Com sua indústria de laticínios gerando cerca de US$ 14 bilhões por ano em receitas de exportação, a Nova Zelândia poderia, com razão, ser considerada o último lugar a promover ativamente ou desenvolver substitutos do leite. Mas não é o que parece.
Pesquisadores e o setor de alimentos e bebidas do país estão aproveitando ao máximo o conhecimento especializado em processamento de alimentos para construir plataformas especializadas no mercado de bebidas à base de vegetais. "Se você puder cultivá-lo, provavelmente poderá ordenhá-lo", disse Alex Nicolle, gerente técnico de clientes do centro da FoodSouth da Rede de Inovação em Alimentos apoiada pelo governo da Nova Zelândia.
Com o aumento global da demanda do consumidor por produtos de base vegetal - que agora se estendem muito além das bebidas de soja e amêndoa - os pesquisadores da FoodSouth analisaram uma série de opções para o consumo de alimentos alternativos ao leite. Se as atuais parcerias da FoodSouth com empresas de alimentos e com startups forem bem-sucedidas comercialmente, os produtores da Nova Zelândia também poderão ter uma presença significativa na indústria "não leiteira" da nova era.
“As técnicas de extração e produção dos alimentos de base vegetal envolvidas são bastante diretas, mas um dos produtos em que estamos trabalhando é novo”. Nicolle disse que a busca por produtos diferentes foi impulsionada em parte pela realidade de que alguns consumidores eram intolerantes à lactose ou simplesmente não consumiam leite e seus derivados. "Há pessoas que se sentem desconfortáveis em comprar produtos lácteos porque têm preocupações com o meio ambiente ou com o bem-estar dos animais, ou veem os alimentos de base vegetal como uma opção alimentar mais saudável", explicou.
A Nova Zelândia sempre 'ostentou' uma sólida capacidade de processamento de alimentos, que havia sido aprimorada por sua proeza técnica na pesquisa de produtos lácteos, de modo que dar o próximo passo para aproveitar as tendências do mercado e extrair mais eficiência dos fabricantes de alimentos e fazendas foi um passo inteligente. Em muitos casos, a FoodSouth estava analisando a melhor forma de agregar valor aos subprodutos de alimentos ricos em proteínas, atualmente destinados ao uso de alimentos animais após a extração do óleo - por exemplo, canola e girassol.
Na Universidade Massey, na Ilha Norte da Nova Zelândia, outro centro de pesquisa do Food Innovation Research, o FoodBowl, está trabalhando com a recém-formada Sunfed Meats para produzir um produto semelhante a carne feito a partir de ervilhas. “Os detalhes comerciais são confidenciais, mas posso adiantar que o setor onde estamos apostando mais fichas é no de bebidas, embora já existam bastante opções no mercado", continuou Nicolle, nas instalações da Universidade Otago da FoodSouth.
Segundo ele, um dos próximos desafios é aumentar o processamento para fornecer capacidade de infraestrutura suficiente para encorajar os agricultores a verem na proteína vegetal (da horticultura ou cultivo em larga escala) uma opção realista no uso da terra. "Temos que encontrar os caminhos certos para transformar proteínas líquidas em pó em grande escala".
Combinada com os benefícios ambientais da produção agrícola mista, a agricultura proteica ofereceu oportunidades para aproveitar os bons solos e clima da Nova Zelândia e ampliar a base de exportação agrícola do país. O mercado global de produtos alternativos não lácteos valia quase US$ 10 bilhões em 2016. Esse mercado é em grande parte impulsionado pelos millennials e consumidores da Geração Z todos os dias - os flexitarianos (que consomem produtos de origem animal mas gostam de experimentar as opções vegetais) - e que estão interessados em consumir alimentos diferentes.
Os esforços para o aumento de pesquisa e produção da FoodSouth não se limitam a alternativas de alimentos e bebidas. Eles abrangem uma série de desenvolvimentos utilizando novas tecnologias para minimizar o impacto do processamento de alimentos, de modo que as melhores características de sabor, cor, vida útil e conteúdo nutricional sejam preservadas para o consumidor mais seletivo de hoje.
Isso inclui o uso de processos que implantam um campo elétrico em torno de diversos produtos com o objetivo de quebrar paredes de células de alimentos, destruindo bactérias e tornando o processamento mais eficiente. O processo reduz os custos de energia e melhora a capacidade dos alimentos de manter o sabor e a cor, como já citado anteriormente.
As informações são do Edairy News, traduzidas, resumidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.