Desde a fundação da empresa A2 Milk, em 2000, na Nova Zelândia, o interesse pelo leite A2 se tornou mundial e vem crescendo cada vez mais. A empresa, que inicialmente licenciava a propriedade intelectual para determinar o tipo de proteína que uma vaca produz em seu leite, em 2007, mudou seu modelo de negócios. De licenciamento para sociedade operacional de pleno direito, engajada na compra e venda de leite A2, ela se tornou uma marca na Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido e outros países desenvolvidos, com participação de 8% em alguns desses mercados.
O leite contém dois grandes grupos de proteínas: caseínas e proteínas do soro do leite. O leite A2 contém o tipo A2 de proteína beta-caseína, enquanto o leite A1 contém o tipo A1 de beta-caseína. A proteína A1 é uma mutação natural da A2 que ocorreu há mais de 1.000 anos e, na sua digestão, a proteína A1 produz beta-casomorfina-7 (BCM-7).
Os medos relacionados à A1
Houve relatos de que a proteína A1/BCM-7 tem efeitos negativos para a saúde, como doença cardíaca isquêmica, diabetes tipo 1, autismo, resposta inflamatória e desconforto digestivo, etc., mas a comunidade científica acredita que as evidências são insuficientes e inconclusivas.
Em 2009, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), não encontrou de fato relações de “causa e efeito” entre o BCM-7 e as doenças reportadas. Após a averiguação, mais pesquisas foram feitas sobre os efeitos gastrintestinais da A1 e do BCM-7.
Apesar da falta de evidências científicas conclusivas de estudos em humanos, várias empresas começaram a comercializar o leite A2 com alegações de que é natural, melhor e livre de efeitos negativos.
Status do gado na Índia
As raças autóctones de vacas e búfalos da Índia são do tipo que produzem leite A2 e, portanto, são uma fonte de leite seguro. O status A1/A2 do gado é determinado pelos dois alelos para o gene da beta-caseína, isto é, A1 e A2 e o gado pode ser homozigoto para um tipo de proteína (A1A1 ou A2A2), ou heterozigoto (A1A2). O gado A1A1 produziria apenas leite A1, A2A2 produziria apenas leite A2 e o gado A1A2 produziria leite com beta-caseínas A1 e A2.
Projeto de genótipo
Estudos do Departamento Nacional de Recursos Genéticos Animais (NBAGR), Karnal, abrangendo 22 espécies, estabeleceram que o genótipo predominante no gado nativo da Índia é A2A2, confirmando que nossas vacas e búfalos produzem leite A2. A frequência do alelo A2 foi de 100% nas cinco raças leiteiras de alto rendimento - Red Sindhi, Gir, Rathi, Shahiwal e Tharparkar, o que significa que estas raças não possuem o alelo A1 ou o genótipo A1A1/A1A2. Nas raças restantes, a disponibilidade do alelo A2 foi de 94%.
O NBAGR também relatou a alta frequência de alelo A2 entre os touros reprodutores, apoiando ainda mais a crença de que o leite que vem sendo vendido na Índia é seguro para consumo humano. Comparativamente, nas raças exóticas como Jersey e Holstein Friesian, a disponibilidade do alelo A2 é muito baixa.
Considerando o uso difundido de tipos exóticos em programas de cruzamento indiano e o fato de que essas raças exóticas são fonte do alelo A1, há necessidade de cautela em futuras atividades de reprodução para assegurar que o alelo A1 não seja fixado em raças indianas de gado.
Atualmente, o NBAGR está implementando um projeto chamado “Delineamento de variantes de beta-caseína em vacas indianas e potenciais implicações para a saúde do leite A1A2”. A agência também está oferecendo um serviço para genotipagem do alelo A1/A2 a partir de amostras de leite ou sangue em espécies de gado, a custo nominal. Empresas privadas na Índia também se aventuraram nisso, oferecendo kits de detecção de alelos.
Leite A2 na Índia
Recentemente, várias unidades de lácteos (unidades locais e algumas empresas organizadas) na Índia começaram a oferecer o leite A2 a um preço premium para os consumidores. Algumas das marcas de leite da A2 são Amul Deshi, Desigo, Haritas, GoShrushti entre outras.
O recente surgimento de vários produtores de leite A2 na Índia é uma indicação da disposição dos consumidores de pagar um premium pela percepção de melhor qualidade e leite mais seguro. Em vez de lançar o leite A2, os produtores podem atender a este segmento premium, oferecendo uma proposta de melhor valor, como leite com alto teor de proteína, leite sem lactose, adulterante ou antibiótico, leite orgânico certificado, etc.
Impulsionando raças locais
O governo está tomando medidas para conservar as raças nativas de todas as regiões e as empresas privadas também podem desempenhar um importante papel colaborativo nesses esforços.
Os laticínios privados também poderiam trabalhar para melhorar a produtividade das comunidades (que têm baixa produtividade) por meio de melhor reprodução, melhor manejo agrícola e alimentar e melhor saúde animal. Existe um enorme potencial para as unidades leiteiras empreendedoras aproveitarem o leite de búfala e atender à crescente demanda de leite A2 e produtos de valor agregado no mercado internacional.
As informações são do artigo de KV Satyanarayana, para o jornal indiano The Hindu Business Line, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.