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Momento crítico!

POR MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

PANORAMA DE MERCADO

EM 18/10/2002

5 MIN DE LEITURA

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Por sugestão do leitor José Gil Júnior, após o artigo "A Pressão pelo Lado de Baixo", estão sendo apresentados os preços de alguns insumos no ano de 1999 e os preços atuais dos mesmos, em Reais nominais (valores da época) e em dólares. São realizadas as comparações das variações entre os preços destes insumos e do preço bruto do leite ao produtor.

O momento é oportuno visto que no último dia 17 de outubro, representantes e lideranças dos produtores e das indústrias se uniram em reunião para mostrar que tem sido impossível repassar o aumento dos custos de produção para os supermercados.

Vale lembrar que os preços aos consumidores subiram em setembro, porém esta alta não foi vista nem pela indústria e nem pelos produtores.

A Leite Brasil apresentou nesta reunião os dados mostrando as altas de preços entre junho e outubro corrente.

O assunto já foi abordado no artigo "Pressão pelo Lado de Baixo" e também recentemente explorado pelo engenheiro agrônomo Marcelo Pereira de Carvalho ("A Mesma Fazenda em 1999 e 2002: Comparativo de receitas e custos").

Para os produtores de leite nem é preciso provar que houve aumento nos custos de produção, pois sentem o fato nos bolsos, mas um dado ou outro a mais para fundamentar os argumentos nunca é demais.

Tabela 1: Evolução nos preços dos insumos em R$ nominais por período selecionado

Observe que em Reais as menores variações ocorreram para os produtores de leite. De todos os insumos, as únicas variações próximas às do leite foram as dos produtos veterinários. Dentro dos custos totais de produção de leite, os produtos veterinários representam de 3% a 5% no máximo. Dos produtos veterinários que variaram menos que o preço do leite, positivamente, estão apenas os que não chegam nem a 0,5% dos custos totais de produção, como os vermífugos (não listados na tabela).

Na tabela 2 estão listados os preços em dólares dos mesmos insumos, utilizados para a produção de leite e volumosos.

Tabela 2: Evolução nos preços dos insumos em dólares por período selecionado

Observe nas colunas de variações que os preços de alguns insumos não se mantiveram em dólares, como era de se esperar. Os valores em dólares dos alimentos subiram tendo em vista as cotações internacionais.

No caso dos herbicidas, por exemplo, que em Reais variaram quase três vezes mais que a média das altas nos preços do leite, em dólares a variação foi negativa.

No entanto, se tratando de um mercado indexado na moeda americana, é de se esperar pressões de alta nos preços dos herbicidas, assim como nos demais defensivos (inseticidas, acaricidas, formicidas, fungicidas, etc). Este movimento já vem ocorrendo no mercado de fertilizantes, que também é impulsionado pelo aumento da demanda nesta época do ano, quando os produtores saem às compras para os plantios e para as adubações de cobertura.

Em dólares, evidentemente o leite apresenta o maior recuo nos valores, sendo negociado hoje nos patamares de US$0,10 a US$0,11/litro.

Pois bem, por que o momento é crítico?

No dia 17 de outubro, na reunião com representantes do varejo, Jorge Rubez (Leite Brasil), Almir Meirelles (ABLV) e outros representantes das indústrias como Daniel Felippe (vice presidente da Central Leite Nilza) alertaram para o comportamento de manipulação do mercado pelas redes varejistas, que se defendem dizendo que não formam preços, apenas seguem as oscilações de safra e entressafra.

A menos que os supermercados estejam vendendo leite de "canequinha", as baixas nos preços de safra não chegaram até o momento ao varejo: basta ver os preços do leite pago aos produtores até este mês, a seca que tem colocado cidades em estado de calamidade pública e as altas nos preços dos insumos que desestimulam o aumento da produção.

Se as redes não manipulassem preços, como argumentam, como os preços subiriam no varejo sem antes subir no atacado, ou ao produtor?

Como apresentado no artigo "Cenário Atual e Alternativas de Curto Prazo", os preços do Longa Vida no varejo, mês de setembro, se distanciaram dos valores de atacado, aumentando as margens de diferença.

Levantamento preliminar da Scot Consultoria em outubro aponta para a redução dos preços mínimos do varejo, confirmando a denúncia da ABLV (Associação Brasileira das Industrias de Leite Longa Vida). O varejo reduziu os preços mais baixos do leite e, até meados de outubro, teve êxito em abaixar também os preços médios. Como havíamos alertado no início do mês, os preços no atacado também estão se reduzindo e as margens (diferenças entre preços de varejo e indústria) estão se mantendo nos níveis que tinham aumentado em setembro.

