactérias; o furo dos bicos precisa ter diâmetro suficiente para que o leite apenas goteje, quando a mamadeira for virada de cabeça para baixo; os bicos e mamadeiras devem estar sempre limpos, desinfetados e em boas condições de uso ao administrar colostro e/ou leite para as bezerras.

Os bicos representam um cuidado e investimento mínimo que trará retorno imediato no processo de colostragem e saúde das bezerras.

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Você gostaria de saber mais sobre o manejo de bezerras? O artigo é da médica veterinária, Viviani Gomes, que também uma das instrutoras da plataforma de cursos on-line, EducaPoint. Confira abaixo o curso ministrado por ela:

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VIVIANI GOMES

Professora Clínica Médica de Ruminantes da FMVZ-USP. Coordenadora GeCria - Grupo Especializado em Medicina da Produção aplicada ao período de transição e criação de bezerras. Tel: (11) 3091-1331

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HALISSON GEOVANE SANTIAGO

SÃO TIAGO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/12/2019

Parabéns pela materia dos bicos, acho que agora a mortalidade das minhas bezerras vai cair bastate. Apos uma semana de nascimento já posso subistituir a mamadeira pelo balde (beber o leite sem bico)?
Obrigado!
KAREN NASCIMENTO

SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2020

Halisson, ficamos muito felizes em saber que nosso artigo ajudará na diminuição da mortalidade das suas bezerras. Respondendo a sua pergunta, o ideal seria amamentar as bezerras com mamadeira até o terceiro dia de vida, seguida da adaptação ao balde nos dias posteriores.
EM RESPOSTA A KAREN NASCIMENTO
HALISSON GEOVANE SANTIAGO

SÃO TIAGO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/03/2020

Grato! Parabéns pela matéria!
JAN VAN DEN BROEK

PARANAPANEMA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/12/2019

Otimo artigo, coisas simples que fazem a diferença e por isso precisam ser bem explicadas e ilustradas.

Parabéns
KAREN NASCIMENTO

SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2020

Obrigada, Jan Van ! A intenção do artigo foi justamente mostrar que o simples bem feito faz toda diferença para a saúde das bezerras.
SEVERINO ADEMAR DE FARIAS

CAMPINA GRANDE - PARAIBA - OVINOS/CAPRINOS

EM 02/05/2019

Como consegui bezerros descartados gostaria de saber todos procedimento para conseguir os bezerros
KAREN NASCIMENTO

SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2020

Severino, muitas vezes as fazendas de leite optam pela venda ou até mesmo por doação dos machos. Procure uma fazenda leiteira na sua região.
FRANCISCO DE ASSIS LAMAR

SÃO LUÍS - MARANHÃO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/04/2019

Excelente artigo! Só uma pergunta, qual agulha usar para um furo ideal? digo tamanho, nº ou diâmetro.
KAREN NASCIMENTO

SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2020

Francisco, excelente pergunta! O tamanho indicado da agulha é a 40 x 1,60mm. Aqueça a agulha no fogo antes de fazer o furo, isso facilitará e diminuirá o risco de rasgar o bico.
LADISLAU COIMBRA

EM 30/04/2019

Sempre agindo com seriedade e deixando claro sobre o manejo das pequenas, parabéns pelo excelente trabalho Karen Nascimento e Viviane Gomes !
KAREN NASCIMENTO

SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2020

Muito obrigada pelo carinho, Ladislau. Ficamos felizes em saber que gostou do nosso artigo !

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