Há uma década, o iogurte grego estava em ascensão nos EUA. No Estado de Nova York, fazendeiros e políticos tinham esperanças de poder tirar bastante proveito disso.
Em 2005, Hamdi Ulukaya, nascido na Turquia e CEO da Chobani, investiu aproximadamente US$ 1 milhão para comprar uma antiga unidade de processamento de iogurte da Kraft em New Berlin, a 240 quilômetros a noroeste de Nova York. Em dois anos, Ulukaya já era um sucesso. Sua marca de iogurte estava nas geladeiras dos supermercados em todas as partes, deixando de lado marcas mais antigas e transformando o iogurte grego em elemento básico da dieta americana.
"O iogurte grego foi uma inovação muito grande do mercado de iogurtes", diz Caleb Bryant, analista sênior de bebidas da Mintel. Com as vendas em ascensão, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, convocou a primeira Cúpula do Iogurte do Estado, em 2012. No ano seguinte, depois que o estado se tornou o maior produtor de iogurte dos EUA, ele mudou a lei estadual para permitir que os produtores tivessem até 299 vacas, em vez de um máximo de 199, antes de ter que cumprir certas regulações ambientais.
A indústria de lácteos de Nova York se expandiu rapidamente. A produção de iogurte no Estado atingiu o pico naquele ano, triplicando o nível de 2007. Mas nos anos seguintes o iogurte grego começou a sofrer o mesmo destino que tem maltratado a indústria leiteira em geral - a mudança das preferências. De abril de 2017 a abril de 2018, as vendas de produtos Chobani cresceram apenas 1% e as vendas de todas as empresas do segmento caíram 2,2%.
Os produtores de leite de Nova York, que aproveitaram a oportunidade para expandir seus rebanhos há cinco anos, agora se perguntam se foi a decisão certa. "Disseram para nós que precisávamos expandir, e agora todos viraram as costas", contou Deb Windecker, produtora de leite e carne bovina na região de Mohawk Valley e antiga fornecedora da Chobani.
Os produtores dos EUA enfrentam no momento uma lista crescente de desafios. As guerras comerciais do governo Trump coincidiram com um período prolongado de preços já baixos do leite. O dólar forte está reduzindo as exportações e a consolidação levou ao fechamento de fazendas em todo o país. E o mais ameaçador: o longo declínio do consumo americano de leite fluido, o produto lácteo que gera mais rendimentos aos produtores, não dá sinal de crescimento.
Richard A. Ball, comissário do Departamento de Agricultura e Mercados de Nova York, disse que o Estado está tentando resolver os problemas dos produtores de Nova York. Entre as medidas, estão investimentos de mais de US$ 250 milhões na expansão da capacidade de processamento, pesquisas na Universidade Cornell sobre o desenvolvimento de uma bebida para recuperação baseada em leite para atletas, uso do leite para ajudar um programa contra a fome e um programa de marketing para mostrar aos consumidores que o leite é produzido localmente. "Creio que não exploramos toda a participação de mercado que podemos", disse Ball.
As informações são do Bloomberg, publicado pelo UOL.