CNA: o desafio é aumentar o consumo interno
Publicado por: MilkPoint
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O presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNPL/CNA), Rodrigo Alvim, alertou que a retração no superávit na balança de lácteos deve-se a fatores como a supervalorização da moeda nacional e a greve dos fiscais agropecuários federais, no mês passado. Há, portanto, lácteos destinados à exportação que ficaram retidos e cujas remessas deverão ser contabilizadas nos resultados de dezembro.
Com base nos resultados acumulados até novembro, Alvim avaliou que o Brasil será em 2005, pela segunda vez, superavitário na balança comercial de lácteos. No ano passado, o saldo positivo foi de US$ 11,5 milhões. Para 2005, o presidente da CNPL acredita que o segmento manterá superávit, de aproximadamente US$ 8 milhões, apesar de a moeda nacional estar sobrevalorizada.
As exportações brasileiras de lácteos, de janeiro a novembro, somaram US$ 111,1 milhões, 36,6% a mais que os US$ 81,3 milhões de igual período do ano passado. Dados relativos exclusivamente a novembro indicam redução nas remessas, que atingiram US$ 7,8 milhões, ou seja, 38,5% a menos que os US$ 12,7 milhões de novembro do ano passado. A retração das receitas de exportação de lácteos, em novembro, acredita Alvim, tem direta relação com a greve dos fiscais agropecuários. Dessa forma, o resultado de dezembro de 2005 deverá incorporar remessas que não puderam ser realizadas no mês anterior, fortalecendo os resultados do último mês do ano.
Alvim afirmou que a repetição de superávit na balança de lácteos e o movimento de crescente aumento de exportações ocorrem devido à queda dos preços pagos ao produtor, em reais, o que compensa a defasagem cambial. Em novembro, o preço médio recebido pelo pecuarista pelo leite foi de R$ 0,44 por litro. "Não fosse a atual taxa de câmbio, com certeza conseguiríamos multiplicar os resultados de exportações, inclusive permitindo repassar melhor remuneração ao produtor", considerou Alvim.
Em dezembro de 2004, o dólar era cotado em cerca de R$ 2,70. Em novembro deste ano, a moeda norte americana chegou a ser negociada por menos de R$ 2,20. Dessa forma, os produtos brasileiros, e não apenas os lácteos, ficam mais caros no mercado internacional quando cotados em dólar. Alvim criticou a política brasileira de manter os juros reais muito elevados, o que atrai capital estrangeiro, sobrevalorizando a moeda nacional e reduzindo a capacidade de competição dos produtos brasileiros no Exterior. "O Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo", ressaltou.
Ele alertou, porém, que investir no aumento das exportações não é o único desafio do setor. "Precisamos estimular a elevação do consumo interno". O atual consumo dos brasileiros está abaixo dos números indicados pela Guia Alimentar Brasileiro, do Ministério da Saúde. A recomendação é que o consumo, por habitante, seja de, no mínimo, 200 litros de leite per capita. No ano passado, porém, cada cidadão brasileiro consumiu, em média, cerca de 130 litros de leite. Depois de um aumento de demanda, logo após a implantação do Plano Real, em 1994, o consumo per capita manteve-se praticamente estagnado.
Enquanto isso, a produção de leite, que girava em torno de 16,5 bilhões de litros em 1995; saltou para cerca de 23,5 bilhões de litros, no ano passado. Segundo o presidente da CNPL, é necessário estimular o consumo de leite dentro do Brasil, aproveitando uma demanda reprimida. Ele lembrou que outros tipos de bebidas, como os sucos prontos, conseguiram conquistar mercado interno, mesmo sem que a população tivesse substancial ganho de renda.
Para estimular o aumento do consumo de leite entre os brasileiros, será apresentada, em breve, à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do Conselho do Agronegócio (Consagro) uma proposta para estimular o aumento do consumo interno de lácteos, com ações que vão desde o fomento ao consumo de leite até o esclarecimento da população da importância do leite para a saúde humana.
Fonte: CNA (por Ayr Aliski), adaptado por Equipe MilkPoint
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