Municípios do Paraná e de Santa Catarina trabalham para contabilizar os prejuízos causados pelas fortes chuvas dos últimos dias à produção agropecuária. Em Jaboti (PR), mais de 60 estufas de produtos hortifrutigranjeiros podem ter sido afetadas. O morango é a cultura mais prejudicada, com estufas destruídas e plantações no sistema de túneis arrancadas. Também foram atingidos cultivos de tomate, pepino, pimentão, entre outras.
“Ainda estamos fazendo o levantamento das perdas, mas muitos produtores tiveram a produção perdida”, lamenta o secretário de Agricultura do município, Waldemar Siqueira. Segundo ele, dados fornecidos pela Copel - Companhia Paranaense de Energia Elétrica - à Secretaria apontam que 265 residências estavam sem energia elétrica na zona rural de Jaboti, devido a quedas de postes e de árvores, consequência dos temporais.
Mais de 20 homens trabalhavam nesta segunda-feira (9/10) para reconstrução da rede de energia elétrica. Também houve registro de destelhamentos. “A área rural teve os piores estragos”, ressalta o secretário.
Além da falta de luz, os moradores ficaram sem internet. Equipes da Prefeitura trabalhavam nesta segunda para liberar estradas, que ficaram intransitáveis, principalmente, por causa das árvores derrubadas pelo vendaval que também atingiu a região. “Muitas famílias ficaram incomunicáveis”, comenta Waldemar.
O município decretou Estado de Calamidade Pública considerando, entre outros pontos, que “inúmeras propriedades rurais foram atingidas em barracões, estufas e outras áreas produtivas, com grande dano material”. O secretário conta, ainda, que as famílias prejudicadas estão sendo cadastradas e está sendo oferecida uma câmara fria para uso comunitário, uma vez que os moradores estão sem refrigeradores.
Segundo a Defesa Civil do Paraná, 54 municípios foram atingidos pelas chuvas. As regiões central, Sul, Centro-Sul e Campos Gerais registraram os maiores estragos no final de semana, enquanto o Oeste, que chegou a registrar um tornado, teve os maiores registros na semana passada.
As chuvas causaram estragos em rodovias estaduais. Em Jaguariaíva, o asfalto se rompeu na PR-151 na altura do km 214. O tráfego de veículos está sendo desviado por rotas alternativas e, segundo informou José Amilton Romão, secretário de Comunicação Social do município, o desvio não está prejudicando as rotas utilizadas pelos produtores rurais da região.
Outros pontos chegaram a registrar alagamentos. A PR-364 foi interditada temporariamente na altura do km 100, entre Irati e Inácio Martins, devido ao transbordamento do Rio Preto, que cobriu ambas as pistas, mas a pista já foi liberada.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, 132 municípios registraram diversas ocorrências em virtude das fortes chuvas que atingem o Estado desde a última semana. De acordo com boletim da Defesa Civil, divulgado nesta segunda-feira (9/10), 67 municípios já decretaram situação de emergência. Duas mortes foram confirmadas em Rio do Oeste e Palmeira.
Em Mafra, segundo levantamento preliminar da Secretaria Municipal de Agricultura, houve prejuízos no transporte de aves, suínos e leite. “Foi um dilúvio. Alguns produtores tiveram que buscar rotas alternativas e, em alguns casos, nem assim foi possível passar, pois estava tudo alagado”, relata o secretário Nereu Martins Carvalho.
Ele estima que há perdas em lavouras de trigo - cultura que está se aproximando da etapa de colheita - e também nas áreas de aveia e tabaco. “Ainda estamos levantando dados dos impactos na produção”, comenta. “Vai depender de uma avaliação, nos próximos dias, para sabermos se vai ser possível ou não a recuperação das culturas agrícolas”, acrescenta.
O levantamento depende da melhora do clima e também de pessoal. Mafra tem aproximadamente 5 mil produtores rurais cadastrados e, segundo o secretário, é o quarto município em extensão territorial no estado, com uma área total de 1.404.084 km², segundo o IBGE.
Em Porto União, município catarinense que faz divisa com o Paraná, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Marlene Gan, afirma que as chuvas atingiram as lavouras de trigo e milho. “O trigo está na florada, então boa parte foi perdida”, acredita. A área rural do município, segundo ela, foi danificada por granizo, ventos fortes e chuva, gerando alagamentos. “Os produtores irão precisar de ajuda, pois têm financiamento para pagar e nem todo mundo tem seguro”, adverte.
O município também trabalha no levantamento dos dados. Conforme Marlene, também houve problemas na rede elétrica, com queda de energia, ocasionando perdas para os produtores de leite. Assim como há trechos intransitáveis em estradas rurais. “Teremos bastante trabalho para ajeitar tudo, mas temos que seguir em frente”, avalia.
A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) informou que segue fazendo o levantamento dos impactos das chuvas no estado e deve divulgar dados ainda nesta semana. De acordo com Valdir Colatto, secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, as produções mais afetadas são as de hortaliças e frutas em geral e as culturas de inverno, como trigo.
Segundo ele, também já há reflexo no plantio de culturas de verão, uma vez que as chuvas estão atrasando a semeadura do milho, principalmente. Colatto também destacou que a região do oeste catarinense, que concentra grande parte da produção de aves e suínos, também sofre com as precipitações intensas.
As informações são do Globo Rural, adaptadas pela equipe MilkPoint.