As emissões de gases de efeito estufa se tornaram o objetivo de legisladores ambientais em todo o mundo, incluindo nas principais regiões produtoras de leite. Contudo, é necessário discutir se as metas de redução estão avançando muito rapidamente para as fazendas se ajustarem. O setor lácteo da Nova Zelândia é um bom exemplo desta situação.
No início deste ano, a DairyNZ encomendou um estudo que descobriu que o leite da Nova Zelândia tem a menor pegada de carbono do mundo. O presidente-executivo da instituição, Tim Mackle, creditou o sistema baseado em pastagens do país pela realização. No entanto, os novos regulamentos ambientais do país ameaçam até mesmo este sistema.
De acordo com Sarina Sharp, analista do Daily Dairy Report, a Lei de Carbono Zero da Nova Zelândia deve reduzir o número de animais do país, incluindo as vacas leiteiras, além das limitações já impostas pelos regulamentos que limitam a liberação dejetos próximo aos cursos de água.
Desde que a Lei de Carbono Zero foi promulgada, ela diz que a quantidade de terra dedicada às pastagens leiteiras da Nova Zelândia caiu 1,5%. “As crescentes restrições às emissões também prometem reduzir os rebanhos da Nova Zelândia, que já caíram mais de 5% desde o número mais alto, em 2014”, observa, acrescentando que o cronograma para a Lei de Carbono Zero pode ser excessivamente ambicioso.
Até 2030, a Nova Zelândia se comprometeu em reduzir as emissões de metano biogênico – o tipo que vem dos ruminantes – em 10% em relação a 2017, e a Lei de Carbono Zero pede reduções de pelo menos 24% até 2050, dependendo de quanto o mundo avançará nas medidas para conter as mudanças climáticas.
“Se suplementos nutricionais, como algas marinhas, inibidores de metano ou vacinas, não se tornarem amplamente disponíveis e acessíveis na próxima década, os produtores da Nova Zelândia terão simplesmente que reduzir a produção de leite”, diz ela.
Por outro lado, um relatório recente do USDA Global Agricultural Information Network argumenta que, apesar das novas restrições ambientais, a produção de leite da Nova Zelândia pode permanecer estável porque os produtores têm a oportunidade de melhorar significativamente os sistemas.
Além disso, o relatório observa que novas tecnologias, como inibidores de metano e nitrificação, bem como a vacina de metano, aliadas à mudanças na gestão – incluindo alimentação com mais concentrado e/ou forragens de baixa emissão e redução do uso de fertilizantes à base de nitrogênio, poderiam tanto contribuir para reduzir as emissões como ajudar a aumentar a produção de leite.
Sharp concorda que os produtores da Nova Zelândia poderiam de fato aumentar significativamente a produtividade se fornecessem mais grãos, mas uma mudança do sistema baseado em pastagens prejudicaria o progresso do país na redução de outras emissões de gases de efeito estufa.
“Se tecnologias inovadoras, como inibidores de metano ou uma vacina de metano, se tornarem acessíveis e escaláveis na próxima década, a Nova Zelândia poderia aumentar a produção de leite e cumprir suas metas de emissões de metano”, observa Sharp. “Mas existe um risco real de que as ferramentas sejam desenvolvidas muito lentamente para atender às metas da Lei de Carbono Zero.”
As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas pela Equipe MilkPoint.
Leia também: