FAO: crescimento na demanda de lácteos na Ásia e África

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Índice de preços dos lácteos atinge valor mais alto dos últimos 15 anos em setembro

O Índice Internacional de Preços de produtos lácteos (1990-92=100) da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization - FAO) se estabilizou entre 160-165 durante o ano de 2005, atingindo seu valor mais alto dos últimos 15 anos em setembro, antes de cair marginalmente para 163 em novembro. A expectativa é de que, com o final do ano, o valor médio do índice de preços em 2005 fique em 162, comparado com o valor de 145 no ano anterior.

Os preços têm permanecido altos, principalmente devido ao forte crescimento na demanda em partes do sudeste da Ásia e na África do Norte, mas também devido à oferta limitada na Oceania e aos menores subsídios de exportação da União Européia (UE).

Com relação aos principais produtos lácteos individuais, os preços de exportação de novembro da Oceania para manteiga e leite em pó integral aumentaram 3%, enquanto o de queijos (cheddar) aumentou quase 5% com relação ao mesmo mês do ano anterior. Convertendo os preços da Oceania para manteiga e leite em pó desnatado em leite equivalente e ajustando para uma margem de 15% para processamento, os preços mundiais do leite na fazenda (base Oceania) foram de cerca de US$ 0,23 por quilo, substancialmente acima da tendência de seu valor, de cerca de US$ 0,19 por quilo. Com preços assim tão altos, a produção deverá aumentar o que, em último caso, levará a uma redução de preços.

Durante o ano de 2005, os subsídios às exportações da UE foram substancialmente reduzidos, levando a altos preços mundiais, declínio nos preços de intervenção e menores estoques de intervenção. Porém, estes subsídios continuam substanciais, em 921 euros (US$ 1,1 mil) por tonelada, 100 euros (US$ 119,44) por tonelada, 459 euros (US$ 548,25) por tonelada e 50 euros (US$ 59,72) por tonelada para manteiga, leite em pó desnatado, queijos e leite em pó integral, respectivamente. Como os reembolsos variam inversamente aos movimentos de preços mundiais, eles tendem a exacerbar as flutuações de preços, apesar de seus efeitos nos mercados serem menores desde que a participação da UE nos mercados de exportação declinou.

Indicativo dos preços de exportação de lácteos (US$/tonelada, FOB)

Figura 1

Crescimento na produção global fortalece em 2005

Estimulada pelos altos preços internacionais, a produção de leite deverá crescer 2,4% em 2005 após um aumento de 1,9% no ano anterior. A maioria da expansão ocorrerá pelo crescimento na Ásia e nos EUA. Por grupo econômico, a produção de leite nos países em desenvolvimento deverá crescer mais de 4% em 2005, comparado com menos de 1% dos países desenvolvidos. Nos últimos anos, grande parte do dinamismo da indústria de lácteos foi impulsionado pelos desenvolvimentos tanto na oferta como na demanda nos países em desenvolvimento.

Porém, o crescimento na produção permanece limitado em tradicionais países exportadores.

A produção de leite na Oceania caiu mais de 2% em 2004/05 (ano comercial que terminou em maio de 2005), com a produção na Nova Zelândia caindo 4% e da Austrália aumentando somente 0,5%. As condições climáticas desfavoráveis na Nova Zelândia foram responsáveis pelo decréscimo neste país, enquanto a Austrália ainda se recupera da seca do ano anterior.

A produção na Oceania deverá começar a aumentar em curto prazo. Questiona-se se haverá resposta da oferta de leite aos altos preços. No entanto, deve-se ter em mente que tanto a Nova Zelândia, como a Austrália tiveram uma significante valorização em sua taxa de câmbio nos últimos anos, o que significa que os preços a seus produtores não aumentaram na mesma proporção dos preços em dólares dos EUA.

Em outros países desenvolvidos, a produção de leite nos EUA deverá aumentar 3,5% em 2005 em resposta aos maiores preços domésticos e às favoráveis condições de produção de alimentos animais. Na UE, a produção deverá crescer levemente em 2005, refazendo-se do decréscimo do ano anterior; a produção permanece bastante abaixo da cota e flutua em torno de 145-146 milhões de toneladas. Similarmente em outros países sujeitos à produção com quantidade limitada, a produção varia em torno de 7,8 milhões de toneladas no Canadá, 3,6 milhões de toneladas na Suíça e 8,2-8,3 milhões de toneladas no Japão.

Após aumentar nos últimos anos desta década, a produção de leite em muitos países em transição declinou nos últimos três anos devido principalmente à redução dos rebanhos leiteiros e à contínua adaptação à economia de mercado. Para 2005, a produção deverá crescer um pouco na Ucrânia, embora deva cair 2,5% na Rússia.

Ásia: região de mais forte crescimento

Entre os países em desenvolvimento, a produção na Índia continua crescendo fortemente em uma base anual à medida que os investimentos continuam no setor, enquanto os fortes aumentos na demanda doméstica sustentam os preços. Condições climáticas normais neste ano levaram à ampla oferta de alimentos animais e a produção deverá crescer mais de 4% em 2005. O país agora representa mais da metade da produção total de leite da Ásia e está reforçando sua posição como o maior produtor de leite do mundo. Com altos preços internacionais, os mercados de exportação oferecem potencial para mais crescimento.

O país com mais rápido crescimento na produção é a China, que quase dobrou sua produção de leite desde 2001. entretanto, alguns relatórios indicam que a taxa de crescimento tem reduzido um pouco em 2005, devido aos altos custos de produção. A produção em 2005 agora deverá crescer 20%, menos que os 26% do ano anterior.

No Paquistão, que é o quinto país de maior produção de leite do mundo, a produção continua aumentando em uma taxa de 3% ao ano. O setor de lácteos representa mais de 40% do valor da produção agrícola e é uma fonte crítica de receita. O consumo de produtos lácteos constitui quase 15% da ingestão diária de calorias.

Para a América Central e Caribe, a produção de leite deverá crescer 2,7% em 2005, à medida que os produtores de leite com baixo custo responderam aos altos preços internacionais nos dois últimos anos. A produção na Costa Rica atingiu seu nível recorde em 2005. Na América do Sul, o crescimento continua forte, em 3,9%, com taxas particularmente altas esperadas na Argentina, de 4,6%, e no Brasil, de 4,0%. A produção no Chile continua se expandindo em mais de 5%. O Peru registrou uma taxa anual de 3-4% e isso deverá continuar com os altos preços. A produção no Uruguai deverá se expandir em 8% em 2005, após dois anos de lento crescimento.

Na África, as condições para a produção de leite variam significantemente. Os relatórios indicam que a estação de chuvas neste ano foi favorável. No Egito, a produção de leite deverá aumentar 2,6% em 2005, com maior nível de produção por vaca. A produção de leite no Quênia em 2005 deverá aumentar em resposta às favoráveis condições climáticas e aos preços estáveis. Na África do Sul, a produção deverá crescer 3% em 2004/05, após um aumento de mais de 6% em 2003/04.

Produção de leite nos principais países produtores (milhões de toneladas)

Figura 2

Em 15/12/05 - 1 Euro = US$ 1,19446
0,83720 Euro = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), adaptado por Equipe MilkPoint
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