Entre muitos atores e referências do setor de lácteos do Uruguai, a possibilidade de que o preço do leite ao produtor caia no início da próxima primavera está se formando.
Como reflexo do comportamento do mercado global de commodities e, em especial, de lácteos, a medida é esperada. A indústria tem feito um grande esforço para manter o preço da matéria-prima nos últimos meses. No entanto, as quedas dos valores internacionais levariam a uma avaliação criteriosa dessa estabilidade nos próximos meses.
Sem ir mais longe, a plataforma GDT experimentou nesta semana nova queda no preço médio, assim como nos quatro itens de interesse comercial para a cadeia de valor do leite nacional.
Quanto às variáveis habituais, sem desconsiderar o que acontece em um cenário mais amplo, continuam com um panorama razoavelmente aceitável. As exportações de lácteos registaram um leve decréscimo de 2% e totalizaram US$ 70 milhões no último mês analisado e, se for considerado o ocorrido no primeiro semestre de 2023, verifica-se que as vendas externas de todos os produtos cresceram 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a US$ 432 milhões.
No que diz respeito à captação de leite, em geral, as perspectivas têm melhorado em todos os setores. No caso do Conaprole, a recuperação se acelerou, como mostra a comparação mês a mês com os recordes do ano passado.
Em junho, a Conaprole recebeu 126 milhões de litros, volume 4,8% superior ao mesmo mês de 2022. Em maio, havia recebido 121 milhões de litros, com aumento de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No mercado internacional, o mais animador parece ser uma leve reativação das compras chinesas. De fato, as importações de lácteos caíram significativamente no ano passado em comparação com o recorde registrado em 2021.
Essa tendência de queda continuou fortemente durante os primeiros dois meses deste ano. Porém, a partir de março, os volumes importados pela China se equilibraram.
De acordo com um artigo do Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA), em maio o volume de produtos lácteos importados pela China teve um aumento de 1,9% em relação ao ano anterior, e em litros de equivalentes de leite de 9,3%, um aumento atribuível ao leite em pó.
Se a conduta chinesa iniciada em março se mantivesse ou se acentuasse nos próximos meses, todo o cenário internacional receberia o evento com impacto. Para os interesses da cadeia leiteira uruguaia, isso seria uma ótima notícia, especialmente quando as perspectivas para o atual principal cliente - o Brasil - parecem extremamente complicadas por razões sazonais - como acontece todos os anos - e também devido à pressão de organizações industriais e do governo Lula para interromper a compra de lácteos na Argentina e no Uruguai.
As informações são do Todo Lecheria, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.