A produção de leite é complexa e moldada por diversos fatores. É de conhecimento de todos que, ano após ano, com a evolução do setor, a gestão e profissionalização nas propriedades é ponto crucial para se manter na atividade.
É justamente por isso, que a consultoria técnica do leite é importante e fator de sobrevivência, em muitos casos. Contudo, existe no mercado tanto consultores individuais quanto empresas que prestam este tipo de serviço. Vocês, produtores de leite, técnicos e estudantes, já se questionaram em quais pontos elas diferem? Qual contratar ou em qual atuar? Para os profissionais, por onde e como começar?
Para saber mais sobre estes e outros tantos questionamentos sobre um assunto pertinente e rotineiro na atividade leiteira, conversamos com João Paulo Santos, Engenheiro Agrônomo, Sócio-Diretor na Cowtech Consultoria e Planejamento, e com mais de 20 anos de atuação na área de produção de leite como produtor e consultor.
Para João, o ponto de partida fundamental para iniciar uma empresa de consultoria é “a experiência prática acumulada do consultor no segmento em que deseja atuar.” Neste sentido, Santos completou dizendo que “o conhecimento teórico é transmitido com boa leitura, horas de estudo, treinamento, cursos, horas-aula e formação acadêmica. São atributos importantes, mas insuficientes para realização de uma consultoria de qualidade.”
Entretanto, além da bagagem, teórica e prática, João destacou características interpessoais importantes para a profissão. “É necessário ser ponderado, ter bom senso, sensibilidade para captar a demanda de cada momento, saber escutar e conseguir ter uma visão 360°, sempre,” disse.
“Além disso, quando tiver oportunidade de falar, é muito importante que o consultor consiga transmitir segurança, confiabilidade e credibilidade. Estes atributos não adquirimos em sala de aula,” acrescentou. “Quando sua mala estiver ‘bem cheia’ e ‘pesada’, seja um consultor!” finalizou.
Sobre as vantagens da consultoria em sociedade frente às individuais, o Engenheiro Agrônomo, destacou pontos como maior abrangência na zona de atuação (consultores podem estar espalhados em diferentes regiões do país); maior assertividade nas decisões e trabalho (desafios podem ser divididos, debatidos e decididos por ‘várias cabeças pensantes’) e menor custo operacional (divisão de eventuais despesas). Contudo, “existem diferentes vantagens em cada uma delas e acredito que não haja uma consultoria ideal,” ponderou João.
Além disso, Santos ressaltou que é importante diferenciar a “assistência ou suporte técnico” das "consultorias". De acordo com ele, “os serviços de assistência técnica, geralmente, são dirigidos para o atendimento de demandas específicas (pontuais), com menor prazo de duração. Já o trabalho de consultoria técnica, geralmente, engloba um trabalho mais abrangente cujo consultor designado, na maioria dos casos, acaba se envolvendo mais com toda estrutura de funcionamento do negócio.”
Neste sentido, acrescentou dizendo que “o consultor deve ser a pessoa capaz de atuar como ‘agente catalisador’ de processos, que pode e deve orientar o produtor sobre qual melhor caminho a ser percorrido, quais seriam as melhores alternativas ou opções para se atingir um determinado objetivo.”
Para entendermos também sobre a consultoria individual, conversamos com Wagner Beskow, Engenheiro Agrônomo, Pesquisador/Consultor e Sócio-Diretor da Transpondo, com mais de 20 anos de experiência profissional.
Na visão de Beskow, para iniciar uma carreira de consultor individual, além de uma boa formação na área, seja em nível médio, superior ou de pós-graduação, é preciso ter “desenvolvido atividades que lhe colocaram em contato direto íntimo com seu campo de atuação, em especial com os problemas que pretenderá ajudar a solucionar,” disse.
Contudo, Wagner completou dizendo que “a exposição ao desafio será a fase mais importante de qualificação do consultor. Portanto, ninguém estará 'pronto' ao iniciar. Haverá muita aprendizagem durante a prestação de serviços, mas é necessário ter atingido um nível mínimo de experiência e conhecimento que garanta que resultados negativos serão a exceção.”
Comparando a consultoria individual com as em sociedade, Beskow disse que “a consultoria individual pode ser uma boa opção para um profissional que sinta seguro sem o respaldo ou ajuda de outro(s) consultor(es), que consiga ler, se manter informado e se aprofundar constantemente em sua área de atuação sem a necessidade de um colega que lhe desafie ou lhe ajude a tirar dúvidas.”
Desse modo, acrescentou: “se o profissional tem perfil para trabalhar de forma individual, as vantagens seriam a facilidade de se autodeterminar e transformar essa maior liberdade de ação em resultados, menor burocracia e maior eficiência no uso do tempo.”
Além dos aspectos e perfil necessários para ser um consultor, Wagner pontuou alguns modelos de negócios, explicando que “há alguns anos o consultor seria um profissional liberal, necessitando apenas de um registro em sua prefeitura municipal, onde ele obteria um RPA (recibo do profissional autônomo), recolhendo taxa e tributos locais, mais seu imposto de renda da pessoa física.”
Todavia, “hoje, o padrão é via MEI (microempreendedor individual), uma forma de empresa (pessoa jurídica) sem a figura do sócio,” explicou Beskow. “Há ainda como ele ser um ‘consultor individual’, no sentido de que não há outro consultor em seu empreendimento, mas via uma sociedade com alguém que também aporte (integralize) capital no negócio e seja ou um sócio capitalista (participa apenas dos resultados, sem trabalhar na empresa) ou um sócio com função e atuação (por exemplo, cuida da parte financeira e burocrática)” finalizou.
Como podemos ver, a consultoria técnica do leite envolve diversos fatores e sem dúvidas exige dos profissionais conhecimentos além da universidade. Por isso, para suprirmos essa lacuna realizaremos o MilkPoint Experts: Feras da Consultoria.
Entre os dias 08 de outubro e 26 de novembro, todas as sextas-feiras pela manhã, teremos um encontro marcado com profissionais referência na pecuária leiteira, compartilhando conosco todos os seus conhecimentos práticos adquiridos na rotina da profissão. Para destrincharmos ainda mais a temática da consultoria individual e em sociedades, João Paulo Santos e o Wagner Beskow integram nosso time de palestrantes!
Então, se você quer ir além, não fazer mais do mesmo, se diferenciar e transformar realidades no leite, não pode deixar de participar do Feras da Consultoria! Entre no site, confira a programação completa e se inscreva agora! Esperamos você, sem falta, em mais um evento com a credibilidade e qualidade da marca MilkPoint. Vamos juntos?