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Especial Região Sul, Agrop. Nova Esperança: "o sucesso é oriundo do alinhamento de toda equipe"

POR LAURA CANDIOTTO MEDEIROS

E MAYSA SERPA

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 12/02/2020

8 MIN DE LEITURA

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O Especial Região Sul dessa semana conta a história da Agropecuária Nova Esperança, localizada em Vespasiano Corrêa/RS. Trata-se de uma propriedade alicerçada na agricultura familiar, rica em alinhamento e foco, o que torna o dia-a-dia harmônico e eficiente. Quem conversou conosco foi um dos herdeiros da propriedade, Fabrício Balerini.


Família Balerini e colaboradores. Da esquerda para direita, um tio de Fabrício, Ramaiany (estagiária), Selvi (pai), Marlene (mãe), Renan (estagiário), Inês (tia), Vitelmo (tio) e Leonir (primo).

A Agropecuária Nova Esperança está aos cuidados da Família Balerini há mais de 100 anos. Sua história começa com os avós dos atuais proprietários, que iniciaram as atividades na terra, trabalhando com fumicultura, suinocultura, produção de milho e pecuária leiteira. Os 13 filhos que o casal gerou foram criados nos 25 hectares de área da propriedade. Contudo, conforme foram crescendo, acabaram se dispersando para trilharem seus próprios caminhos.

Dois irmãos, Selvi e Vitelmo, no entanto, voltaram para a propriedade em 1970 para dar continuidade aos negócios dos pais. Para produção de soja e milho, arrendavam áreas de vizinhos. Essa época coincidiu com a intensificação do êxodo rural e consequente desvalorização dos preços das terras, o que facilitou a expansão do terreno. Para eles, a pecuária leiteira era bastante atrativa, devido à boa remuneração, maior produção por hectare, melhor uso da mão de obra disponível, gosto pela atividade e, na média dos anos, retorno positivo, apesar das oscilações de preço. Além disso, era possível otimizar a mão-de-obra, visto que suas esposas poderiam realizar a ordenha dos animais e eles cuidarem da alimentação. Sendo assim, decidiram investir nesta atividade.

Eles moravam na propriedade com suas esposas e seus filhos, que sempre tiveram contato com o campo, mas foram incentivados a estudar e obter uma formação superior. Sendo assim, formaram-se um Técnico Agrícola, dois Engenheiros Agrônomos (ambos com curso Técnico Agrícola também), uma Médica Veterinária e uma Administradora de Empresas.

Nos anos 2000, Leonir, um dos filhos retornou para auxiliar nas atividades da Agropecuária e iniciar o processo de sucessão familiar. Até o ano de 2016, os demais terminavam seus estudos e ajudavam na propriedade conforme suas possibilidades. “No ano de 2016, iniciou-se a condução do processo sucessório de forma oficial, por meio de reuniões para discutir o assunto e o futuro da propriedade. Passou-se a fazer o levantamento de dados financeiros, zootécnicos e agrícolas para que fosse possível fazer uma análise das atividades da propriedade, que atualmente envolve a produção de leite, de grãos e uma participação menor da prestação de serviços. Atualmente participam das atividades da propriedade os 2 casais, ajudando sempre que possível, uma vez que todos já estão aposentados, três filhos e dois funcionários”, contou Fabrício.


Reunião diária após a ordenha da manhã (da esquerda para direita Fabrício, Andreza - uma das herdeiras da propriedade, formada em Administração, estagiária Laura, da Colômbia, colaborador Vinícius e estagiário Mateus, da UFGRS).

A propriedade trabalha com o sistema de confinamento free stall com capacidade para 80 vacas Holandesas em lactação. Um outro galpão está sendo adaptado para acomodar mais algumas vacas lactantes, aumentando a capacidade para um total de 95 vacas. A produção média de leite diária é de 2800 litros, sendo 35 litros por animal e a projeção futura é de 3300 litros.


Animais alojados no sistema free stall.

