A cadeia leiteira, que inicia 2021 com preços melhores do que os registrados na largada de 2020, mas que é penalizada com altos custos de produção, está na expectativa para saber como se comportará o consumo das famílias brasileiras ao longo deste ano.
Este ponto de interrogação surge a partir do fim do auxílio emergencial dado pelo governo federal, que ajudou a elevar o consumo de leite UHT e queijo muçarela entre as pessoas com menor poder aquisitivo, fator que pesou para firmar os preços da cadeia no ano passado.
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Mesmo com a entrada dos lácteos importados em volumes expressivos a partir de setembro de 2020, as cotações internas não despencaram. O valor projetado para o litro de leite em janeiro, pelo Conseleite, é de R$ 1,4391.
De forma geral, o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini, avaliou 2020 como um ano de recuperação de margem de rentabilidade para o produtor de leite médio e grande e também para as empresas, apesar dos valores que tiveram que despender para se adequarem aos protocolos sanitários impostos pela pandemia.
Para 2021, Palharini imagina que a cadeia continuará impactada pelos custos produtivos. Por outro lado, diz enxergar mudanças na estrutura do setor, com a entrada de vacas mais jovens para lactação, depois de muitos produtores terem encaminhado para o abate animais com mais idade, um movimento puxado pelo preço do boi gordo. “Acredito que este descarte de animais, que aconteceria nos próximos anos, foi antecipado, e isto é positivo para melhoria do plantel”, aponta Palharini.
Para o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), Eugênio Zanetti, a preocupação continua sendo com os custos de produção eabaixa disponibilidade de alimentação para o rebanho leiteiro, em função das estiagens de 2020, que reduziram a produção de silagem e pastagens.
Zanetti diz acreditar em estabilidade de preços ao produtor nos primeiros meses deste ano, já que uma redução não seria suportada pelos pequenos, que não tiveram uma boa margem de rentabilidade no ano passado. “Sobrou menos renda em 2020 do que em 2019”, calcula.
Além de torcer para que o consumo de lácteos no Brasil seja favorável neste ano, Zanetti diz que a cadeia espera menos importação de produtos e políticas de proteção aos agricultores familiares, a exemplo do que ocorre nos principais países produtores de leite.
As informações são do Correio do Povo.