Analisando o mercado, os menores preços de leite Longa Vida no atacado estão em torno de R$0,96/litro há três meses, porém em volumes insuficientes para alterar a firmeza dos preços do Longa Vida. O varejo, que até setembro tinha os menores preços em torno de R$1,10/litro, passou a negociar em valores de R$0,99, sem que houvesse qualquer alteração nos preços de atacado. Não significa que este leite esteja sendo adquirido de indústrias que vendem a R$0,96/litro, significa que há uma estratégia baixista nos preços.

Para se defender das acusações das indústrias, os representantes das redes varejistas argumentam que não têm lucro com o Longa Vida, que é usado como chamariz para atrair clientes. De fato, o leite é um chamariz e os supermercados procuram trabalhar com preços baixos, mas daí a não ter lucro já é outra história.

Quem não gostaria de "não" estar lucrando com margens líquidas médias próximas de 17% na venda de um produto que representa mais de 70% do mercado de fluídos no Brasil?

Justamente por interessar ao varejo, como chamariz, que busca-se reduzir os preços do leite no mercado. Por que pagar a conta do chamariz se ela pode ser repassada aos elos anteriores da cadeia?

O movimento de baixa, se confirmado, teve início com as práticas do varejo e não através do aumento da oferta de leite.

Portanto, um gigante começa a se mexer contra os interesses do setor produtivo, que emprega maior número de pessoas, num momento extremamente delicado da economia.

O setor, indústrias e produtores, estão agindo no momento certo, mostrando que estão atentos às estratégias das grandes redes.

Resta saber quais serão os desfechos dos próximos dias. Hoje, os cenários são extremamente desfavoráveis às indústrias e produtores.

MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

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JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2002

O momento é muito importante para nos posicionarmos, concordo. Mas, sobre os preços no varejo, quero salientar, que como produtor interessado faço pesquisas periódicas nos supermercados de minha região (Botucatú/São Manuel) e também em São Paulo (capital). O que se nota é que temos uma linha de preços de nível 1 (Parmalat, Danone) um nível 2 (Batavo, Leco) e um nível 3 (Italac etc etc) e abaixo desse nível vemos, constantemente, principalmente no interior o Leite Nilza. Porque será ? Essa marca não é nivel 4; no mínimo, poderíamos colocá-la entre nível 2 e 3. Porque será ? Em conversa com produtores de outras regiões verifica-se que o nível de remuneração dos produtores que fornecem para aquela cooperativa são normalmente 5 a 6% mais baixos que o que a indústria remunera, sem falar na discrepância que existe entre a remuneração de um Cooperado da Central e um Cooperado da Nilza. O Sr. Daniel, legítima liderança do setor e da Câmara Setorial de Leite de SP, deveria explicar o que acontece. Qual o problema ? Acho que a consistência na oferta do produto para as redes de varejo, deve ser sempre obedecida. Sabemos quais os níveis de cada marca, mas é absolutamente incomprensível que uma marca que representa grande parte dos produtores paulistas não preserve os seus preços compatíveis com a marca que tem uma grande penetração, principalmente na rede de varejo do interior. Esclareço que o nível de discussão do último dia 17, deixou-me bastante otimista, mas ainda acho que algumas arestas (mistérios) precisam ser aparadas. Sei das dificuldades da concorrência, mas considero que uma posição mais agressiva das Cooperativas, principalmente num momento de escassez de matéria prima seria bastante conveniente. Não posso acreditar que não havendo oferta de um determinado produto os preços, ainda assim, possam ser manipulados. Falta coordenação das áreas comerciais das Cooperativas e Indústrias ? Será que o varejo é tão competente, que mesmo nessa situação continuaremos a nos subordinar a regras de estratégia de marketing dos Supermercados ? Vamos aguardar. Parabéns pelo artigo e pelo banco de dados.
AURELINO SEABRA DE OLIVEIRA

IPIAÚ - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2002

Gostaria, se possível, que fossem listados alguns produtos com o preço da época e com o preço atual, assim como do leite. Alguns produtos veterinários, alguns insumos, maquinários, etc. Ficaria muito agradecido, faço parte de uma associação de produtores de leite (APROLEITE) com 64 associados e gostaria de comentar esses dados.
Atenciosamente
Aurelino Seabra de Oliveira

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