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O que aumenta a chance da vaca ter mastite clínica?

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 17/04/2016

4 MIN DE LEITURA

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Tiago Tomazi*
Marcos Veiga dos Santos


De todas as doenças que acometem as vacas leiteiras, a mastite é a que mais causa prejuízos à cadeia produtiva, pois reduz a produtividade e a qualidade do leite, além de comprometer o bem-estar das vacas acometidas por meio de alteração do limiar de estímulo doloroso. O descarte de leite e a redução do potencial produtivo de vacas acometidas são responsáveis por até 80% dos custos associados com um caso de mastite clínica (MC).

Diversos fatores de risco podem estar associados com a incidência de MC, os quais podem ser categorizados em três níveis principais: (a) rebanho, (b) vaca, e (c) quarto mamário. Antes de tratarmos especificamente sobre os fatores de risco da MC, é importante conhecermos o conceito deste termo. Fator de risco, em se tratando de sanidade humana ou animal, é qualquer situação ou característica individual ou populacional com potencial de aumentar a probabilidade de ocorrência de uma doença ou de um caso clínico.

Desta forma, os fatores de risco em nível de quarto mamário são as características que aumentam predisposição de ocorrência de MC em diferentes quartos de uma mesma vaca. Por exemplo, o posicionamento dos tetos (anteriores e posteriores), a presença de lesões no orifício do teto (ex. hiperqueratose), e o número de casos prévios de mastite (clínica e/ou subclínica) são fatores em nível de quarto mamário que podem influenciar na maior ou menor ocorrência de MC.

Por outro lado, fatores de risco em nível de vaca são aqueles relacionados com características ou práticas de manejo com potencial em predispor a ocorrência de MC entre vacas de um mesmo rebanho. Exemplos de fatores de risco em nível de vaca que predispõem à ocorrência de MC são o número de lactações, nível de produção ( risco maior em vacas de alta produção) e em estágio inicial de lactação, ocorrência de doenças metabólicas, e histórico prévio de alta CCS e mastite clínica.

Por fim, fatores de risco em nível de rebanho são aqueles relacionados com as características que aumentam a ocorrência de MC entre fazendas leiteiras. Dentre estes fatores, destacam-se o tipo de sistemas de alojamento, o manejo nutricional e de ordenha, higiene das instalações e o tipo de patógenos causadores de mastite mais prevalentes.

Países com pecuária leiteira desenvolvida, como Estados Unidos e países europeus, apresentam um perfil mais bem caracterizado quanto à etiologia da mastite e em relação aos fatores de risco associados com ocorrência da MC. No entanto, são escassos estudos epidemiológicos realizados em condições de produção do Brasil onde os fatores de risco da MC podem diferir dos países com sistemas de produção, no geral, mais tecnificados.

Com base nisso, um estudo recente buscou determinar a etiologia e os fatores de risco associados com a mastite clínica em oito rebanhos brasileiros localizados nos estados de São Paulo e Minas Gerais. O estudo foi realizado a partir de um banco de dados com registro de 12.464 casos de mastite clínica ocorridos durante um período de 65 meses. A média anual de incidência de MC acumulada durante o período de estudo foi de 27% para as vacas primíparas e de 31% para multíparas. Coliformes (19%) foram os patógenos com maior frequência de isolamento, seguidos de Staphylococcus coagulase negativa (SCN; 9%), Streptococcus spp. (5%), Streptococcus uberis (5%) e Streptococcus agalactiae (4%). Um total de 41% das culturas microbiológicas não apresentou crescimento microbiano.

Em relação aos fatores de risco associados com a mastite clínica, o número de casos clínicos no mês anterior de lactação apresentou correlação positiva com a ocorrência da doença. A ocorrência de um caso prévio de MC aumentou em 18 vezes a chance de uma vaca primípara apresentar um novo caso, enquanto que a ocorrência de dois casos prévios aumentou a chance de ocorrência de um terceiro caso de MC em 10 vezes. Em relação à CCS de vacas primíparas, para cada aumento de uma unidade de log de CCS na lactação anterior, houve 2,3 vezes mais chances de ocorrência de MC na lactação atual. A estação das chuvas (outubro a março) aumentou em 1,21 vezes a chance de causar mastite clínica em relação à estação seca do ano (abril-setembro). Em relação aos patógenos isolados, as vacas primíparas tiveram maior risco de apresentar MC causada por SCN que vacas multíparas. Vacas primíparas de raças europeias (maioria da raça Holandesa) tiveram 5 vezes mais chance de apresentar MC causada por SCN em comparação com vacas primíparas cruzadas (principalmente vacas da raça Girolando).

O estudo também relatou fatores de risco associados com a ocorrência de MC em vacas adultas (≥2 lactações). Vacas com três ou mais lactações tiveram 0,86 vezes menos chance de apresentar MC do que vacas com uma ou duas lactações. Um caso prévio de mastite clínica aumentou em 20 vezes a probabilidade de ocorrência de um novo caso de MC. Vacas Holandesas apresentaram 1,45 vezes mais chance de ocorrência de MC que vacas zebuínas. Uma interação significativa foi observada entre a CCS na lactação anterior e a estação do ano, uma vez que, a chance de ocorrência de MC reduziu com o aumento da CCS na estação chuvosa do ano. Em relação à etiologia, vacas adultas tiveram 1,56 vezes mais chance de apresentar MC causada por Strep. agalactiae que vacas primíparas.

Em conclusão, o conhecimento dos fatores de risco da mastite clínica pode aumentar a eficiência no controle da mastite clínica em rebanhos leiteiros. Tais informações permitem ao produtor identificar as vacas que apresentam maior risco de contrair mastite clínica e direcionar estratégias de controle e prevenção de novas infecções. Os programas de controle de mastite clínica em rebanhos leiteiros do Brasil devem focar em estratégias de manejo que visam reduzir o contato das vacas com patógenos ambientais, especialmente no período das chuvas, o qual é caracterizado pelo excesso de calor e umidade.

Fonte: Oliveira et al. (2015). Cow-specific risk factors for clinical mastitis in Brazilian dairy cattle. Preventive Veterinary Medicine. 121:297–305, 2015.

*Tiago Tomazi é Médico Veterinário e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP.

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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JOÃO LEONARDO PIRES CARVALHO FARIA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/04/2016

Dados interessantes e que nos auxiliam a entender epidemiologicamente a mastite! bovina.

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