Em 2019, a Copacol completa 56 anos. Com sede em Cafelândia, região Oeste do Paraná, é uma indústria de alimentos que tem a missão de gerar renda aos seus associados e colaboradores. Seus números mais atuais mostram que são 5.858 associados totais, 9.563 colaboradores e um faturamento em 2018 de R$ 3,841 bilhões.
Em entrevista exclusiva à Equipe MilkPoint, Émerson De Bastiani destaca que – muito conhecida pela produção de frangos e se posicionando como uma das maiores exportadoras do país – a Copacol se propôs a criar algo diferente na cadeia do leite.
“Já temos uma posição consolidada na avicultura e estamos junto aos maiores produtores de frango do Brasil. É por isso que há muito tempo a verticalização já está inserida nas cadeias produtivas que atuamos, pois faz parte da nossa cultura. A cooperativa tem as suas responsabilidades na criação, como a incubação de ovos, e o associado cooperado tem o papel de engordar o frango. Também não é diferente no caso da suinocultura e piscicultura, que contemplam em suas cadeias produtivas a verticalização. Em cima disso e com esse histórico de sucesso, recentemente colocamos na mesa o assunto leite”, disse.
Segundo Émerson, que é Gerente de Leite da Copacol, a cooperativa passou a refletir sobre quais rumos deveriam tomar os produtores que já estavam na atividade e os que queriam entrar.
“Nós não optamos pelo modelo convencional, no qual o produtor toma as decisões sozinho, onde ele é o dono do rebanho, decide o sistema de produção e todos os outros detalhes. Nesse esquema, ao contrário das outras atividades que estamos envolvidos, o produtor não segue um modelo proposto pela integradora ou cooperativa e para o nosso caso, isso traria alguns desafios, então, entendemos que precisávamos de organização e padronização. No modelo convencional, os produtores muitas vezes são atraídos por outros laticínios, vendem o gado e compram de novo quando bem entendem, entre outros aspectos. Vale frisar que não estou afirmando que a proposta do nosso modelo vale para todas as situações, pois cada região deve encontrar seu modelo para o sucesso na organização da sua cadeia”, explicou.
Ele ainda acrescentou que a Copacol optou pela integração porque precisava encontrar um modelo que resultasse em estabilidade de produção e entrega, isso, baseado na premissa de que a cooperativa oferece as condições necessárias para o pecuarista produzir bem o leite.
Mais detalhes do projeto leite
Para que o modelo prospere, a Copacol montou uma Unidade de Produção de Bezerras e Novilhas (UPBN), um dos primeiros passos e que tem a missão de ‘transformar’ uma bezerra recém-nascida em uma novilha no período pré-parto.
"Nós produzimos os animais até a fase de novilhas e por outro lado, os associados recebem da cooperativa um projeto arquitetônico para a construção de um free stall ou um compost barn, isso, dependendo da aptidão e afinidade de cada cooperado. Este então tem a estrutura, a mão de obra e a alimentação ideais e já pré-determinadas para receber os animais da Copacol”, disse.
O modelo mais comum é o free stall para 100 vacas. A cooperativa coloca os animais para o produtor tirar o leite, zelar pelos animais e fazer um manejo adequado, porém, esses animais continuam pertencendo à cooperativa. “Para pagar os investimentos que a cooperativa tem no negócio, estipulamos um volume de 12% de leite produzido em troca. A cooperativa retém para subsidiar e financiar toda a produção de novilhas e bezerras”.
Além do modelo para 100 vacas, também há um outro para 50 animais, direcionado para a mão de obra familiar ou em situações nas quais não compensa pagar por uma mão de obra externa. Para esse último caso, o pré-requisito são no mínimo 5 alqueires de terra. Para o modelo de 100, a dica são 10 alqueires e a contratação de mão de obra parcial. “Também temos produtores começando a investir mais em tecnologia, com ordenha robotizada para 170 animais no rebanho”.
Hoje a Copacol conta com 9 associados que juntos produzem em média 600 mil litros de leite por mês. Toda a produção da Copacol – assim como das demais filiadas – é enviada para a Frimesa, que é a central.
Vantagens desse sistema
Para Émerson uma das vantagens de se trabalhar com a integração no leite é que o produtor se especializa em produzir leite. “Há produtores convencionais que – com todas as etapas na sua mão – têm 100 animais no rebanho, mas apenas 50 em produção. Nesse modelo que propomos, o produtor não tem que se preocupar com a bezerra e a novilha. Inclusive, os animais que nascem na propriedade do cooperado são buscados por nós, recriados e devolvidos para esse mesmo produtor ou algum outro integrado. É um ciclo que se retroalimenta, mas, como ainda não temos um plantel suficiente para suprir a demanda do projeto, ainda contamos com a aquisição de animais externos. Chegará um momento que seremos autossuficientes. Também, é importante ressaltar que as nossas primíparas recebem sêmen sexado”, completou o gerente, que será um dos palestrantes do Interleite Sul 2019.
O tema da sua palestra é: “Copacol: integração como forma de viabilização do produtor e da agroindústria láctea”, dentro do painel “Um olhar sobre o novo”. O evento ocorrerá nos dias 08 e 09 de maio, em Chapecó/SC.
Ainda sobre o negócio, ele acredita que esse modelo está contribuindo para a geração de novos negócios, como por exemplo, produtores de silagem, entre outros.
“Claro que ainda temos desafios visto que a produção de leite no Brasil tem algumas particularidades e paradigmas. Um dos gargalos a ser enfrentado é que o produtor não é mais o ‘dono’ da vaca, pois ela pertence à cooperativa. Esse é um dos impactos que sentimos e às vezes, ainda soa estranho aos associados. Estamos em um momento de encontrar o equilíbrio financeiro do negócio e uma das coisas que fazemos questão de apresentar para quem nos procura interessado no leite são os fluxos e responsabilidades da atividade, que exige bastante do associado. Não basta apenas visar o lucro”.
Émerson disse que 50% dos participantes atuais do programa já eram produtores de leite em modelos convencionais e a outra metade se interessou pela atividade, mas já estava relacionada ao agronegócio de alguma maneira.
“O produtor que ficar interessado pode procurar a cooperativa querendo desbravar o mundo do leite com a ajuda e assistência da Copacol”, finalizou.
Se interessou pelo assunto? Imagina escutar essa palestra de pertinho e além disso, ter outras apresentações incríveis para apreciar em um evento único? Confira a programação do Interleite Sul 2019 e se surpreenda! Assuntos como automação, terceirização, parcerias, diferenciação, escala e sistemas de produção que aproveitam ao máximo a propriedade com sustentabilidade serão abordados. Também, o evento conta com espaços para networking e muita troca de experiências. Resumo da ópera? Nem conseguimos imaginar você fora disso tudo! Então, confira a programação completa aqui e se inscreva agora mesmo> https://www.interleite.com.br/sul/ Vem com a gente!
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