A introdução de um “eco-score” na França para alertar os consumidores sobre o impacto ambiental do alimento que compram tende a ampliar a pressão sobre produtos brasileiros. Em 2020, as exportações do agronegócio do Brasil à União Europeia somaram US$ 16,3 bilhões.
O Yuka, um aplicativo sobre qualidade nutricional de um produto e seu potencial perigo, lançará o eco-score no mês que vem para seus 14,5 milhões de usuários na França — no total, segundo a porta-voz Ophélia Biershwale, o aplicativo tem 20,5 milhões de usuários, distribuídos também por Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Espanha, Itália, Reino Unido, Irlanda, EUA, Canadá e Austrália.
Cada alimento é classificado em uma escala de 0 a 100, que leva em conta modo de produção, transformação, embalagem, transporte, política ambiental do país produtor, impacto sobre a biodiversidade, emissão de CO² e poluição em geral.
Quando o consumidor estiver em um supermercado, bastará escanear o produto na prateleira para receber o eco-score a classificação vai de A (pegada ambiental baixa) a E (impacto mais elevado).
Isso significa que um produto orgânico francês, por exemplo, terá quase automaticamente uma melhor nota, o que servirá de orientação a consumidores e varejistas. Já alimentos procedentes de países distantes e com reputação complicada terão notas piores. No caso do Brasil, é difícil explicar hoje a um europeu que a produção de um determinado item não ameaça a floresta amazônica.
O eco-score já provoca mobilização na Europa — tradings e indústrias de sucos, por exemplo, estão preocupadas com o que vai acontecer a partir de fevereiro. Ele também entrou no radar do governo brasileiro, que quer participar da construção dos critérios que o nortearão.
O Yuka tem sido um sucesso, a ponto de já ter expandindo sua avaliação de qualidade para cosméticos. Recentemente, teve problema na Justiça ao sugerir que conservas seriam impactadas pelo risco de efeitos tóxicos do alumínio.
As informações são do Valor Econômico.