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A Polícia Federal (PF) concluiu na última segunda-feira as investigações sobre irregularidades da Parmalat na Itália e no Brasil. Seis pessoas foram indiciadas pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, entre elas o ex-presidente e homem forte da empresa no Brasil, Gianni Grisendi, e o ex-diretor financeiro, Carlos Monteiro. O indiciamento não tem qualquer efeito sobre a atual gestão da empresa.
A investigação começou em 2004. Os policiais federais analisaram documentos contábeis e tomaram depoimentos de ex-empregados. A Polícia Federal apurou que as fraudes ocorreram entre 1998 e 1999. O trabalho de investigação identificou duas formas de fraude.
A primeira ocorria a partir da necessidade da Parmalat brasileira de captar recursos. Para isso, os diretores usavam operações de "blue chips swap". Eram emissões de notas promissórias no exterior. O valor obtido era usado para a compra de títulos do Tesouro americano. Esses papéis eram adquiridos pela Construtora Crescente, que recebia o valor no exterior (os títulos) e fazia o pagamento em reais à Parmalat no Brasil. Os títulos eram enviados para o Uruguai.
Desta forma, a empresa fazia captações sem o recolhimento de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) e sem conhecimento do Banco Central. A construtora mandava o dinheiro para fora, segundo apurou a PF, com operações de câmbio não autorizadas.
Quando a Parmalat precisava mandar dinheiro para o exterior, comprava os papéis do Tesouro americano. Eram operações de "centenas de milhões de dólares", indica a PF.
Outra fraude citada pela PF foi o recebimento de US$ 300 milhões de duas "off-shores" das Ilhas Caymann, registradas no Banco Central como investimento do país. Os recursos saíram para uma outra "off-shore" do grupo Parmalat no Uruguai, de nome Wishaw, como se fosse um empréstimo ao exterior Com isso, a Parmalat transformou o Brasil em ponte para o trânsito de recursos, com destino não identificado.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Agnaldo Brito), adaptado por Equipe MilkPoint