Desde 2016, a propriedade está trabalhando intensamente no quesito qualidade do leite e hoje conta com um laboratório para diagnóstico de patógenos da mastite. A proposta é diminuir os parâmetros Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT) e aumentar proteína e gordura do leite. “Inicialmente optamos por focar no ‘arroz com feijão’, padronizando processos na rotina de ordenha e higienização de equipamento, coleta de amostras mensais individuais para a identificação de animais crônicos, histórico de incidência e tratamento de mastites, manejo das camas e promoção do bem-estar animal, para a melhoria da imunidade. Com isso, neste último ano tivemos uma redução expressiva na CCS do tanque, devido à redução no número de casos clínicos, além do aumento na produção do rebanho. Nos últimos 4 meses a CCS e CBT médias foram de 230 e <10, respectivamente (dados de outubro de 2019).


Aspersão dos animais para controle de estresse térmico.

Com relação aos índices reprodutivos, a propriedade conta com os seguintes dados zootécnicos:

  • Taxa de concepção: 35,3%
  • Taxa de serviço: 64,7%
  • Taxa de prenhez: 22,9%
  • Dias em Lactação (DEL) médio: 180 dias
  • Intervalo entre partos: 13,1 meses
  • DEL médio na 1ª IA: 54 dias

A alimentação do rebanho é baseada em silagem de milho no verão e silagem de trigo no inverno. Em épocas mais frias, os animais menos produtivos são transferidos para o pasto, em piquetes com aveia-preta, azevém ou trigo. Além disso, a família também utiliza feno das variedades Tifton e Jiggs, adquirido de terceiros.

Quanto ao manejo dos animais, a Agropecuária optou pela implementação do modelo racional, no qual são aposentados os gritos, ruídos mais agudos e objetos que simbolizam agressão para dar lugar aos assovios, uma espécie de diálogo e palmadas, de forma a contribuir para o bem-estar animal. Outro ponto interessante é a preocupação com o uso de medicamentos e hormônios, tanto por motivos financeiros como ideológicos, considerando o uso indiscriminado inadequado.

A pecuária leiteira tem suas vantagens e desvantagens em qualquer lugar do mundo e região Sul não fica de fora dessas circunstâncias. “A produção de leite na região Sul do país possui vantagens climáticas que contribuem com a maior produtividade dos animais, pelo menor estresse térmico durante períodos com temperaturas mais amenas, especialmente para raças europeias”, comentou Fabrício. “Além disso, a cadeia do leite no Sul é bem estruturada, principalmente na região estratégica em que a Agropecuária Nova Esperança está localizada (Serra Gaúcha e Vale do Taquari), sendo possível estabelecer diversas parcerias, além de acesso a serviços terceirizados, assistência técnica e proximidade dos laticínios.”


Vista do galpão de free stall.

Contudo, Fabrício também destacou desvantagens da produção de leite na região Sul: “Os dias chuvosos e frios característicos do inverno mais rigoroso trazem também alguns obstáculos à atividade, especialmente em sistemas em que a base da dieta é a pasto, o que obriga os animais a buscarem o alimento em áreas externas mesmo em dias com condições climáticas mais adversas. Além disso, em termos logísticos, a distância do nosso Estado em relação aos grandes centros consumidores, como a cidade de São Paulo, nos coloca em desvantagem em relação aos outros estados limítrofes. Por fim, a alta valorização da terra e a concorrência por áreas com a cultura da soja também são pontos negativos, mas que podem ser superados com a busca constante pela eficiência produtiva.”


Fabrício, Mateus e Laura.

