O mês de junho encerrou com o saldo da balança comercial atingindo o menor patamar dentro da série histórica – analisada desde janeiro/00.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo obtido no último mês chegou a -198,6 milhões de litros em equivalente-leite, um recuo de 2,9 milhões em relação a maio de 2023, como pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações passaram por uma queda de cerca de 200 mil litros em equivalente leite quando comparado com o mês anterior, chegando a um total de 6,9 milhões de litros exportado durante o mês de junho. Apesar da queda mensal (-2,9%) e anual (-11,9%), as exportações de junho atingiram o segundo maior patamar mensal de 2023, como mostra o gráfico 2. Com este resultado, o primeiro semestre de 2023 encerra com as exportações apresentando uma queda de 56,9% em relação ao mesmo período de 2022.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Já as importações continuaram em ritmo bem avançado e atingiram o maior volume importado em equivalente-leite desde outubro/16, com 205,5 milhões de litros, como mostra o gráfico 3. Com esse total, foi registrado um avanço mensal de 1,4% e um avanço anual maior ainda, de 146,8%. Desta forma o primeiro semestre de 2023 encerra com um volume importado 197% acima do obtido no primeiro semestre de 2022, com um pouco mais de 1 bilhão de litros em equivalente-leite importados neste período.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Assim como no mês anterior, o principal fator envolvido com esse alto ritmo das importações é a competitividade de preço. Apesar dos preços praticados no mercado interno terem desvalorizado neste último mês, os preços internacionais dos principais fornecedores brasileiros no Mercosul, Argentina e Uruguai, também passaram por consecutivas quedas, mantendo os preços dos produtos importados ainda favoráveis.
Vale ressaltar também que as importações que chegaram ao Brasil durante o mês de junho tiveram suas negociações realizadas entre 30 e 60 dias antes, quando os preços praticados no atacado brasileiro se encontravam em altos patamares quando comparado com os últimos preços observados.
Em relação as categorias importadas, o maior avanço percentual obtido foi nos iogurtes, que teve um volume importado 58% acima do observado no mês anterior, chegando ao segundo maior volume mensal de 2023. Outros avanços mensais também foram observados no doce de leite (+19%), leite em pó desnatado (+19%) e leite em pó integral (+5%).
Apesar da variação mensal do leite em pó integral não ter sido tão impactante como as demais categorias citadas, o volume importado do produto chegou também ao maior patamar da série histórica (desde janeiro/00), com um pouco mais de 18 mil toneladas importadas.
Por outro lado, o leite modificado, os queijos e a manteiga passaram por variações mensais negativas em relação ao volume importado, de -33%, -19% e -18%.
Sobre as categorias exportadas, mesmo com a variação mensal negativa no total exportado, algumas passaram por importantes avanços, como o leite em pó desnatado, que obteve o maior volume exportado de 2023 (um pouco mais de 25 toneladas), ficando 4.043% acima do exportado em maio/23. O leite evaporado e o leite modificado também passaram por importantes avanços, de 509% e 139%, respectivamente.
Entretanto, todas essas categorias citadas possuem pouca representatividade dentro das exportações, tendo mantido o leite condensado como a principal categoria exportada, com esse produto enfrentando uma queda de 15% no volume total exportado.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de junho e maio deste ano.
Tabela 1. Balança comercial láctea em junho de 2023
Tabela 2. Balança comercial láctea em maio de 2023.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para o próximo mês?
Para o mês de julho é esperado uma desaceleração no ritmo das importações. Apesar dos preços dos produtos importados ainda apresentarem maior competitividade frente aos preços internos, observa-se uma desaceleração da demanda do Brasil, com compradores brasileiros já abastecidos.
Porém, mesmo com a expectativa de recuo mensal no volume importado, quando considerado o pico nas importações de junho, espera-se que o volume se mantenha em um patamar considerado ainda alto, possivelmente acima do observado em julho de 2022.
No que diz respeito às exportações, ainda não é observado abertura na janela exportadora nos próximos meses, principalmente levando em consideração a tendência de queda nos preços internacionais. Isso torna os produtos de outros países, que são grandes exportadores de lácteos, mais competitivos em preços em relação aos produtos brasileiros.