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Em retaliação, China anuncia tarifa de importação de 25% sobre os lácteos dos EUA

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 18/06/2018

7 MIN DE LEITURA

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Na última sexta-feira, a China anunciou a implementação de tarifas de importação no valor de 25% sobre os produtos lácteos originários dos EUA, em vigor a partir de 6 de julho. Isto em retaliação à publicação no mesmo dia de uma lista pelos EUA impondo uma tarifa de importação de 25% sobre bens e serviços da China.

A lista de produtos lácteos envolvidos na medida é a seguinte:

  • Leite e creme sem açúcar não concentrados, não excedendo 1% de teor de gordura;
  • Leite em pó desnatado (leite e creme sem açúcar não concentrado com 1-6% de teor de gordura);
  • Leite e creme sem açúcar não concentrado com 6-10% de teor de gordura;
  • Leite e creme sem açúcar não concentrado com teor de gordura superior a 10%;
  • Teor de gordura ≤ 1,5% leite e creme;
  • Leite integral em pó (massa gorda> 1,5% de leite sólido e creme sem açúcar);
  • Leite Integral em pó, açucarado (leite sólido açucarado e creme com massa gorda> 1,5%);
  • Leite e creme não sólidos, concentrados mas não açucarados;
  • Leite e creme não sólidos, concentrados e açucarados;
  • Iogurte;
  • Soro de leite coalhado (buttermilk);
  • Soro de leite e soro de leite modificado;
  • Outros produtos contendo leite natural;
  • Manteiga;
  • Molho cremoso;
  • AMF (Outras gorduras e óleos extraídos do leite);
  • Queijo fresco, requeijão;
  • Outros queijos processados;
  • Queijo azul, queijo texturizado;
  • Outros queijos.

No momento, alguns produtos-chave parecem ter recebido um passe livre, como lactose e concentrado de proteína do soro do leite > 80% (o último dependendo dos códigos HS usados para exportação). 

Se olharmos para a tabela a seguir, vemos que em pouco mais de duas semanas - a menos que a iminente guerra comercial seja cortada pela raiz antes que as várias medidas se tornem ativas - há uma ameaça imediata para quase 16% das exportações de lácteos dos Estados Unidos, somando quase US$ 400 milhões.

Comentários chave:

• Se a implementação dessas medidas avançar, essas implicações para as exportações de lácteos dos EUA são imensas.

• Com a Oceania em sua entressafra, a União Europeia (UE) é a provável candidata a suprir a demanda resultante para substituir as importações dos EUA para a China.

• O comércio mundial se comporta como vasos comunicantes, ou seja, as exportações dos EUA que não irão para a China aparecerão em outros países.

• Como vimos no passado (proibição da Rússia às importações de produtos lácteos da UE), novos mercados são geralmente encontrados muito rapidamente.

• As taxas de admissão em novos mercados são enormes e levaram a uma forte erosão dos preços dos principais produtos no caso UE-Rússia.

Ainda faltam duas semanas e meia para que as várias medidas sejam implementadas e esperamos que antes disso a administração Trump tenha percebido que a última vez que os EUA iniciaram uma guerra comercial dessa magnitude, levou diretamente a situação para a Grande Depressão dos anos 30.

Saiba mais sobre o assunto

O presidente norte-americano também anunciou mais tarifas ao país asiático, desta vez em produtos de tecnologia. Ele disse que está protegendo "as joias da coroa" com a medida - que foi retaliada horas depois por Pequim e inflamou a guerra comercial entre os dois países. "Nós temos os melhores cérebros no Vale do Silício. São as joias da coroa para esse país. E nós vamos protegê-los", afirmou, durante entrevista à emissora Fox News.

Os EUA acusam a China de roubo de propriedade intelectual, por meio de acordos com empresas de tecnologia americanas que exigem a transferência de conhecimento para estatais do país. Por isso, o governo estabeleceu sobretaxas de 25% a 818 produtos chineses como telas do tipo touchscreen, baterias, aeronaves, navios, motores de carros, radares, equipamentos de diagnóstico médico e máquinas agrícolas, entre outros. A lista deixou de fora, porém, produtos comprados diretamente por consumidores americanos, como celulares, TVs e medicamentos além de armas, que estavam no primeiro rol de punições, anunciado em abril.

Em troca, Pequim anunciou, horas depois, tarifas retaliatórias de 25% a outros 659 produtos americanos (incluindo lácteos como apontado acima), acusando os EUA de adotarem um "comportamento míope". "A China não quer uma guerra comercial, mas não temos outra opção a não ser nos opormos fortemente a isso", informou o Ministério do Comércio chinês.

