Brasil pede abertura de fronteira Argentina para lácteos

Os governos do Brasil e da Argentina reuniram-se nesta segunda-feira no Rio de Janeiro para discutir temas do comércio bilateral, entre os quais o regime automotivo e questões pontuais de setores como lácteos, carnes e arroz. As discussões ocorreram no âmbito do Comitê de Monitoramento Bilateral, coordenada pelo secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, e pelo secretário de Comércio do Ministério da Economia argentino, Miguel Peirano.

No começo da reunião, foi apresentada uma análise do comércio bilateral, que revelou que a corrente de comércio entre os dois países deve atingir US$ 15 bilhões em 2005, o dobro da verificada em 2002 (US$ 7 bilhões) e superior aos bons números registrados em 97 e 98 (US$ 14 bilhões). De acordo com dados da Secex, as exportações brasileiras para a Argentina cresceram 35% até novembro, enquanto as importações tiveram um aumento de 12,8%.

Segundo Ramalho, a Argentina é um importante parceiro para o Brasil, pois além de ser o segundo maior comprador, é importante consumidor de produtos de alto valor agregado. Além disso, ressaltou Ramalho, o crescimento mais modesto das importações deveu-se a menores compras de trigo argentino, uma vez que a produção brasileira foi ampliada neste ano. "Pela primeira vez o trigo deixou de ser o principal produto da pauta de importação e foi ultrapassado pela nafta", disse o secretário executivo.

Entre os temas tratados no Comitê Bilateral estão as barreiras a produtos derivados do leite, incluindo chocolates. Resoluções do órgão sanitário argentino (Senasa) vinculadas à ocorrência de aftosa no Brasil estabeleceram exigências de certificação de risco do produto, que comprovem que o leite da mercadoria é oriundo de uma região fora da área da febre aftosa.

Segundo relato do Ministério da Agricultura, na semana passada, 19 caminhões brasileiros estavam barrados na fronteira por conta das novas exigências. Como não há respaldo legal nas normas internacionais, o governo brasileiro exigiu a suspensão imediata de tais resoluções. Uma reunião entre técnicos da área sanitária ficou marcada para o próximo dia 12 de dezembro a fim de resolver o assunto.

Fonte: MDIC (por Camila Manfredini), adaptado por Equipe MilkPoint