Leite de fronteira é tema de debate em congresso
Publicado por: MilkPoint
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Segundo o professor Luis Fernando Laranja, do Instituto Ouro Verde, a produção de leite brasileira cresceu em torno de 3,5% ao ano entre 1990 e 2002, havendo, porém, crescimento desigual em relação às regiões. Enquanto o Norte cresceu 181%, o Centro-Oeste cresceu 108%, o Nordeste 16% e o Sul 69% no período. "São várias as razões para esse fenômeno, com destaque para questões mercadológicas, como o crescimento do leite UHT e queijos, tecnológicas, logística e a questão fundiária", diz Laranja.
Ele mostrou dados indicando que entre as microrregiões que mais crescem nos estados de fronteira, estão aquelas que tiveram a maior quantidade de assentamentos de reforma agrária e projetos de colonização privada. Embora não possa comprovar que o aumento da produção nas regiões de fronteira se dá fundamentalmente nesses projetos, os dados apresentados pelo Prof. Laranja sugerem que há uma alta correlação entre aumento da produção de leite e a presença de assentamentos. "A atividade leiteira é a única opção de muitos pequenos produtores assentados, pois permite a exploração em escala reduzida, ocupa mão-de-obra e dá receita regular", afirma. "O leite acompanha a expansão da fronteira agrícola, onde tem um agricultor tem uma vaca e onde tem uma vaca tem leite", completa ele.
Com base nesse cenário, o Prof. Laranja acredita que o número de produtores de leite está aumentando em vez de diminuir. "Uma coisa é o que acontece nas regiões tradicionais, em que há mais alternativas econômicas e pressão para o aumento de escala. Outra, é o que ocorre em regiões mais distantes, com poucas alternativas para quem está estabelecido. Nesses regiões, estou convencido que o número de produtores vem aumentando significativamente", diz ele.
O Prof. Vidal Pedroso de Faria, da Fealq, concorda: "O indivíduo tira leite quando não tem outra atividade. O leite é considerado uma atividade fácil para alguns. Existe muito leite extrativo, aquele em que o individuo não é especializado, uma característica destes indivíduos da fronteira", completa.
Ernesto Krug, engenheiro agrônomo e diretor da Avipal, no RS, abordou a situação da indústria, indicando a necessidade das empresas buscarem um mix de produtos diferentes do que se encontra hoje no mercado, buscando nichos mais rentáveis. "Deve-se buscar uma ação conjunta dos diferentes elos da cadeia e buscar um sistema de produção compatível com a realidade dos produtores", disse. Para ele, é importante investir no marketing institucional.
O professor Vidal relatou a evolução da cadeia leiteira no país, dizendo que nesta década o Brasil iniciou uma revolução na atividade, sendo exemplo a granelização e agora o pagamento por qualidade. Para ele, existe a consciência da necessidade da coleta de dados e de sua avaliação econômica, mas existem alguns problemas, como a uniformização do conhecimento técnico relativo a modelos de produção, a necessidade de uma tecnologia para desdobramento do leite, visando produtos mais rentáveis, e também uma conscientização dos produtores a respeito dos números.
O Congresso internacional do Leite foi realizado pela Embrapa Gado de Leite e parceiros, com a presença de mais de 600 pessoas.
Fonte: Joice Rodrigues, da Equipe MilkPoint
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