A demanda chinesa por lácteos cairá em 2022?

A demanda da China por produtos lácteos desempenha um papel fundamental na definição da direção dos preços nos mercados globais de lácteos.

Em 2013 e 2014, eles compraram acima das expectativas, o que contribuiu para o colapso dos preços globais de lácteos quando a demanda de importação caiu em 2015.

Historicamente, tem havido uma forte relação entre o crescimento econômico da China (medido pelo PIB per capita) e seu nível de importações de laticínios. Tanto que a comparação das duas tendências pode dar uma indicação se os volumes de importação estão em linha com a demanda ou contribuem para a formação de estoque e representam um risco de queda na demanda de importação.

Compras da China inesperadamente fortes em 2021

Embora o aumento dos custos de insumos e a escassez de oferta sejam considerados os principais fatores que impulsionam os altos preços dos laticínios desde o verão de 2021, a demanda também tem sido importante. A forte demanda, sustentada mesmo com preços mais altos, sustentou o mercado em 2020 e 2021, e a demanda de importação da China desempenhou um papel central nisso.

Em 2020, a pandemia freou o crescimento do PIB da China, mas não pareceu diminuir a demanda de importação. Embarques contratados, além do acúmulo de estoques de segurança para lidar com atrasos logísticos, parecem ter mantido as importações no caminho certo com receitas crescentes.

Em 2021, o crescimento do PIB da China se recuperou, apesar dos efeitos persistentes da pandemia. Quanto às importações, elas aumentaram 23% com relação ao ano anterior, superando em muito as expectativas baseadas no PIB.

Quando analisamos isso há um ano, o saldo de produtos apresentou crescimento em leite líquido e soro, mas não em pó. Isso mudou em 2021, com produtos líquidos e de soro de leite ainda crescendo ano a ano, mas as importações de leite em pó também tiveram um grande aumento, principalmente para leite em pó integral.

O que isso significa para a demanda de importação da China no final deste ano?

Com base no crescimento econômico previsto da China de 4,4% para 2022, os volumes de importação devem aumentar cerca de 6,5% este ano. No entanto, isso não leva em conta o nível de importações acima do esperado em 2021. O acúmulo de estoques de segurança será responsável por alguns desses volumes adicionais de importação, mas se os fabricantes começarem a usar esses estoques, a importação poderá ser reduzida em 2022.

Até agora este ano, observamos uma queda nas importações de lácteos, com os volumes do primeiro trimestre de 2022 caindo 12% em relação ao primeiro trimestre de 2021.

As importações de pós e concentrados ainda aumentaram no período, assim como os volumes de manteiga, enquanto todas as outras categorias de produtos tiveram volumes menores com relação ao ano anterior. Para leite em pó, este é um período particularmente importante, pois a China geralmente faz suas maiores compras no início do ano, quando pode aproveitar as baixas tarifas.

No futuro, é possível que vejamos uma queda na demanda se a China agora se considerar suficientemente abastecida, principalmente devido à menor compra do consumidor, já que partes da China estão novamente enfrentando lockdowns.

Embora haja um atraso nos dados de negociação, temos visto sinais de redução da demanda na queda dos preços nos leilões de GDT. Além disso, de acordo com o Rabobank, “os preços do mercado local do leite em pó integral importado também enfraqueceram recentemente devido ao amplo estoque e à demanda incerta”. Como resultado, o Rabobank espera que o apetite da China por importações seja reduzido no segundo semestre de 2022.
 

Conclusão

Há alguns sinais de que uma redução na demanda da China pode ocorrer, seja devido à ampla oferta ou à menor demanda. Se realizado, isso pressionaria os mercados para baixo e limitaria novos movimentos ascendentes nos preços dos produtos lácteos. No entanto, com os altos custos de insumos mantendo as expectativas globais de leite apertadas, isso ajudará a contrabalançar parte dessa pressão descendente.

As informações são do Agriculture and Horticulture Development Board  (AHDB), traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.