A pandemia de coronavírus atingiu a economia do México e isso pode ter um efeito cascata nos mercados lácteo dos EUA. No primeiro trimestre deste ano, o produto interno bruto (PIB) do México caiu 1,6%, comparado com o quarto trimestre de 2019 e o trimestre comparável do ano anterior.
O Fundo Monetário Internacional está prevendo que o PIB bruto do México contraia 6,6% e o Bank of America espera uma queda de 8%. Na América Latina, o declínio esperado do México perde apenas para o da Venezuela, onde a economia está em colapso.
Monica Ganley, analista do Daily Dairy Report, observa que as questões econômicas do México são anteriores à pandemia de coronavírus. "O país entrou em uma recessão leve em 2019", diz Ganley. "A pandemia só piorou a situação e o verdadeiro impacto não se tornou aparente até março deste ano, quando o peso mexicano caiu, perdendo quase 20% de seu valor ao longo do mês".
O México é o maior mercado de laticínios dos Estados Unidos. De acordo com o Sistema Global de Comércio Agrícola do USDA, os EUA exportaram US$ 1,5 bilhão em produtos lácteos para o México no ano passado, representando aproximadamente um quarto de todas as exportações de lácteos do país em termos de valor. “Facilitado pela proximidade geográfica e pelo comércio livre de tarifas, o México tornou-se facilmente o mercado mais importante para as exportações dos EUA, mas os graves desafios enfrentados pela economia mexicana podem diminuir as perspectivas de exportação nos próximos meses”, diz Ganley.
Como a economia do México é altamente dependente do petróleo, o recente colapso nesse mercado aprofundou a crise. "Apesar da queda da produção doméstica de petróleo nos últimos anos, o governo do México permanece desproporcionalmente dependente deste segmento, com a empresa estatal de petróleo Pemex fornecendo cerca de 40% da receita do governo", diz Ganley.
"Com um balanço super alavancado e condições sombrias de mercado, o rating de crédito da Pemex foi reduzido em meados de abril, provocando uma liquidação de dívidas e aumentando significativamente os custos de empréstimos para a empresa. Alguns analistas acreditam que a dívida soberana do México poderá enfrentar um destino semelhante em breve ".
No futuro, Ganley diz que é improvável que o México procure nos mercados internacionais, incluindo os Estados Unidos, grandes volumes de produtos lácteos devido a sua moeda fraca, extrema incerteza econômica e demanda de serviços de alimentos dizimados pelo coronavírus. "As importações de laticínios do México devem desacelerar até que a situação normalize", acrescenta ela.
Na segunda quinzena de março, o México fechou escolas e estádios e recomendou que as pessoas ficassem em casa. No mês seguinte, o governo mexicano aumentou as restrições e suspendeu indústrias e serviços considerados não essenciais. De acordo com o Wall Street Journal, é provável que as restrições do México permaneçam em vigor até o final de maio para grande parte do país, com regiões com baixos níveis de contágio possivelmente reabrindo em meados de maio. "No entanto, mesmo quando as empresas começarem a reabrir, a grave crise econômica do país e o crescente número de pessoas na pobreza provavelmente continuarão impactando a demanda por laticínios por meses", disse Ganley.
As informações são do Farm Journal & MILK Magazine, traduzidas pela Equipe MilkPoint