Uma das dificuldades enfrentadas pela propriedade era com a gestão e organização das atividades. Para solucionar estes problemas, além das reuniões de sucessão iniciadas em 2016, foi realizado um levantamento das problemáticas, de forma a buscar maneiras de controlar os recursos humanos, financeiros e o desperdício de materiais. “Para isso, faz-se necessário desenvolver uma cultura na propriedade, visto que os resultados são oriundos do alinhamento de toda equipe e não de apenas uma pessoa. Este tem sido o grande desafio, fazer com que todos estejam alinhados em um único norte verdadeiro, remando para um mesmo objetivo”, disse Fabrício. Além disso, o produtor destacou a importância da gestão e controle de dados na propriedade: “Independente da forma, percebemos que a digitalização das informações é primordial para facilitar o acesso e interpretação. Seguimos usando o método antigo também, que é aquele caderno de acesso rápido, mas, posteriormente, as informações são digitalizadas e vai-se criando um histórico. Hoje temos planilhas que nos permitem controlar boa parte dos dados financeiros e agropecuários da propriedade e todo final do ano agrícola (ano agrícola: julho a junho) é feita uma análise dos principais índices de cada atividade, sendo apresentado a toda a família por meio da reunião anual.”

Para o controle reprodutivo dos animais, a família conta com um software, um veterinário e um técnico, cedidos pela Cooperativa Dália, para onde o leite é direcionado. Fabrício ainda alerta: “Atualmente qualquer fazenda que esteja em fase de expansão para conseguir sobreviver no mercado deve buscar as tecnologias disponíveis para facilitar e melhorar a execução das tarefas”. Lembrou ainda que as fazendas devem se planejar para a adoção de uma tecnologia e avaliar as prioridades, gastos e benefícios. Segundo ele, as seguintes perguntas devem ser respondidas antes de investir: “Quais os benefícios que este investimento vai nos trazer? É indispensável e prioritário? Vai se pagar a longo prazo? É o momento adequado?”


Diversos estagiários que já passaram pela propriedade.

Mais do que uma propriedade lucrativa, a Agropecuária Nova Esperança também quer passar conhecimento para as pessoas. Eles acreditam que além das informações teóricas que são ditas nas universidades, é importante que o aluno vivencie na prática o dia-a-dia da bovinocultura de leite e entenda o motivo pelo qual as tarefas devem ser executadas de determinada forma. Criaram, então, um Programa de Estágios, a fim de contribuir para a formação de estudantes. Desde o início, a Agropecuária já recebeu 10 alunos de instituições tanto nacionais, quanto internacionais. “Durante o estágio os alunos vivenciam a rotina completa da atividade leiteira e recebem um checklist dos principais pontos a serem vistos. Os estágios não são remunerados, pois entendemos que a busca pelo nosso programa de estágios ocorre pelo reconhecimento da contribuição com o aprendizado e não com viés financeiro. Para isso, garantimos os custos com alimentação e hospedagem e fornecemos acesso à cursos online relacionados a atividade leiteira e, na medida do possível, proporcionamos a participação à eventos técnicos locais que ocorram durante o período de vigência do estágio”, explicou Fabrício.

Enfim, trabalhar em família é sempre desafiador. Porém, com muito foco e dedicação, a Agropecuária Nova Esperança vem se destacando na produção leiteira na região Sul, priorizando o equilíbrio na gestão das atividades, trabalhando uma relação madura e sólida entre os funcionários e garantindo a efetividade diária, para sempre crescer e alçar novos voos.

LAURA CANDIOTTO MEDEIROS

Cientista de Alimentos formada pela ESALQ e pós-graduanda em Gestão de Projetos na USP. Responsável pelo Marketing Digital do MilkPoint.

MAYSA SERPA

Médica Veterinária, MSc. e doutoranda em Sanidade Animal pela UFLA.

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JOVANIA ZANCHETT DALLE LASTE

EM 27/07/2020

Parabéns a todos os envolvidos neste lindo trabalho! Orgulho de ser descendente deste sobrenome. O sucesso é fruto de todo o esforço empenhado! Continuem firmes e fortes.
VÂNIA RIZZARDO

BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL

EM 17/02/2020

Parabéns a toda a família Balerini!!!
Dedicação e empenho!!!
Sucesso cada vez mais!!!
@Fabricio

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