Com o agravamento da estiagem no Sul do país, os Estados da região – além de Mato Grosso do Sul, também afetado – seguem contabilizando as perdas causadas pela falta de chuvas.
No Rio Grande do Sul, a secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, Silvana Covatti, reuniu-se ontem (05/01) com o Ministério da Agricultura e representantes do setor às vésperas de visita da ministra Tereza Cristina ao Estado, prevista para a próxima semana. “Estamos nos mobilizando porque sabemos que a situação no interior é crítica e não temos boas perspectivas sobre as condições climáticas”, afirmou a secretária durante a reunião, segundo comunicado.
Além do impacto no setor de grãos, a cadeia leiteira também registra prejuízos. Um levantamento inicial da Emater-RS apontou que 1,6 milhão de litros de leite estão deixando de ser captados por dia no Estado. O governador Eduardo Leite, que se reuniu pela manhã com Silvana Covatti, já solicitou à secretaria que estude condições de subsídio de taxas de juros em linhas de crédito rural contratadas pelos produtores de leite muito impactados pela falta de chuva.
Leite reuniu-se com os representantes da Secretaria de Agricultura estadual hoje para definir ações relacionadas à estiagem. Até esta quarta, 123 municípios gaúchos decretaram situação de emergência, sendo que 15 deles tiveram a situação homologada pelo Estado e 11 reconhecida pelo governo federal. As principais regiões atingidas no Estado são Norte e Nordeste.
No Estado, o programa Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural, anunciado em dezembro passado e com aporte de R$ 275,9 milhões, favorece, por exemplo, a qualificação da irrigação, onde devem ser investidos R$ 201,42 milhões. Segundo a secretaria, os recursos devem ser liberados em breve.
Ainda sobre a reunião da Agricultura com o ministério, os representantes estaduais solicitaram recursos para o fortalecimento do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper). Segundo a secretaria, o fundo é um instrumento financeiro, com operacionalização facilitada, que pode contribuir para que os resultados cheguem de forma mais rápida ao produtor. Por meio do instrumento é permitido financiar, por exemplo, compras de equipamentos, de alimentos, ações de irrigação e outros.
Paraná
O governo paranaense reviu hoje as estimativas de perdas com a seca no Estado. Apenas em soja, milho e feijão as perdas podem chegar a R$ 24 bilhões, segundo o novo cálculo. “As perdas conferidas pelos técnicos no campo estão sendo surpreendentes e em evolução. Refizemos algumas contagens nos últimos dias e os valores são superiores aos que tínhamos verificado e anunciado anteriormente”, disse o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, em nota.
Na sexta-feira, a estimativa das perdas do agronegócio estadual chegava a R$ 16,8 bilhões. A diferença decorre das variações de câmbio e das cotações de produtos que têm referência de preços internacionais, como a soja e o milho.
Inicialmente, projetou-se colheita de soja de pouco mais de 21 milhões de toneladas. No entanto, pelo levantamento desta quarta-feira, aproximadamente 7,9 milhões de toneladas não serão mais colhidos, restando uma produção de 13 milhões de toneladas. Somente nessa cultura, a estimativa de prejuízo monetário é de R$ 21,5 bilhões.
No milho de primeira safra, a previsão ainda parcial é de que haverá quebra de 34%, baixando das 4,2 milhões de toneladas previstas inicialmente para 2,7 milhões de toneladas. Os produtores deixarão de receber R$ 2 bilhões, informa hoje o governo paranaense.
Lavoura afetada pela estiagem no Paraná — Foto: Seab-PR/divulgação
Somente na área de abrangência da Coopavel, com sede em Cascavel (PR), a expectativa de quebra nas duas culturas é de cerca de 50%, informou a cooperativa. Os primeiros resultados da colheita de soja somam entre 20 e 30 sacas por hectare, sendo que a estimativa inicial era de 65 sacas por hectare. Já em milho, o rendimento soma 85 sacas por hectares, enquanto a projeção anterior era de 180 sacas por hectare. Até agora foram colhidos 2% em soja e 1% da área de milho.
O Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria da Agricultura paranaense, deverá divulgar um relatório consolidando os reflexos da seca para todas as culturas produzidas no Estado, que teve a situação de emergência decretada pelo governo na semana passada. Isso contribui para que os agricultores façam renegociações com fornecedores e bancos.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.
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