A contribuição da cadeia leiteira da América Latina para o produto interno bruto (PIB) dos diferentes países da região é muito significativa, com valores que variam entre 15% e 25% do valor agrícola e entre 1% e 3% no valor global.
Mas, acima de tudo, ao contrário de outras cadeias de origem agrícola, a cadeia do leite tem dois diferenciais muito importantes: o valor agregado entre a fazenda e o consumo final, e o fato de uma parte substancial desse valor agregado ocorrer no meio rural.
Os elos de logística, processamento e comercialização de lácteos também oferecem aos países da região a possibilidade de utilizar de forma relativamente eficiente o potencial de agregação de valor como estratégia de crescimento e desenvolvimento da economia nacional.
Além disso, é permite a integração com cadeias globais de valor, perante as evidentes dificuldades apresentadas por outros setores econômicos tecnologicamente mais avançados e com maiores necessidades de investimento em capital fixo e recursos humanos sofisticados.
Este processo de criação de valor na cadeia de laticínios, tanto no nível primário quanto industrial, se traduz em uma importante vantagem relativa de geração de empregos no setor de lácteos. Por exemplo, com base em dados da Argentina, 2,7 EH (equivalente em homem) são usados para gerar um faturamento anual de US $ 100.000 na produção de leite.
Por outro lado, para o mesmo valor de faturamento, na produção agrícola extensiva (combinação de soja, milho e trigo, principalmente) 0,58 EH é usado em fazendas grandes e cerca de 1,20 em fazendas menores.
É reconhecido globalmente que o setor de laticínios tem uma demanda de trabalho muito importante nos setores industriais e de logística. Na região da América Latina, por exemplo, na Argentina a indústria de lácteos emprega cerca de 36.000 empregos diretos.
Na Colômbia, esse número sobe para mais de 55.000. Considerando uma média regional de 700 litros por pessoa por dia, haveria cerca de 320.000 empregos na indústria de laticínios em toda a América Latina.
Em vários países da região, a cadeia de lácteos tem demonstrado sua capacidade de contribuir positivamente para o saldo cambial por meio das exportações, não só nos casos mais tradicionais do Cone Sul (Argentina, Uruguai), mas também nos países da América Central (Nicarágua, Costa Rica) e, incipientemente, em outros (como o Paraguai, por exemplo).
Essa capacidade do setor lácteo em se articular com o mercado internacional se manifesta em países como o Peru, que, apesar de não ser produtor tradicional nem de grande envergadura, registrou em 2019 exportações de lácteos para 25 países da região da África e Ásia.
As informações são do documento “El sector lácteo de América Latina: Su contribución ambiental, nutricional, social y económica”, elaborado pela FEPALE, traduzidas pela Equipe MilkPoint.
*Fonte da foto: Freepik