Com o objetivo de responder parte dessa pergunta o pesquisador McDougall da Nova Zelândia fez um experimento com vacas que ficaram vazias no final da estação de monta (na Nova Zelândia a produção de leite é sazonal e as vacas têm estação de monta de 4 meses).
Objetivo: Descrever as patologias visíveis, bacteriologia e histologia do trato reprodutivo de vacas de leite que falham em conceber ou manter a gestação.
Material e Métodos: Foi analisado o trato reprodutivo de 105 vacas (média de número de lactações = 4,8; com vacas de 1 a 12 lactações) que falharam em conceber ou manter a gestação ao final de uma estação de monta de 4 meses, de 10 rebanhos da Nova Zelândia.
Todas as vacas incluídas no experimento tiveram uma (35%), duas (34%), três (23%) ou quatro coberturas (8%), e estavam vazias no diagnóstico de gestação realizado seis semanas após o final da estação de monta e não apresentavam nenhuma alteração possível de ser diagnosticada por palpação retal no trato reprodutivo.
As vacas foram abatidas e o trato reprodutivo foi coletado para analise macroscópica da vagina, útero, tubas e ovários, bacteriologia do conteúdo uterino e histologia do tecido uterino.
Resultados: Trinta e seis vacas (34%) apresentavam uma ou mais alterações visíveis nos ovários, tuba uterina, útero ou vagina.
Lesões visíveis encontradas no trato reprodutivos de vacas abatidas que falharam em conceber ou manter a gestação ao final da estação de monta de quatro meses na Nova Zelândia. (A mesma vaca pode ser incluída em mais de uma categoria).
Foram isoladas bactérias de 22 úteros (21%), incluindo Arcanobacterium pyogenes (n = 1), Escherichi coli (n = 1), Fusobacterium spp (n = 1), Haemophilus sommus (n = 5), Streptococcus acidominimus (n = 12), S. bovis (n = 2), S. uberis (n = 1) e S. salivarious, (n = 1).
Somente 5 vacas apresentavam alguma alteração visível no trato reprodutivo e crescimento bacteriano no material uterino, não foi detectada correlação entre o crescimento bacteriano e o diagnostico de patologias visíveis.
As alterações histológicas detectadas foram pequenas, provavelmente devido ao longo intervalo decorrido do parto no momento do abate das vacas.
Conclusão: Das vacas que falharam em conceber ou manter a gestação após a estação de monta, 34% apresentaram lesões visíveis no trato reprodutivo e 21% apresentaram crescimento bacteriano no conteúdo uterino.
Não foi detectada correlação entre as alterações visíveis, bacteriologia e histologia, sugerindo que as vacas falham em conceber ou manter a gestações por razões muito variadas.
O isolamento de bactérias no conteúdo uterino sugere que as infecções uterinas podem contribuir para as falhas reprodutivas de algumas vacas, mas novos estudos ainda terão que ser realizados para que se determine o porquê de algumas vacas que aparentemente sem nenhuma lesão falham e conceber ou manter a gestação.