Rabobank: produção de leite cresce no Brasil no 1T, mas produtores têm margem apertada

O crescimento da produção de leite aumentou no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o ano anterior, quando houve uma fraca produção, e os preços relativamente altos na fazenda no início de 2021. 

O preço do leite pago ao produtor (preço nacional bruto do CEPEA) foi em média R$1,98/litro no 1º trimestre de 2021 em comparação com R$1,37/litro em 2020, representando um aumento de cerca de 44%. De acordo com dados preliminares do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), o volume de produção aumentou 3,5% em relação ao 1º trimestre de 2020. 

No entanto, os custos continuaram subindo em 2021, com os preços da soja e do milho atingindo novos recordes - conforme os preços da Bolsa de Chicago (CBOT) subiram e o real permaneceu fraco. Segundo dados do CEPEA, os custos de produção do leite aumentaram 9,1% nos primeiros quatro meses do ano, muito mais rápido do que a inflação anual, pressionando as margens dos produtores. 

O tempo seco também contribuiu para o aumento dos custos de produção, com menos forragem disponível, os agricultores do sul e sudeste do Brasil estão complementando as rações de seus rebanhos com ração à base de grãos. 

As indústrias estão lutando com margens apertadas no setor de laticínios em 2021. 

Os consumidores foram atingidos por uma segunda onda de Covid-19 em março e abril, numa época em que estavam vulneráveis devido à alta taxa de desocupação (14%), inflação de alimentos (15% nos últimos 12 meses), e a diminuição do Auxílio Emergencial.

As indústrias têm dificuldade em repassar os custos mais altos, não só do aumento dos preços do leite na fazenda, mas também de outros ingredientes como grãos, óleo vegetal, embalagens e energia. 

Dados recentes sugerem que a atividade econômica sofreu menos do que o esperado durante a segunda onda. 

As vendas no varejo caíram apenas 0,6% em março. Economistas de várias instituições financeiras estão elevando as expectativas de crescimento do PIB para 2021.

O forte crescimento global e as crescentes exportações de commodities estão impulsionando a atividade econômica, com um superávit comercial recorde esperado para o ano. O consenso do mercado aponta para um crescimento do PIB de menos de 4%, mas alguns especialistas sugerem que pode ser maior. 

A balança comercial de lácteos brasileira se expandiu, com importações e exportações crescendo até agora em 2021, afetando comparáveis fracos após a turbulência que fez com que o comércio desacelerasse no primeiro trimestre de 2020. 

No entanto, as exportações refletem algumas oportunidades de vendas internacionais em abril, especialmente para leite em pó integral, quando os preços internacionais altos e o real fraco deram aos exportadores brasileiros uma janela de oportunidade.

Olhando para o futuro, as exportações enfrentarão ventos contrários urgentes com o real ganhando terreno em relação ao dólar e os preços domésticos do leite permanecerão elevados, reduzindo a competitividade das exportações de lácteos brasileiras no mercado global.

As informações são do RaboBank, traduzidas e adaptadas pelo MilkPoint.