Após a recuperação no saldo da balança comercial de lácteos obtida no mês de abril, maio encerrou com um novo recuo.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo obtido no último mês chegou a -195,6 milhões de litros em equivalente-leite, ficando 60 milhões de litros abaixo do resultado do mês anterior, chegando ao segundo menor patamar de 2023, atrás somente do resultado obtido em março, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações seguiram aumentando no mês de maio e chegaram a um volume total exportado de 7,10 milhões de litros em equivalente-leite, 1,27 milhão de litros acima do mês anterior, sendo esse o maior resultado obtido até o momento em 2023, como mostra o gráifco 2. Porém, o resultado obtido seguiu abaixo do observado em 2022. Em relação ao mês de maio de 2022 houve uma queda de 38% (4,32 milhões de litros em equivalente-leite), enquanto em relação ao total exportado nos primeiros cinco meses do ano, 2023 se encontra 48% abaixo do total exportado no mesmo período de 2022.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação às importações, o mês de maio encerrou obtendo o segundo maior resultado no ano, em cerca de 202,7 milhões de litros em equivalente-leite, ficando 60,8 milhões de litros acima do total importado em abril e somente 452 mil litros abaixo do mês que possui o maior resultado de 2023 até o momento, março. Quando comparado com o resultado de maio de 2022, o aumento obtido também foi muito significativo, em 217,1% (138,8 milhões de litros), como pode ser observado no gráfico 3.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Um dos fatores relacionados a esse forte aumento nas importações no último mês é a queda na oferta brasileira, que ocorre sazonalmente devido a entressafra do leite. Além disso, o baixo patamar dos preços internacionais e o real se valorizando frente ao dólar têm mantido os preços dos produtos importados competitivos frente aos nacionais (que passaram por aumento de janeiro até agora).
Sobre as categorias importadas, somente um produto registrou variação mensal negativa, o doce de leite, em cerca de -30%, sendo que no mês de abril, o doce de leite havia sido o único produto a obter variação mensal positiva.
Entre todos os demais produtos, que passaram por acréscimo na importação no último mês, o destaque em variação percentual foi obtido pelos leites modificados, que passaram por um aumento mensal de 464%, chegando ao maior volume importado em um mês em 2023, cerca de 15,15 toneladas.
Enquanto em relação aos produtos de maior representatividade nas importações, o soro de leite também passou por um aumento significativo nas importações de maio, obtendo uma variação mensal de 134%, também atingindo o maior volume importado de 2023 até o momento. E este mesmo resultado mensal recorde para este ano também foi observado no leite em pó integral, que passou por um aumento mensal de 51% (e seguiu sendo o principal produto importado), nas manteigas (+ 104%) e nos queijos totais (+27%).
Nas categorias exportadas, três produtos passaram por variações mensais negativas, sendo eles os leites modificados (-33%), o leite UHT (-26%) e a manteiga (-21%), enquanto os destaques positivos ficaram por conta do leite em pó desnatado, com um pouco mais de 600 quilos sendo exportados, 2.920% acima do exportado em abril/23, e por conta do leite em pó integral, com quase 108 toneladas exportadas, 1.362% acima do mês anterior. O principal produto exportado seguiu sendo o leite condensado, que também passou por variação mensal positiva, em 24%.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de abril e março deste ano.
Tabela 1. Balança comercial láctea em maio de 2023.
Tabela 2. Balança comercial láctea em abril de 2023.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para o próximo mês?
Diferentemente do que era esperado no início de 2023, por conta das dificuldades climáticas causadas pela La Ninã, a produção de leite na Argentina (principal fornecedor das importações brasileiras) encerrou o mês de abril com uma variação anual positiva, deixando o resultado da produção no país nos primeiros quatro meses do ano praticamente em linha com o observado em 2022 no mesmo período.
Dessa forma, um dos principais fatores que impulsionava a expectativa de queda nas importações neste ano não se concretizou, permitindo esse aumento observado no mês de maio.
Portanto, para os próximos meses, ainda é esperada uma variação mensal negativa nas importações por conta da oferta interna que deve começar a aumentar com o fim da entressafra do leite, principalmente na região Sul (maior região produtora atualmente e que possui sua entressafra antecipada em relação às demais regiões). Porém, com o resultado visto na produção argentina até o momento, as importações devem encerrar o 1º semestre do ano ainda em alta quando comparado com 2022, com o resultado do 2º semestre ficando próximo do que foi visto no ano anterior.
Além disso, é preciso salientar que os preços internacionais ainda seguem competitivos frente aos preços praticados no mercado interno, mesmo com as recentes desvalorizações observadas nos principais derivados lácteos brasileiros desde a segunda quinzena de abril.
Já para as exportações, ainda não há evidências de uma abertura significativa de janela exportadora para o mercado brasileiro, dessa forma é esperado que o volume exportado se mantenha em linha com o observado recentemente.