Em uma reunião entre a United Dairy Industry Association, o Conselho Nacional de Promoção e Pesquisa de Lácteos e a Federação Nacional de Produtores de Leite dos EUA, produtores e líderes do setor lácteo nos Estados Unidos discutiram a proteção da indústria láctea contra grupos contrários à produção de proteína animal.
A indústria de lácteos está priorizando a discussão desse tema e a união contra a ameaça oferecida pelos produtos à base de plantas. O CEO da Dairy Management Inc (DMI), Tom Gallagher, alertou que os grupos anti-pecuária estão trabalhando para eliminar o Dairy Checoff.
O Dairy Promotion Program, ou National Dairy Checkoff, financia a promoção de produtos lácteos, pesquisa e educação nutricional nos EUA, além de organizações como a DMI e o Conselho de Exportação de Lácteos dos EUA (USDEC). O evento reuniu as principais associações de laticínios de Nova Orleans este mês para discursos de liderança e apresentação de prêmios.
Os produtos à base de plantas dividem
Gallagher conversou com mais de 800 participantes na reunião e compartilhou dados do USDA que mostram que o consumo de laticínios por pessoa cresceu 73 libras (33,11 quilos) desde o início do Dairy Checkoff, em 1983. Ele falou sobre a missão da DMI, que é aumentar as vendas de laticínios, bem como ganhar a confiança do consumidor.
A DMI faz isso sendo transparente com seus clientes, compartilhando como os produtores cuidam de seus animais, terras e funcionários, de acordo com Gallagher. Ele alega que os grupos que defendem alimentos à base de plantas procuram "criar uma divisão entre os laticínios" dos EUA e que eles estão "se infiltrando nas ideias do consumidor".
"Não se engane, eles só têm um objetivo: eliminar toda a pecuária neste país", disse Gallagher. “Senhoras e senhores, esse é o seu maior problema. Alternativas lácteas produzidas em laboratório virão e vamos lidar com isso. As bebidas à base de plantas já estão aqui, ganharam consumidores e nós lidaremos com isso também."
A DMI disse que possui sete medidas estratégicas para impulsionar as vendas e ganhar confiança para os laticínios, sustentando mais de US$ 100 bilhões em vendas anuais no varejo. O Checkoff também está liderando os esforços de revitalização do leite fluido, tratando de elementos fundamentais, como infraestrutura, inovação e marketing de marcas.
O presidente da DMI, Barb O’Brien, disse: "Os problemas enfrentados pelo leite não são apenas a conscientização do consumidor. As questões são mais fundamentais e exigem trabalhar com o meio da cadeia, com as cooperativas, processadores e varejistas, que controlam o produto e como ele entra no mercado.”
Tom Gallagher, CEO da DMI
Um compromisso flexitariano não é suficiente
A DMI também destacou sua recente colaboração com o McDonald's para produzir um leite com chocolate com redução de açúcar e baixo teor de gordura, nos EUA. Eles consideram esse tipo de parceria importante para movimentar o setor de lácteos e manter o leite e derivados como um "ingrediente-chave" em bebidas de fast food como a McCafe.
Paul Ziemnisky, vice-presidente executivo das parcerias globais de inovação da DMI, disse: “O que queremos fazer é representar os produtores, para que tenham voz. Os concorrentes que estão vendendo produtos substitutos do leite estão dizendo aos varejistas para diminuírem um metro no espaço destinado ao leite convencional [no setor de lácteos], que não está sendo usado.”
“Juntamente com a Darigold (empresa de marketing para os lácteos), nos encontramos com a Albertson (rede de supermercados) e mostramos a eles os fatos e o quão poderoso é o leite. Preservamos nosso espaço nas prateleiras. É isso que queremos fazer: garantir que os varejistas entendam a importância dos laticínios".
No entanto, as organizações e marcas alternativas ao leite continuam a crescer e exigem espaço nas prateleiras nos EUA. As dietas à base de plantas estão aumentando em todo o mundo e agora é fácil encontrar substitutos para o leite, queijo e manteiga em qualquer supermercado local.
As marcas de alimentos plant based estão chegando ao ponto de adquirir fazendas de leite para converter em produção de plantas, como a Miyoko's Creamery anunciou na semana passada. Eles acreditam que uma dieta livre de animais não é apenas mais saudável para os seres humanos, mas também mais sustentável para o planeta.
Este é um debate que dura há anos e é improvável que se resolva tão cedo, mesmo com os consumidores demonstrando adesão à dietas "flexitarianas". Muitos americanos estão incorporando ambos – leite de vaca e alternativas à base de plantas – em suas compras, não querendo substituir totalmente um pelo outro.
Contudo, Gallagher estimulou os pecuaristas na reunião de Nova Orleans a permanecerem unidos contra os grupos que defendem alimentação exclusivamente à base de plantas e disse a eles: "Acabamos de voltar nossas atenções para isso. Esse pessoal anti-pecuária não vai derrotar vocês."
As informações são do Dairy Reporter, adaptadas e traduzidas pela Equipe MilkPoint.
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