Em balanço de sua gestão em dois anos e sete meses de governo, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi destacou que o ambiente do setor tornou-se mais dinâmico, desde então. Enumerou soluções trazidas aos produtores pelo Programa Agro+, criado logo após sua posse, abertura de mercados e mudanças no sistema de fiscalização, entre outras iniciativas, além de falar sobre desafios que enfrentará sua sucessora Tereza Cristina.
De acordo com o ministro, “1.070 ações foram realizadas no âmbito do programa Agro+, por meio de normativos, que contribuíram para desburocratizar a atividade e para que fossem adequados à realidade atual”. Isso, com a participação de 153 entidades representativas do agronegócio.
O fim da interferência política nos processos de fiscalização e a verticalização das funções nessa área é um dos legados da atual gestão, lembrou, destacando a participação de sua antecessora Katia Abreu que havia editado medida determinando o fim de nomeações políticas nas superintendências estaduais. Ainda na área de Defesa Agropecuária, “foram 400 novos registros agroquímicos, aumentando as opções de produtos de uso agrícola”.
Citou a criação do programa de Integridade do Mapa e estímulos aos empresários para que também elaborassem suas regras de compliance.
Disse que as viagens internacionais, na maioria para a China e países árabes renderam resultados como a abertura de 30 novos mercados para 78 produtos brasileiros. A ampliação de mercados contribui para que neste ano seja superada a barreira de US$ 100 bilhões em exportações na pauta do agronegócio.
Blairo Maggi incluiu feitos da área de gestão, comandada pelo seu executivo Eumar Novacki, como a economia de R$ 20 milhões em despesas de consumo (produtos e serviços), que permitiram realizar investimentos como a compra de 50 camionetes a serem utilizadas na fiscalização pelas superintendências.
Como desafio da sua sucessora, Maggi disse acreditar que a aglutinação de novas atribuições, como assuntos fundiários e agricultura familiar, que serão incorporadas ao ministério, deverão dar mais trabalho. Comentou sobre a Secretaria da Pesca, que “quando estava sendo possível organizá-la foi transferida do Mapa” e que, agora, também está voltando para a pasta.
Destacou a importância de manter e ampliar mercados dos produtos do agro e adiantou que a ministra deverá viajar logo no início para a China e países árabes, “que valorizam o contato pessoal, a conversa olho no olho, para mostrar que somos confiáveis.”
Disse ainda que cumprimentará o presidente eleito se ele realmente for contrário à mudança do nome atual do Ministério. Segundo o ministro, a mudança implicará em despesas elevadas já que deverão ser alterados certificados e embalagens da indústria. “Além disso, até os chineses que não falam português, se referem a pasta como Mapa. É assim que eles tratam o ministério”.
Maggi aconselha novo governo a evitar enfrentamento com China e árabes
O ministro da Agricultura aconselhou sua sucessora, a deputada Tereza Cristina (DEM- MS), a viajar à China e ao Oriente Médio a fim de manter parcerias comerciais com o agronegócio brasileiro. Ele também recomendou ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro que não cause problemas e evite “enfrentamentos” com esses que estão entre os principais compradores de produtos agropecuários do Brasil.
O setor vem demonstrando grande preocupação com possíveis retaliações dos chineses e de países árabes após as críticas feitas por Bolsonaro ao gigante asiático durante a campanha e em razão da possível transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jesrusalém.
“Se não temos condição de sermos líderes globais, porque fazer enfrentamento? Criar ambiente ruim de negócios significa problemas para nossas empresas e cooperativas e isso vai bater lá no campo, nos produtores”, afirmou Maggi durante entrevista coletiva na qual fez um balanço de sua gestão de dois anos e meio à frente da Pasta.
O ministro enfatizou que a futura ministra precisa ter como foco a continuidade à política de consolidação e abertura de mercados internacionais para os produtos agropecuários brasileiros. E citou a expectativa de que Pequim possa habilitar o maior número possível dentre os 78 frigoríficos de carne bovina e de frango que passaram recentemente por uma auditoria por amostragem de técnicos chineses.
As informações são do Mapa e do jornal Valor Econômico.