Após o importante recuo no saldo da balança comercial obtido em março/23, o mês de abril encerrou com recuperação.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo obtido no último mês chegou a -136,1 milhões de litros em equivalente-leite, ficando 62 milhões de litros acima do resultado do mês anterior. Além disso, esse é o maior resultado obtido em saldo desde agosto de 2022, como pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação às exportações, com um aumento de 714 mil litros no total exportado, o mês de abril encerrou com um volume total de 5,82 milhões de litros exportados em equivalente-leite, sendo esse o segundo melhor resultado obtido em 2023, até o momento, atrás somente do total exportado em fevereiro (6,53 milhões de litros em equivalente-leite), como mostra o gráfico 2.
Porém, apesar do aumento, quando comparado com o resultado obtido em abril de 2022 foi registrada uma queda de 74%, estando os resultados de abril de 2022 e de 2021 dentro dos maiores patamares já registrados para as exportações brasileiras de lácteos.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Enquanto para as importações, foi registrada uma importante queda de 30% (61 milhões de litros) no mês de abril em relação ao mês de março de 2023. Com um volume total importado de 141,9 milhões de litros em equivalente-leite, o último mês obteve o menor resultado do ano registrado até o momento. Mas quando comparado com o resultado obtido em abril de 2022, foi registrado um avanço de 238%, como pode ser observado no gráfico 3.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Apesar do recuo nas importações de abril em relação ao mês anterior, é possível observar que o volume total importado ainda se encontra em um alto patamar, principalmente quando comparado com os últimos dois anos, sendo que os altos preços praticados no mercado interno, por conta da diminuição da oferta do leite no campo que está ocorrendo de forma sazonal, segue sendo o principal fator a estimular as importações para o Brasil, mesmo que a demanda tenha encerrado o último mês com fortes sinais de retração.
Sobre as categorias importadas, somente um produto registrou variação mensal positiva, o doce de leite, com um aumento de 21%, enquanto as demais categorias passaram por recuo. A maior queda mensal observada foi nas importações de leite em pó desnatado, que somou aproximadamente 1,42 milhões de quilos, 62% a menos do que o importado em março, enquanto o recuo observado no leite em pó integral foi menor, em 23%, com 11,38 milhões de quilos importados. A categoria de queijos passou por uma variação negativa de 21%, e para o UHT, não foi registrado nenhum volume importado neste último mês.
Já sobre as categorias exportadas, o principal produto seguiu sendo o leite condensado, que passou por uma variação mensal de 8%. Porém, a maior variação observada foi na categoria de leites modificados, que aumentou em 120% no mês de abril. Os queijos, cremes de leite e manteigas também registraram avanços nas exportações de abril, em 45%, 7% e 4%, respectivamente, enquanto o maior recuo ficou por conta do leite em pó desnatado, que teve um total de somente 20 quilos sendo exportados no mês, segundo dados da SECEX, uma queda mensal de 96%.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de abril e março deste ano.
Tabela 1. Balança comercial láctea em abril de 2023.
Tabela 2. Balança comercial láctea em março de 2023.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para o próximo mês?
Para o mês de maio as expectativas são de uma nova queda no total importado, mas que deve ocorrer de forma mais sutil em comparação ao recuo observado em abril. Isso porque, apesar do período da entressafra do leite brasileiro, a produção de leite na Argentina e Uruguai, principais fornecedores, seguem limitadas.
Além disso, outro aspecto importante é a quantidade de dias úteis no mês de maio (22 dias) em comparação com abril (18 dias). Dessa forma, mesmo que na média diária as importações apresentem diminuição, no total do mês o volume de maio pode vir em linha com o resultado de abril.
Outro ponto que precisa ser levado em consideração é discrepância entre o período de entressafra do leite produzido na região Sul do Brasil e das demais regiões. Para maio, a entressafra da região Sul do Brasil deverá estar próxima do fim, começando a aumentar o abastecimento de leite advindo dessa região. E como o Sul é atualmente a maior região produtora do Brasil, o aumento da sua captação deve limitar as perdas observadas na captação de leite total do país.
Mas é preciso salientar que os preços internacionais ainda seguem competitivos frente aos preços praticados no mercado interno, mesmo com as recentes desvalorizações observadas nos principais derivados lácteos desde a segunda quinzena de abril, o que deve manter as importações de maio em um patamar ainda elevado em relação a 2021 e 2022.
Já para as exportações, não há evidências de uma abertura de janela exportadora para o mercado brasileiro. Apesar da demanda interna não demostrar sinais de reação, a produção continua limitada, e o real valorizando frente ao dólar também dificulta essa comercialização.