Análise das exportações e importações de lácteos até outubro de 2005

Publicado por: MilkPoint

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Outubro foi o quarto mês consecutivo em que o Brasil obteve superávit na balança comercial de lácteos, apesar do câmbio desfavorável e episódios de suspeitas de febre aftosa. Houve saldo positivo de US$ 8,941 milhões no período, com US$ 15,053 milhões advindos das exportações e US$ 6,139 milhões de importações. "O saldo positivo foi o maior da história, fazendo com que o setor atingisse, pela primeira vez no ano, leve superávit na balança comercial, que tende a aumentar nos próximos 2 meses", aponta Marcelo Pereira de Carvalho, coordenador do MilkPoint. Ele observa que, desde 2003, de outubro a dezembro tem havido um pico de exportações, conforme pode ser visto na figura abaixo.

Para Otávio Farias, da trading Hoogwegt, o superávit é resultado de um excedente de produção no mercado brasileiro. Ou seja, mercado saturado de um lado, com preços não avançando muito e do outro lado o próprio excedente de produção que teve que ser escoado para fora.

Figura 1

As tabelas 1 e 2 mostram as importações em volume e valor, de janeiro a outubro, quando comparadas com o mesmo período do ano passado, além dos valores de outubro de 2005, outubro de 2004 e setembro de 2005. As importações neste ano estão 35% maiores em volume e 47,2% maiores em valor, quando comparadas a 2004.

Importações

O principal produto importado pelo Brasil no mês de outubro continua sendo o leite em pó, sendo que 86,5% do volume total importado neste mês pelo Brasil vieram da Argentina e o restante do Uruguai. Houve aumento de 22,5% das importações de leite em pó, em volume, proveniente da Argentina e queda de 20,5% das importações do Uruguai, em relação a setembro de 2005.

Para Otavio Farias, este aumento de importação do leite em pó da Argentina quando comparado com o Uruguai pode ter ocorrido pelo fato do Uruguai ter tido outras oportunidades no mercado mundial e ter canalizado sua produção para estes mercados.

A Argentina também é a principal origem do soro de leite importado para o Brasil. Dos 1.774.400 kg importados em outubro, 39,6% são provenientes da Argentina, 23,4% da França e 19,9% dos Estados Unidos.

Tabela 1: Importações em quantidade (mil kg)

Figura 2

Tabela 2: Importações em valor (mil US$)

Figura 3

Exportações

As exportações estão colocadas nas tabelas 3 e 4. Em volume, 2005 está 24% acima de 2004, sendo que em valor a diferença atinge 50,6%. Em relação a setembro de 2005, as exportações foram 25,1% maiores em outubro em volume e 15% maiores em valor.

Entre os destinos das exportações do leite em pó + evaporado + condensado em agosto em volume, destacam-se os Estados Unidos com 32,98%, Cuba com 14,5%, Angola com 14,41%, África do Sul com 11,14% e Argélia 7,13%.

O queijo é o segundo produto mais exportado pelo Brasil, tendo como destino o Chile, com 20,7% dos embarques em volume, seguido da Argentina com 19,7% e dos Estados Unidos com 19,26%.

Tabela 3: Exportações em quantidade (kg)

Figura 4

Tabela 4: Exportações em valor (US$)

Figura 5

Fonte: Joice Rodrigues, da Equipe MilkPoint
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Helton Perillo Ferreira Leite
HELTON PERILLO FERREIRA LEITE

LORENA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2005

Caro Senhores,



Entendo que os preços estão baixos porque a oferta é maior que a demanda. Simples assim. E porque a oferta é maior que a demanda? Um dos motivos é a importação de leite. Em qualquer decisão de investimento econômico a primeira pergunta que se faz é sobre a sua necessidade. Ou como dizia meu avô Jovino, antigo fazendeiro, "Precisa?" Se não precisa, então para que importar leite?



Temos leite suficiente para atender o mercado e estamos aumentando esta produção. O público não está pedindo mais. Para que importar? Não seria isto falta de política rural?



A conseqüência desta falta de política federal é o desmantelamento da cadeia produtiva começando no produtor rural, o elo mais frágil. Existe uma tendência de saída do negócio do leite. Ocorre que o negócio leite tem fortes barreiras de saída, ocorre perda financeira na saída, o gado é vendido a baixo preço, as instalações são quase que desperdiçadas, os equipamentos usados não têm valor.



Vamos esperar acabar com um dos setores maiores geradores de emprego do país?

Ou deveríamos (quem?) tentar alguma coisa? Talvez devêssemos lutar para dificultar a importação de leite.Estou fazendo minha parte ao escrever isto.



Helton P. F. Leite

Engenheiro. Agrônomo - Produtor de leite em Lorena (SP)



<b> Resposta MilkPoint:</b>



Caro Helton,



As importações têm um papel considerável, conforme pode ser lido no editorial http://www.milkpoint.com.br/mn/comentariosemana/artigo.asp?nv=1&id_artigo=25828. Percebe-se, no texto, que se o preço interno está muito acima do preço internacional - que é hoje distorcido por subsídios - a tendência é que se caminhe para nivelar. O problema disso ocorre quando o câmbio está nos níveis atuais, que tornam o preço em Real muito baixo, apesar de em dólar estar alinhado aos preços externos.



De fato, é surpreendente que estejamos importando quantidades crescentes (apesar de estarmos também exportando mais agora), levando em conta os atuais preços e o abastecimento do mercado. Vamos tentar levantar informações a respeito disso, porque nessa altura do ano, realmente não faz sentido.



Obrigado pela participação.



Atenciosamente,



Marcelo
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