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Ásia: Indonésia apresenta crescente 'apetite' pelos lácteos

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 05/06/2020

8 MIN DE LEITURA

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O sudeste da Ásia não é conhecido pela tradição de consumir laticínios, mas, na verdade, os consumidores do país mais populoso da região, a Indonésia (270 milhões de pessoas), consomem queijo há mais de um século: em parte, devido aos vínculos históricos da Indonésia com a Holanda. O crescimento da demanda ocorre à medida que mais pessoas no país entram na classe média e diversificam suas dietas.

Como resultado, a variedade de produtos à base de queijo e leite produzidos por pequenas e médias empresas, além de grandes fabricantes, vem crescendo nos últimos anos, disse Pebi Purwo Suseno, porta-voz do Ministério da Agricultura da Indonésia. Tais produtos incluem leite pasteurizado, leite UHT, iogurte, kefir (leite fermentado), queijo e suas preparações, sorvetes, confeitaria e biscoitos à base de leite. Também, produtos não alimentícios que têm como base o leite ganham destaque, como sabão, máscaras e cosméticos.

"A presença de muitos produtos lácteos no mercado indica uma crescente conscientização entre os consumidores sobre seus benefícios para a saúde", disse Pebi à Dairy Industries International. O consumo nacional de leite em 2019 foi de 16,2 kg per capita/ano, crescendo a uma taxa de 1,2% desde 2017, de acordo com o Bureau Central of Statistics (Badan Pusat Statistik - BPS).

Isso está muito abaixo dos 105 kg da Nova Zelândia por ano, mas muito acima dos 0,9 kg das Filipinas e quase o dobro da taxa anual per capita da China de 9 kg, segundo uma pesquisa de mercado. Como resultado, a produção doméstica de leite de vaca vem crescendo na Indonésia. Em 2019, a produção atingiu 957.220 toneladas, com uma taxa de crescimento de 4,2% desde 2017, de acordo com o BPS. No entanto, isso não chega nem perto de atender à demanda. As vendas de produtos lácteos da Indonésia foram de US$ 3,8 bilhões em 2019, passando de US$ 3,2 bilhões em 2017 para US$ 3,5 bilhões em 2018, segundo pesquisa de mercado da Euromonitor International.

No final de 2017, a demanda anual de laticínios na Indonésia foi estimada em 4,1 milhões de toneladas de leite equivalente, de acordo com um estudo de 2018 do Centro de Alimentos e Recursos Globais da Universidade de Adelaide, na Austrália. Ele projetou um crescimento anual da demanda por produtos lácteos na Indonésia de cinco por cento, com a produção doméstica devendo aumentar em 4,5 por cento ao ano.

Influência holandesa

Isso pode ser parcialmente um reflexo de como alguns pratos à base de queijo não são novos para os indonésios, graças à influência dos holandeses que começaram a ocupar o arquipélago em 1603, controlando finalmente o país inteiro, que tornou-se independente em 1949. Portugal também lançou empreendimentos coloniais na Indonésia - embora não tenham durado, exceto por sua colônia em Timor Leste, que é agora um estado insular independente.

O Kaastengels, termo holandês para palitos de queijo, é um lanche salgado popular na Indonésia e é frequentemente servido durante o Eid al Fitr, o festival muçulmano que marca o fim do mês de jejum do Ramadã. O macarrão schotel, uma versão indonésia da caçarola de macarrão, foi introduzido pelos holandeses durante a era colonial e é feito com queijo e carne, às vezes com adição de batata. Ambos os pratos são amplamente vendidos em padarias e lanchonetes em todo o país, bem como em restaurantes.


Kaastengels, ou palitos de queijo

Classe média crescente

Olhando para o futuro, a crescente classe média da Indonésia também se interessa por produtos lácteos internacionais, com fabricantes lançando diferentes produtos lácteos no país, incluindo o Greenfield Mozzarella Cheese da Greenfields Indonesia, o Babybel Swiss Taste da Unibel Indonesia e o Babybel Cheddar da Unibel Indonesia, de acordo com um relatório da Euromonitor de 2019.

Aileen Supriyadi, analista de pesquisa da Euromonitor, disse à Dairy Industries International que inovações, promoções, pacotes de presentes e maior disponibilidade por meio da expansão do varejo alimentaram esse crescimento. Tendo sido expostos a pratos de estilo mais ocidental através da mídia social e serviços de alimentação, mais indonésios estão desenvolvendo o gosto por pratos com produtos lácteos, acrescenta Supriyadi.

O queijo processado continua sendo o tipo de queijo mais dominante na Indonésia, especialmente no varejo. "Sua força é apoiada por maior conhecimento do produto, preços relativamente acessíveis e ampla distribuição", segundo o relatório da Euromonitor. De fato, a principal empresa de queijos processados Kraft Ultrajaya Indonesia detém a maior fatia do mercado de queijos da Indonésia, alavancando sua forte consciência de marca no país.

No futuro, a Kraft enfrentará um número crescente de concorrentes. Por exemplo, a Emina, da Emina Cheese Indonesia, entrou no mercado indonésio em 2018 vendendo queijo processado. Enquanto isso, a Frisian Flag Indonesia, uma unidade da multinacional holandesa FrieslandCampina, tem uma forte presença em outros produtos lácteos vendidos na Indonésia, principalmente o leite condensado, que é particularmente popular.

