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A posição da Índia no mercado mundial de lácteos está ameaçada?

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 02/12/2020

5 MIN DE LEITURA

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Em maio de 2020, a Índia retirou-se da Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP) com a Indonésia, Tailândia, Cingapura, Malásia, Filipinas, Vietnã, Mianmar, Brunei, Camboja, Laos, Austrália, China, Japão, Nova Zelândia e Coreia – dando como motivo sua própria política.

No entanto, especialistas acreditam que o principal obstáculo veio do setor de lácteos. A Índia é o maior produtor mundial de leite, com 187 milhões de toneladas registradas durante 2019 e estabeleceu uma meta de 330 milhões de toneladas até 2034.

Para entender o verdadeiro motivo, falamos com um especialista em laticínios de Pune, Maharashtra, que desejou não ser identificado. "Com o RCEP, o leite e os produtos lácteos da Austrália e da Nova Zelândia serão 'despejados' na Índia. Com isso, a compra de leite dos produtores indianos diminuirá", disse o especialista. Além disso, o País possui atualmente toneladas de leite desnatado que ainda não são consumidas. Acredito que o governo não deveria tomar qualquer decisão de ingressar no RCEP por alguns anos. Se o governo assinar este acordo, os produtores de leite sofrerão muito.”

Embora a Índia seja o maior produtor e consumidor de leite globalmente, sua participação nas exportações é de minúsculas 172.000 toneladas segundo uma estimativa. Em comparação, a Nova Zelândia, que é membro do RCEP e se tornará o maior beneficiário, atualmente conta com 3,5 milhões de toneladas exportadas.

Importação e exportação

Como a maior parte do leite indiano é consumido no mercado interno, as empresas passarão a importar se os preços de fora estiverem mais baixos e, como resultado, os produtores de leite locais sofrerão, prejudicando sua subsistência.

Na Índia, mais de 100 milhões de pessoas estão associadas ao setor de lácteos. A destruição desse setor ao assinar um pacto de livre comércio seria uma decisão que nenhum governo poderia tomar. Se o governo quiser avançar, os lácteos deve ficar de fora do pacto de livre comércio, disse o especialista.

Se outros países do RCEP também estiverem de olho no mercado indiano, a produção doméstica entrará em colapso total e a Índia se tornará um importador líquido de laticínios às custas dos produtores, enfatizou o especialista.

O produtor de leite de Nasik, Rajendra Pawar, disse que seria desastroso se a Índia assinasse o acordo RCEP. "Como um fazendeiro pode competir com os importadores? Os comerciantes podem inundar o mercado com leite e derivados baratos. O que quer que o governo diga, pequenos produtores de leite e pequenas cooperativas seriam dizimados em poucos anos. O RCEP destruiria nosso sistema cooperativo que levou muitas décadas para ser construído".

O economista BM Kumaraswamy disse que o acordo representa uma grande ameaça ao setor cooperativo de lácteos do país. Ao longo dos anos, a Índia construiu um sistema de cooperativa muito social que envolve pequenos produtores de leite. As cooperativas são propriedade desses pequenos produtores e não de empresas. Já na Nova Zelândia, são propriedade de empresas e 90% do leite que o país produz é exportado.

"Se o leite e seus derivados puderem ser importados, isso levará a uma concorrência muito acirrada. Os preços do leite entrarão em colapso e isso poderia causar graves danos ao nosso sistema cooperativo de produção e distribuição de leite no país", acrescentou Kumaraswamy.

Desemprego e pobreza

A organização de apoio ao governo, Swadeshi Jagran Manch (SJM), se opôs ao acordo RCEP e afirmou que aumentaria o desemprego e a pobreza. Falando sobre este desenvolvimento, uma fonte da Parsi Dairy Farm, com sede em Mumbai, disse: "O atual governo central tomou uma decisão sábia ao desistir do acordo RCEP, ou então teria tirado do mercado muitas pequenas fazendas leiteiras que estão fornecendo para cidades de nível 1 e nível 2.”

De acordo com um relatório sobre o setor de lácteos da Índia, nos próximos 20 anos seria tolice permitir a importação de leite, pois isso contribuiria com mais de 60% do leite incremental que o mundo produzirá nos próximos 15 anos. A participação total na produção mundial de leite crescerá para 31%, em comparação aos 20% atuais dos 14% registrados no início de 2000.

O relatório foi elaborado pelo National Dairy Development Board (NDDB) e pelo NITI Aayog, um grupo de reflexão sobre políticas do governo indiano estabelecido com o objetivo de alcançar o desenvolvimento sustentável.

O diretor administrativo RS Sodhi da Gujarat Cooperative Milk Marketing Federation Limited (também conhecida como Amul), a maior cooperativa da Índia, também escreveu uma carta ao Ministério do Comércio e da indústria, Piyush Goyal, destacando que “a situação será inimaginável se o governo da Índia buscar acordos de livre comércio semelhantes com a UE e conceder aos EUA acesso ao mercado.”

A carta também mencionou os interesses comerciais da Nova Zelândia e o verdadeiro motivo pelo qual está pressionando pelo acordo, dizendo que ela produz 14 vezes mais do que sua necessidade doméstica local e está em busca de novos mercados. A Índia, sendo o maior consumidor de leite do mundo, tem sido seu mercado-alvo nas últimas 2 décadas.

A análise de tendência de longo prazo conduzida por NDDB, Ministério da Agricultura, Niti Aayog, OECD-FAO Dairy Agricultural Outlook 2019-2028 e a Rede Internacional de Comparação de Fazendas disse que o crescimento da produção e consumo de laticínios da Índia continuará pelas próximas 2 décadas e mais, de acordo com o vice-presidente da Amul, Jetha Bharawd.

A indústria de laticínios é muito importante para a economia rural indiana e é o maior contribuinte para o Produto Interno Bruto agrícola. Na Pesquisa Econômica de 2018-19, descobriu-se que mais de 50% do setor de laticínios da Índia é administrado por um setor não organizado, ou seja, agricultores locais ou aqueles envolvidos apenas no negócio de leite.

Em sua carta, Raju Shetti, fundador de Swabhimani Shetkari Sangathan (SSS), de Maharashtra, disse: "Ao assinar o RCEP, a Índia abrirá as portas para importações de lácteos baratos. Se a Índia assinar o pacto, milhões de produtores de leite estarão sob ameaça."

A Índia atualmente é responsável por 20% da produção mundial e nos últimos 4 anos tem crescido a uma taxa de 6,4% ao ano, contra uma taxa de crescimento global de 1,7%

Shetti também enfatizou que marcas locais como Amul, Mahanand, Aarey, Gokul e outras não seriam capazes de se igualar ao mercado competitivo e eventualmente perderão para players estrangeiros.

As informações são do Dairy Global, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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