O grupo agroindustrial Adecoagro apresentou uma nova proposta para comprar duas plantas da cooperativa de lácteos SanCor e duas de suas marcas pelo valor de US$ 45 milhões.
Em 12 de abril deste ano, depois que a Adecoagro superou em uma proposta a Fonterra, da Nova Zelândia - que, na época, várias fontes avaliaram em cerca de US$ 400 milhões - uma assembleia de acionistas da SanCor aprovou a transferência de 90% dos ativos a uma sociedade anônima que controlaria o grupo de licitação. Esse foi o plano inicial e para o qual a assembleia de produtores de leite votou.
No entanto, em meio à situação de crise financeira local e internacional que encareceu o financiamento, o Adecoagro - nascido em 2002 com a gestão argentina e que hoje conta com recursos de um fundo de pensão da Holanda, o fundo soberano do Qatar e o fundo de Cingapura GIC - rearmou seu plano para a companhia de lácteos.
Neste sentido, segundo fontes familiarizadas com a negociação, a oferta agora é para as fábricas de Morteros, na província de Córdoba, e Chivilcoy, em Buenos Aires. São duas fábricas de alta tecnologia. A primeiro produz queijo em barra e leite em pó, enquanto a segunda é especializada em leite longa vida. A fábrica de Chivilcoy sofreu um grande incêndio em 2012 e a cooperativa de lácteos colocou-a em operação novamente.
Juntamente com essas plantas, mais de 300 funcionários serão transferidos para o novo proprietário. A SanCor teve um total de 5100 funcionários em 2016 e, com retiradas voluntárias sucessivas, além do passe de 500 funcionários para a ARSA, empresa que produz iogurtes e sobremesas e que controla a Vicentin, conseguiu reduzir sua equipe para menos de 2700 pessoas, segundo fontes bem informadas do movimento da empresa.
A operação também inclui a marca de leite Las Tres Niñas, bastante popular na zona norte de Buenos Aires, além da marca Angelita. Este última chegou a operar como uma terceira marca da empresa. Como essa oferta tem diferenças em relação à primeira que a Adecoagro fez, uma reunião de parceiros será convocada novamente para aprová-la ou rejeitá-la.
Vale lembrar que a SanCor já se desmembrou em outras fábricas no último ano e meio. Trata-se das unidades da Centeno, em Santa Fé (adquirida pela empresa La Tarantela, fornecedora de queijos para pizzarias), e a Coronel Moldes, em Córdoba, comprada pela cooperativa de lácteos, Huanchilla. Também houve avanço na venda de outra fábrica em Charlone, Buenos Aires e outra planta para venda está localizada em Brinkmann. Enquanto isso, hoje a SanCor mantém fábricas nas cidades de Devoto, Sunchales, La Carlota, San Guillermo e Balnearia.
Segundo relatos, a SanCor pretende destinar os fundos fornecidos pela Adecoagro para o cancelamento das obrigações decorrentes do acordo preventivo extrajudicial (APE) apresentado no Tribunal Civil e Comercial de Segunda Indicação com sede em Rafaela, a cargo do juiz, Duilio Hail.
O APE foi acompanhado por 1970 credores comerciais, fornecedores e produtores, que representavam 70% das obrigações (num total de mais de US$ 2.130 milhões). Com este nível de adesão, a exigência de 66% da dívida foi superada e, além disso, 51% dos credores que a lei estabelece para o APE. Segundo as fontes consultadas, espera-se que a implementação da venda das plantas industriais e a homologação da APE ocorram nos próximos 60 dias.
A SanCor está implementando um plano de reestruturação cujas negociações contam com o apoio técnico dos consultores financeiros de Finanzas & Gestión e das equipes jurídicas dos estúdios Nicholson Cano e Alegría Buey Fernández.
A cooperativa de lácteos tem uma dívida com a AFIP (La Administración Federal de Ingresos Públicos) superior aos US$ 3,4 bilhões e está tentando renegociá-la. Verificou-se que a SanCor, que hoje processa 1,2 milhão de litros de leite por dia, acima dos menos de 800 mil litros em meio a uma crise enfrentada, negocia com outras empresas a possibilidade de vender mais ativos.
As informações são do La Nación, traduzidas pela Equipe MilkPoint.