A eleição de Alberto Fernández para a Presidência da Argentina preocupa os agricultores do país, na análise do banco europeu Commerzbank. “Muitos agricultores estão temerosos com o fato de o novo governo poder intervir, novamente, em uma extensão muito maior na produção e comércio exterior de produtos agrícolas e declararam que estarão retendo investimentos”, observa a analista de commodities agrícolas do banco alemão, Michaela Kühl, em nota enviada a clientes.
A instituição financeira lembra que Fernández tem como vice-presidente Cristina Kirchner, que esteve na presidência de 2007 a 2015. O Commerzbank destaca que no mandato de Cristina Kirchner o governo cobrou altas taxas sobre as exportações agrícolas, tornando o plantio dos produtos menos lucrativo. “Os impostos foram reduzidos consideravelmente sob a gestão de Maurício Macri, embora por um período intermediário eles tenham sido elevados novamente em virtude de problemas orçamentários”, afirma Michaela.
A Argentina é o maior exportador de farelo e óleo de soja, além de um dos maiores exportadores de milho e trigo. Para o trigo, uma possível restrição de oferta dos triticultores argentinos poderia sustentar os preços no mercado global, de acordo com projeção do Commerzbank. “No entanto, atualmente não é apenas a política que pesa sobre o sentimento do mercado: a seca que afeta as regiões produtoras do país resultou em revisões perceptíveis nas previsões de safra para o cereal produzido do país nas últimas semanas”, pondera Michaela. A Bolsa de Grãos de Buenos Aires reduziu sua perspectiva de colheita de trigo 2019/20 no país para menos de 20 milhões de toneladas, volume praticamente estável em relação à temporada anterior.
Novo governo não deve atrapalhar acordo entre Mercosul e UE, diz secretário
A eleição de um partido de oposição ao atual governo argentino não deverá ter impacto no acordo entre o Mercosul e a União Europeia, avaliou o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz. Segundo ele, o acordo UE e Mercosul teve forte apoio da sociedade argentina e é pouco provável que a nova gestão interrompa o processo. Ele estima que, se tudo correr como o esperado, em meados de 2020 o acordo deverá a ter sua vigência aprovada.
“A convicção (da manutenção do acordo) parte do diagnóstico de que é um acordo muito vantajoso para ambas as partes, Mercosul e UE, e vai trazer vantagens para os consumidores, com produtos mais baratos e acessíveis. Com o tempo, isso vai ficar mais claro”, disse Ferraz, que não acredita que as críticas à postura do Brasil em relação ao meio ambiente por alguns países europeus possa prejudicar a aliança. “Toda essa eventual celeuma que foi criada por questões ambientais vai passar e a racionalidade do debate vai ser retomada e ele vai ser aprovado”, afirmou.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.