ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

As últimas tintas de 2018 e o cenário para 2019

POR VALTER GALAN

PANORAMA DE MERCADO

EM 05/11/2018

5 MIN DE LEITURA

3
12

O ano de 2018 vem sendo cheio de incertezas e de altos e baixos, tanto em função de fatores externos à cadeia leiteira (o mais marcante foi a greve dos caminhoneiros) quanto por conta da própria oscilação da economia do país, que patinou bastante ao longo do ano e vem fazendo “claudicar” a recuperação de consumo que apontava no início do ano.

Antes da greve dos caminhoneiros, tínhamos um cenário de preços bastante baixos na cadeia, que fizeram crescer muito pouco a nossa produção e sustentaram uma relativa recuperação de consumo. No “pós-greve”, como mostra o gráfico 1 (que apresenta a dinâmica de preços na cadeia de produção do leite UHT), os preços subiram bastante e muito rapidamente (em função da ruptura de estoques no varejo e da falta de leite no campo) o que ajudou a fazer o consumo começar a recuar, mas criou um novo cenário, bem mais favorável, para o crescimento da produção.

Gráfico 1. Dinâmica de preços do leite UHT no atacado, do leite spot e do leite ao produtor. Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados próprios e do Cepea. 

mercado lácteo para 2019

Num segundo momento, como observa-se no gráfico, para o leite spot e para o leite UHT no atacado, a queda no consumo e o aumento de volumes de produção têm trazido fortes recuos nas cotações; depois de subir R$ 1,37/litro entre janeiro e o pico de preços, em junho, o UHT já recuou R$ 1,12/litro no atacado. No caso do leite spot, a subida foi de 94 Centavos/litro e a queda já acumula 78 Centavos/litro. Para o leite ao produtor, o preço acumulou alta de 51 Centavos/litro e queda, até os preços pagos em outubro (pelo leite fornecido em setembro) de 13 Centavos/litro.

Com preços ao produtor mais altos, o indicador Receita Menos Custo da Ração (RMCR), que mede a relação de troca entre o leite e o concentrado (milho + farelo de soja) saiu de um patamar desfavorável para níveis melhores, passando a incentivar o crescimento da produção de leite. O gráfico 2 mostra claramente esta reversão de tendência, com a evolução deste indicador antes e depois da greve e comparando os números de 2018 com os do ano passado e com médias históricas.

Gráfico 2. Evolução do indicador Receita Menos Custo da Ração (RMCR). Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do DERAL/SEAB/PR e do Cepea. 

mercado lácteo para 2019

Assim, estimamos (os dados oficiais de produção ainda não são disponíveis) que a produção brasileira de leite deve começar a se recuperar no terceiro trimestre do ano (com crescimento de 1% a 1,2% em relação ao mesmo trimestre de 2017) e com recuperação um pouco maior no quarto trimestre do ano, atingindo variação positiva de 2 a 3% sobre o mesmo período de 2017, fechando o ano com crescimento médio bastante pequeno em relação a 2017 (entre 0,5 e 1%).

Um fator relevante a se destacar sobre o momento atual de 2018 e as perspectivas até o final do ano são as importações. A entrada de lácteos importados foi menor que em 2017 até o momento, principalmente pelos baixos preços internos até a greve, mas começam a dar sinais de reação, principalmente em função da forte elevação dos preços por aqui (como mostra o gráfico 1). Os volumes importados em setembro/2018 já foram quase 20% maiores do que no mesmo mês de 2017 e existe uma perspectiva de que este crescimento siga até o final do ano e no início de 2019, em função, principalmente, da relação de preços entre os importados e o produto nacional, que indica competitividade dos lácteos estrangeiros.

