Com um possível não-acordo do Brexit em aproximadamente 10 dias, a European Dairy Association (EDA) expressou preocupação com o impacto potencial sobre a indústria de laticínios europeia. Enquanto o governo do Reino Unido luta com todos os cenários possíveis – ausência de acordo, extensão do prazo de vários meses a um ano, ou até mesmo um possível segundo referendo e permanecimento na UE - a EDA está pedindo um Brexit suave para o bem da indústria de laticínios.
Entenda
O Conselho Europeu se reúne nesta quinta-feira (21) para discutir se concede ao Reino Unido um adiamento do Brexit, permitindo que o país deixe o bloco no dia 30 de junho, em vez de 29 de março, como inicialmente previsto. A primeira-ministra britânica, Theresa May, irá a Bruxelas para participar do encontro.
Para que a nova data seja aprovada, é preciso que todos os 27 integrantes da União Europeia concordem. Na quarta, data em que foi feito o pedido de May, o presidente do Conselho, Donald Tusk, disse acreditar que isso seria possível, desde que um acordo seja aprovado no Parlamento britânico.
Nos 28 países membros atuais da UE, existem 700.000 fazendas de leite, 12.000 locais de processamento e leite e mais de 300.000 pessoas trabalhando no setor. Na semana passada, o governo do Reino Unido emitiu algumas diretrizes potenciais que determinavam ausência de tarifas sobre alguns produtos, mas uma tarifa seria imposta ao queijo da UE. O queijo cheddar, por exemplo, teria um aumento de preço de 20 libras (26,54 dólares) por 100 kg.
O presidente da EDA, Michel Nalet, em carta ao Presidente do Conselho da UE, Donald Tusk e Representantes Permanentes dos Estados-Membros da UE antes da reunião do Conselho Europeu esta semana em Bruxelas, disse: “esta semana irá determinar a direção futura do Brexit e com ele, o futuro dos setores leiteiro europeu e britânico. A indústria de laticínios europeia está integrada além das fronteiras. Isto é especialmente verdade para a ilha da Irlanda, mas também se aplica ao resto da Europa”.
Nalet afirmou que o Brexit tem o potencial de criar uma escala completamente nova de crise do leite. “Elaboramos em conjunto com os nossos colegas da Dairy UK o nosso conceito de 'Future EU - UK Dairy Framework' como base para um Brexit bem gerido e responsável. Desde o início do processo Brexit, defendemos constantemente que o Reino Unido deixe a UE com um acordo que proteja a estreita relação comercial e garanta a viabilidade a longo prazo do setor de lácteos da UE. Como dissemos antes, nenhum acordo seria desastroso para os produtores de leite e consumidores de ambos os lados do canal. Esta semana é uma oportunidade para garantir que isso não aconteça, pois teríamos mais tempo".
Ele ainda completou: “se, como esperado, o Reino Unido pedir a prorrogação do prazo para o Brexit, garantiríamos uma saída mais suave e, principalmente, um período de transição que permitiria que as negociações sobre uma ambiciosa relação comercial futura comecem rapidamente”, finalizou Nalet.
As informações são do Dairy Reporter traduzidas pela Equipe MilkPoint.