Incentivos

O governo indonésio, ciente do potencial para criar um setor de laticínios forte no país, vem incentivando os fabricantes, incluindo incentivos fiscais para os setores agrícola e de processamento de leite que fornecem leite fresco doméstico, bem como microcréditos para os agricultores, segundo um funcionário do ministério da agricultura. O governo também paga 80% dos prêmios de seguro para o gado, protegendo os produtores quando suas vacas estão doentes, morrem ou desaparecem, segundo o ministério.

"Nosso objetivo para os produtores de leite é aumentar suas economias de escala, para que eles possam ter uma posição de barganha mais forte na determinação dos preços do leite", diz Pebi, porta-voz do ministério. "Também fizemos campanha para incentivar o aumento do consumo entre o público, especialmente entre crianças em idade escolar, por meio de mídias sociais e outros meios".

Uma companhia que vem aproveitando esse ambiente é a Indrakila Cheese, uma pequena empresa de laticínios em Boyolali, na província de Java Central, que desenvolveu sua própria versão do Camembert chamada Boyobert - um portmanteau de Boyolali e Camembert. Romy Anjas Arvyanto, gerente de marketing da empresa, enfatiza como a empresa também produz iogurte, confeitaria, biscoitos, sorvete e vários petiscos à base de leite. “Nosso processo de produção ainda é manual. Criamos nossas próprias ferramentas que projetamos e não há máquinas automáticas”, diz ele.

Indrakila Cheese
Mussarela da Indrakila Cheese

A empresa produz 100 kg de queijo por dia a partir de 1.000 litros de leite. “O camembert é nosso principal produto, mas também fabricamos mussarela, queijo alpino, queijo chili e queijo feta”, observa ele.

Os produtos da Indrakila são vendidos em Java (a ilha mais populosa da Indonésia), na ilha turística de Bali e na ilha de Bornéu. "Pode ser difícil encontrar em Jacarta, porque existem muitas marcas que são mais dominantes lá e queremos evitar uma guerra de preços", afirma. "Ainda não estamos prontos para expandir nacionalmente."

Exportações

Quanto ao comércio, as exportações de leite e derivados da Indonésia em 2019 atingiram 37.342 toneladas, um aumento de seis por cento em relação a 2018, de acordo com o departamento de estatísticas. As importações ficaram em 495.103 toneladas no ano passado, um aumento de 8,7% em relação ao ano anterior.

As exportações de queijo do país foram avaliadas em US$ 4 milhões, crescendo a uma média de 14,4% ao ano. Em 2019, as importações de leite da Indonésia atingiram US$ 667,54 milhões, dominadas pelo leite em pó. As importações de leite aumentaram em média seis por cento ao ano durante 2015-2019. Em 2019, as importações de queijo atingiram US$ 133,5 milhões e - nos últimos cinco anos - aumentaram em média 13,2% ao ano.

O estudo do Centro de Alimentos e Recursos Globais observou que 3,1 milhões de toneladas de leite foram importadas em 2017 para complementar a produção doméstica de leite de um milhão de toneladas. "Dadas essas previsões, a autossuficiência da indústria de laticínios da Indonésia para atender à demanda futura dos consumidores reduzirá de 21% em 2016 para aproximadamente 19% em 2022", diz o estudo.

Rochadi Tawaf, secretário-geral da Associação Indonésia de Criadores de Vaca e Búfalo, diz que os produtores de leite domésticos estão lutando para competir com as importações e pede ao governo que os proteja. “Existe uma concorrência prejudicial entre produtores e importadores. Não podemos competir”, diz ele. Tawaf pede mais industrialização no setor pecuário para que a indústria possa crescer e melhorar a qualidade da criação.

Novos consumidores

Fadly Rahman, historiador e autor culinário indonésio, concorda que quantidades insuficientes de leite de vaca estavam sendo produzidas na Indonésia. No entanto, hoje “mais empreendedores locais e domésticos estão produzindo uma variedade de produtos lácteos - isso deve ser incentivado e apoiado pelo governo ”, diz ele.

Isso deve envolver a divulgação de informações sobre a melhor forma de cozinhar com os laticínios. Muitos indonésios, incluindo os do ramo culinário, ainda não estão familiarizados com produtos lácteos de qualidade, diz ele. "Eles nem sabem a diferença entre manteiga e margarina. Eles acham que são a mesma coisa.” Ele acrescenta: “A ideia de que os laticínios são um luxo ainda permanece. Até algumas pessoas da classe média pensam que apenas as pessoas ricas bebem leite e comem queijo e manteiga.”

Olhando para o futuro, o crescimento do setor de laticínios da Indonésia será influenciado negativamente pela Covid-19, pelo menos neste ano, disse Supriyadi, da Euromonitor. Embora “produtos com vida útil mais longa [como leite UHT] ainda vejam crescimento durante esse período, especialmente em 2020, devido ao estoque de produtos em pânico dos consumidores, os produtos frescos não essenciais, como iogurte, podem apresentar desempenho mais lento e até um declínio nas vendas", alerta ela. Além disso, o crescimento das vendas de produtos como queijo e manteiga, mais comumente usados em serviços de alimentação, pode desacelerar até 2021, à medida que os consumidores mudam seu comportamento para cozinhar em casa, conclui a analista.

As informações são da Dairy Industries International, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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