Para analistas, o Brasil sairá perdendo com a guerra comercial, em particular porque deve deprimir preços das matérias-primas (commodities). Embora as exportações de soja e carne suína brasileiras possam ter ganhos, já que Pequim passa a taxar em 25% esses produtos americanos, o resultado global será negativo. Segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a escalada protecionista vai ter um impacto sobre o crescimento mundial, o que, por sua vez, reduzirá a demanda por commodities. Para o Brasil, que depende majoritariamente da exportação de commodities e produtos básicos, o cenário que se forma é má notícia. 

Castro previa para 2018 exportações de US$ 219 bilhões, importações de US$ 168 bilhões, gerando superávit de US$ 50,4 bilhões, mas vai revisar os números para baixo. As exportações foram prejudicadas pela greve dos caminhoneiros e barreiras como as medidas antidumping impostas pela China ao frango, e as importações serão mais baixas do que estimava porque o crescimento do PIB brasileiro desacelerou. A isso tudo, Castro acrescenta a tendência de queda do preços das commodities, exacerbada pelas medidas protecionistas.

Já refletindo a cautela dos investidores, a soja fechou em baixa de 2,35% na sexta-feira (15), a US$ 9,055 o bushel, menor valor dos últimos dois anos. O petróleo teve queda de 3,83% e o minério de ferro, de 0,11%. Castro não acredita que o Brasil consiga ganhar mercado dos chineses nos EUA, onde vários produtos manufaturados na China passarão a ter a tarifa de 25%. "Nem com essa tarifa nós nos tornamos competitivos", diz. "Ainda mais com a alta dos custos aqui, por causa do aumento do frete, da reoneração da folha, e da redução drástica do Reintegra."

Por outro lado, destaca, o dólar em alta no Brasil deve agir como uma espécie de barreira para evitar boa parte do desvio de comércio, impedindo uma enxurrada de produtos chineses.

Entre as retaliações anunciadas pela China está a tarifa de 25% sobre a soja americana. Os EUA exportam US$ 14 bilhões em soja por ano para os chineses. Para André Nassar, presidente-executivo da Abiove, que reúne empresas do setor, ninguém conseguiria preencher a lacuna da soja americana na China. Mas a tarifa pode gerar um prêmio sobre o preço da soja brasileira.

Os EUA exportaram 33 milhões de toneladas de soja em grão em 2017 para a China. Segundo Nassar, o Brasil conseguiria, no máximo, aumentar a produção em 5 milhões de toneladas em um ano. E mesmo assim, só no ano que vem, porque a maioria da soja brasileira de 2018 já foi escoada. Mais de 70% da soja brasileira é escoada até junho, enquanto os EUA vendem a partir de setembro. Além disso, segundo Nassar, existe um desincentivo para aumentar a área plantada, por causa da alta no custo do frete

O Brasil exportou US$ 29 bilhões em soja para a China no ano passado, segundo a Abiove – o país fornece 46% da soja em grão comprada pela China, e os EUA, cerca de 41%. A Argentina responde por 10%. "Vai ocorrer um ajuste: preços internos da soja nos EUA vão ter que cair, preços vão subir um pouco na China e haverá um prêmio para a soja brasileira", diz Nassar.

Mas com a perda de boa parte do mercado chinês, os EUA vão ocupar parte dos mercados da soja brasileira, como a UE. Mesmo assim, trata-se de uma demanda muito menor. A China compra 53,8 milhões de toneladas de soja brasileira, e a UE, 5,2 milhões.

Todas essas projeções, porém, ainda são incertas, porque o tiroteio pode aumentar nos próximos dias. O presidente americano afirmou que iria impor "tarifas adicionais" em caso de retaliação.

A decisão de Trump não foi recebida com unanimidade. Entre os "cérebros do Vale do Silício", por exemplo, há opositores. Existe a preocupação de que as retaliações acabem por aumentar os preços para os consumidores no mercado interno, o que não se dissipou com o anúncio das exclusões pelo governo dos EUA.

"Ele está tirando dinheiro do bolso de americanos", disse, em nota, o presidente do Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação (ITI, na sigla em inglês), Dean Garfield, que representa empresas como a Apple, Google, Dell e HP. Segundo ele, mesmo tarifas sobre itens como sensores e componentes de impressoras já eleva os custos.

Mas especialistas apontam que há mais apoio a essas sobretaxas do que às impostas contra o aço e o alumínio. "Empresas americanas têm encorajado o presidente, esperando que essa estratégia convença Pequim a enfrentar problemas com propriedade intelectual dos chineses", afirmou, em artigo recente, o pesquisador Edward Alden, do Council on Foreign Relations.

As informações são do Greenmark Dairy, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint, e também, do jornal Valor Econômico. 

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