Durante o mês de maio as importações de lácteos recuaram, gerando um avanço no saldo da balança comercial de lácteos. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo registrado no mês chegou a -142 milhões de litros em equivalente-leite, registrando um avanço mensal de 43,5 milhões de litros em relação a abril, conforme pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações de lácteos seguiram apresentando uma tendência de queda no último mês. Com 4,4 milhões de litros em equivalente-leite exportados em maio, a queda mensal foi de 15%, ficando também abaixo do resultado obtido em maio de 2023, conforme mostra o gráfico 2, sendo esse o menor volume exportado desde julho de 2019.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As importações de maio apresentaram um importante recuo mensal. Ao todo, foram importados 146,3 milhões de litros em equivalente leite, registrando uma queda mensal de 23% e o menor volume dos últimos 12 meses, como mostra o gráfico 3.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação às categorias importadas no último mês, diversos produtos apresentaram recuos em seus volumes importados, entre eles se destacam os leites em pó integral e desnatado, que apresentaram quedas de 31% e 38%, respectivamente.
Outros produtos de menor relevância dentro das importações também recuaram durante o mês de maio, como os iogurtes, os leites modificados e outros produtos lácteos.
Em contrapartida, o doce de leite apresentou avanço em suas importações, de 12%.
Sobre as exportações, a categoria de maior relevância foi o soro de leite, que apresentou um avanço mensal de 26% em seu volume exportado. Para o leite em pó integral também foi observado um aumento em suas exportações, de 25%, enquanto o avanço para o leite UHT foi de 24%.
Dentre os produtos de menor relevância nas exportações, o leite em pó semi-desnatado e o leite evaporado apresentaram fortes avanços percentuais, de 137% para o leite em pó e 100% para o leite evaporado.
Enquanto as exportações de iogurtes (-50%), manteigas (-19%) e queijos (-10%) apresentaram recuos no último mês.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de maio e abril de 2024.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos em maio de 2024
Tabela 2. Balança comercial de lácteos em abril de 2024
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para os próximos meses?
Diante do forte movimento de alta dos preços dos derivados lácteos no país, o custo de aquisição dos produtos importados ganhou mais competitividade durante o último mês. No caso dos leites em pó, os produtos importados já eram mais competitivos em preço, com a diferença no custo de aquisição aumentando e favorecendo ainda mais os produtos de fora do Brasil, enquanto para a muçarela, o produto local estava até então sendo mais competitivo, perdendo nas últimas semanas sua posição mais favorável para as compras brasileiras.
Sendo assim, são criados indicativos de que nos próximos 2 a 3 meses (considerando o período entre uma negociação e chegada efetiva do produto) as importações podem apresentar algum avanço em relação ao patamar atual.
Além disso, deve ser levado em consideração que, apesar do recuo anual na produção de leite na Argentina e Uruguai, principais fornecedores brasileiros, no mês a mês deve haver um crescimento sazonal na disponibilidade de leite, o que colabora para esse cenário de futuro aumento nas importações.
Em contrapartida, existem fatores limitantes, como os decretos federais e estaduais, que entraram em vigor neste ano justamente para limitar as importações brasileiras de lácteos.
Seguiremos acompanhando e relatando quais fatores estarão estimulando ou limitando as importações brasileiras no restante de 2024.