No resumo do ano de 2018, temos então como principais direcionadores de mercado os seguintes pontos:

  • Consumo: começou o ano em recuperação, mas tende a fechar 2018 sem crescimento, ou com crescimento pouco significativo;
     
  • Produção de leite: vem acelerando no pós-greve, em função dos aumentos de preços. No entanto, por conta de um primeiro semestre muito ruim, deve fechar o ano estável ou cm crescimento pequeno em relação a 2017;
     
  • Preços do leite: começaram o ano bastante baixos e aumentaram fortemente no pós greve. Tendem a cair até dezembro, mas devem terminar o ano em patamares mais elevados dos observados no início do período;
     
  • Importações: também reverteram o cenário verificado no início do ano, quando eram pouco atrativas e tinham volumes em recuo. A alta dos preços internos fez aumentar a competitividade dos volumes importados.

2019 – o que esperar?

Certamente 2019 será um ano de grandes incertezas, tanto no campo político, com um novo governo assumindo as rédeas do país e buscando operacionalizar as importantes mudanças estruturais que devem ser feitas, quanto no campo econômico.

Algumas coisas são menos incertas e poderão ajudar a entender como andará o mercado de leite e derivados:

  • Condições de produção de leite: apesar das possíveis quedas que ainda deverão acontecer até o final deste ano, os preços médios aos produtores tendem a iniciar 2019 melhores (isto é, mais altos) do que em 2018. Este fator, isoladamente, já justificaria uma sinalização de recuperação da produção no ano que vem, mas é associado a uma melhor condição de preço de milho e soja para o primeiro semestre de 2019 (pelo menos, no cenário de hoje, nos contratos futuros da BMF/B3 e da Bolsa de Chicago, a sinalização é de recuo destes preços). Assim, devemos ter uma condição de produção de leite mais robusta em 2019;
     
  • Importações: como já mencionado anteriormente, 2019 tende a começar com preços mais altos do que em 2018 aqui no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, as condições de oferta & demanda do mercado internacional apontam, pelo menos para o primeiro semestre de 2019, para preços internacionais dos lácteos estáveis. Se a taxa de câmbio não apresentar variações muito relevantes (este é um ponto praticamente impossível de prever!), continuaremos com competitividade elevada das importações, sinalizando para um aumento dos volumes importados de lácteos em 2019;
     
  • Consumo: se a economia brasileira crescer em 2019 (os experts do mercado apontam para projeções de crescimento do PIB entre 2 e 2,5% no próximo ano), ela trará consigo o consumo de lácteos, que vem de 3 anos consecutivos de quedas. A sinalização é, portanto, positiva neste aspecto, mas com elevado grau de incerteza.

Assim, no “fritar dos ovos”, 2019 sinaliza ser um ano mais positivo para a cadeia láctea nacional, com produção e consumo em recuperação, apesar da constante ameaça dos lácteos importados. No entanto, deve-se considerar o enorme grau de incerteza deste cenário, dadas as variáveis políticas e econômicas envolvidas, e seguir “par e passo”, diariamente, para onde aponta o mercado.

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

3

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2018

Só uma coisa ficou esquecida, Valter Bertini Galan: o preço dos insumos que, com a alta do dólar, disparou, colocando por terra toda esta perspectiva. Não há produção que resista ao preço de R$ 89,00 por um saco de soja.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/11/2018

Olá Guilherme,

Obrigado pela suas observações!
De fato o preço dos insumos aumentou e, no início deste ano e até junho, o quadro era bastante difícil ao produtor, como mostra o artigo.

No entanto, a partir de julho e até o momento, o aumento nos preços ao produtor melhorou sensivelmente a relação de troca do leite com o milho e f. de soja, medida pelo RMCR, o que, na nossa visão, tende a novamente incentivar o crescimento da produção.

Forte abraço!

Valter
EM RESPOSTA A VALTER BERTINI GALAN
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/11/2018

Infelizmente, não é esse o quadro que presenciamos no setor, onde o dólar oscilante não permitiu o barateamento do valor dos insumos (fubá e farelo de soja) e, com a entrada do período da safra, os preços praticados pela indústria laticinista ao produtor estão em viés de baixa. Assim, a situação é, ainda, "bastante difícil para o produtor", não havendo como esperar qualquer incentivo ao aumento de produção, que se dará, não pelo momento melhor, mas, pela melhoria das condições meteorológicas e pela volta do nível proteico das pastagens, que estavam mitigados no período de entressafra, ValterBertin Galan.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures