Leite europeu defende sua posição frente à OMC

No dia 11 de novembro, uma delegação da Associação Européia de Lácteos (European Dairy Association - EDA) se reuniu com a comissária da Agricultura da União Européia (UE), Mariann Fischer Boel. Na ocasião, a EDA defendeu sua posição com relação às negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre agricultura e a mantém para as próximas negociações.

Sobretudo, a EDA enfatiza que qualquer acordo da OMC deveria dar à indústria de lácteos a oportunidade de empreender com sucesso o desenvolvimento estrutural requerido mais adiante pelo ambiente comercial mundial que se transforma, com relação ao tempo (planejamento gradual em fases) e com relação às perspectivas programadas (responder às mudanças no padrão comercial internacional). Isso se traduz nos seguintes pontos:

- A EDA apóia a busca da liberação comercial multilateral através da OMC. A indústria de lácteos é bem desenvolvida e considera que qualquer acordo da OMC pode ser a base de um aumento nas oportunidades comerciais;

- Qualquer anulação em fases dos esquemas de suporte às exportações e decréscimos nas tarifas de importação deveriam ser feitos gradualmente durante todo o período de implementação, com velocidade aumentada no final do período; uma sobrecarga inicial não é aceitável;

- Com relação ao subsídio às exportações, para que a indústria se adapte durante o período de eliminação gradual, qualquer redução no volume sujeito a subsídios não é aceitável: a redução deve ser feita somente através de cortes no orçamento;

- Com relação ao acesso a mercados, a atual proposta da UE é o limite; qualquer outra redução nas tarifas de importação resultará em um decréscimo significante no preço do leite, que vai além dos acordos determinados na reforma da Política Agrícola Comum (PAC), a base para o mandato da UE;

- A EDA e a indústria de lácteos defendem uma conduta comparável e bem balanceada com outros países desenvolvidos como Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, com relação a todos os três pilares (suporte à exportação, acesso a mercados e suporte doméstico).

Comentando as próximas negociações da OMC e seu potencial impacto na indústria de lácteos da Europa, o presidente da EDA, Veijo Meriläinen, disse que "a EDA está ciente do potencial aumento nas oportunidades comerciais que as negociações da OMC representam para a indústria de lácteos; porém, qualquer acordo da OMC terá que ser bem balanceado com um calendário razoável para que a indústria de lácteos européia se adapte a qualquer situação e com uma programação flexível o suficiente para permitir que a indústria de lácteos adapte seu mix de produtos para responder às mudanças nos padrões comerciais internacionais. Nosso objetivo, como organização, é nos certificar que o setor de lácteos europeu - produtores e processadores - permanecem prósperos agora e no futuro".

A EDA representa os interesses dos processadores de lácteos na UE. Os membros da EDA são associações comerciais nacionais para processadores de lácteos em todos os Estados Membros da UE.

Comentário MilkPoint: A posição da EDA deixa claro que a atuação nos 3 pilares (suporte à exportação, acesso a mercados e subsídios domésticos) por parte da Aliança Láctea Global será muito difícil. A União Européia sabe que não tem como competir globalmente na maior parte dos produtos lácteos, tanto que vem perdendo espaço para Austrália e Nova Zelândia, principalmente. Se de fato vai haver flexibilização por parte da União Européia, a ponto de resultar em menores distorções no comércio mundial de lácteos, só vendo para crer...

Fonte: European Dairy Association (EDA), adaptado por Equipe MilkPoint