Iogurtes para intolerantes à lactose?
Seção Probióticos: "Boa parte da população mundial tem dificuldade para digerir a lactose na fase adulta da vida. Estamos falando de 75% da população global. Essa prevalência muda de país para país, sendo que no Brasil [...]", por Adriane Antunes, Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas-FCA/UNICAMP.
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Outra importante informação é que existem diferentes tipos e níveis de intolerância à lactose. Vamos primeiramente aos tipos: primária, secundária e congênita. A deficiência primária é caracterizada pela perda da capacidade de quebrar o açúcar do leite observada após o desmame. Essa condição é geneticamente determinada e permanente. As manifestações costumam ser evidentes por volta dos 2 aos 15 anos de idade. A intolerância à lactose secundária é decorrente de problemas de saúde, temporários ou permanentes (exemplos são doença de Crohn, retrocolite ulcerativa, fibrose cística, parasitoses, desnutrição, etc.). No caso da intolerância congênita à lactose essa é uma condição rara em que os bebês já nascem intolerantes à lactose.
Em relação aos níveis de intolerância, tudo depende da quantidade da enzima lactase (necessária para a quebra da lactose) que o organismo é capaz de secretar. Algumas pessoas apresentam moderada ou leve redução na produção da referida enzima, mas outras perdem literalmente a capacidade de produzi-la e, neste caso, mesmo pequenas quantidades de lactose presentes na dieta serão difíceis de manejar.
O que fazer então? Retirar todos os lácteos da dieta? Não necessariamente, pois existem algumas opções. Além dos leites deslactosados e queijos curados, o iogurte também pode ser uma boa opção. Isso porque durante a produção do iogurte parte da lactose é quebrada pelos fermentos láticos. No entanto, é preciso estar atendo ao rótulo porque alguns iogurtes são adicionados de leite em pó e/ou soro de leite para aumentar o teor de sólidos do produto. Por um lado essas adições são interessantes porque melhoram a textura e podem diminuir a dessoragem do iogurte. Mas com esses acréscimos alguns iogurtes passam a apresentar o mesmo percentual de lactose do que o leite, ou seja, cerca de 4,5 a 5%.
Mas então, por que alguns indivíduos reconhecidamente intolerantes à lactose geralmente não apresentam tantos sintomas de desconforto quando ingerem iogurte? A explicação para isso são as culturas láticas fermentadoras do produto. Essas pequenas notáveis além de serem as responsáveis pela fermentação do iogurte - que passa a ter as características sensoriais que adoramos – são nossas auxiliares. Elas não apenas quebram parcialmente a lactose no produto, mas também nos “emprestarem” a enzima lactase (que elas apresentam de sobra).
Assim, quando ingerimos iogurtes, as culturas láticas que estão ativas e abundantes no produto nos auxiliam no trabalho de digestão da lactose. Esta enzima está presente no interior das células das culturas láticas. Para a quebra da lactose acontecer o açúcar do leite precisa ser transportado para dentro da célula dos fermentos ou então a enzima precisa ser excretada para fora da célula microbiana para agir no trato intestinal. Durante o processo digestivo os sais biliares ajudam neste processo por alterarem a permeabilidade das células dos fermentos, facilitando a entrada de lactose nas células dos fermentos e/ou liberando a enzima intracelular.
Por fim, para aqueles que são altamente intolerantes à lactose, mas que são amantes do iogurte, segue uma sugestão: no mercado existem iogurtes zero lactose. É só procurar na gôndola do supermercado. Que bom que a indústria de laticínios é nossa aliada – assim como as culturas láticas! Que venham mais novidades e lançamentos!
Referências bibliográficas
ANTUNES e OLEJ. Intolerância e sensibilidade aos componentes do leite. In: ANTUNES, A. E. C., PACHECO, M. T. B. (Org.). Leite para Adultos: Mitos e Fatos Frente à Ciência. São Paulo: Varela, 2009, v. 1, p. 19-42.
MATTAR e MAZO, Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Ver Assoc Med Bras 2010, 56(2): 230-6.
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Material escrito por:
Adriane Elisabete Antunes de Moraes
Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas-FCA/UNICAMP. Graduação em Nutrição (UFPEL), Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial (FAEM/UFPEL), Doutorado em Alimentos e Nutrição (FEA/UNICAMP), Pós Doutorado no TECNOLAT/ITAL.
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Saludos
Adriane

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