O lançamento de dezenas de variedades e o domínio das técnicas de cultivo provenientes da agricultura otimizam o uso da cana-de-açúcar nas fazendas zootécnicas. Aliado a esses fatos, esta forragem se justifica como ingrediente na dieta dos ruminantes pela sua elevada produtividade e valor nutritivo satisfatório (alta concentração de sacarose nos colmos).
Tradicionalmente, a cana-de-açúcar é utilizada na forma de capineira. Contudo, o corte diário tem sido uma das principais dificuldades quanto ao uso dessa cultura como alimento para os animais. Com o objetivo de contornar este entrave, produtores e pesquisadores estão em busca de estratégias alternativas, as quais possibilitem colher a forragem com menor frequência.
O tratamento da cana-de-açúcar picada com cal micropulverizada foi divulgado, mas não obteve sucesso nas fazendas porque torna o manejo mais complicado. Desse modo, ferramentas de manejo mais simples e de menor impacto econômico devem ser alcançadas para se reduzir os turnos de colheita, migrando assim para um sistema de maior flexibilidade nas propriedades que utilizam a cana-de-açúcar na forma de capineira, especialmente aquelas de pequeno porte. Desse modo, um estudo foi conduzido no Departamento de Zootecnia da UFLA, com o objetivo de avaliar o efeito do tempo de estocagem da cana-de-açúcar com ou sem palhas e ponteiros sobre as perdas de massa e alterações no valor nutritivo.
As plantas maduras de uma capineira (segundo ano de cultivo) foram colhidas manualmente, realizando-se corte nos colmos, rente ao solo. Todo o montante de plantas colhidas foi dividido em duas porções (veja figura 1). Em uma delas, o ponteiro (folhas) e as palhas foram separadas dos colmos, os quais constituíram o primeiro tratamento (sem ponteiro e palhas – SPP). Da segunda porção, nenhum dos componentes (ponteiro e palhas) foi retirado, definindo-se então o segundo tratamento (colmos com ponteiro e palha – CPP). Cada porção (com ou sem os componentes morfológicos) foi separada em feixes, com o objetivo de se avaliar o efeito do tempo de estocagem (2, 4, 6, 8 e 10 dias).
Figura 1. Feixes de cana-de-açúcar estocados sem palhas e ponteiros (SPP) e com palhas e ponteiro (CPP).
Os resultados do estudo mostraram que estocar cana-de-açúcar, por um período de até dez dias, na ausência de ponteiros e palhas é a estratégia mais adequada para aqueles que desejam reduzir frequência de cortes na capineira, pois a presença dos componentes de palhas e, principalmente do ponteiro, potencializa as perdas de massa, ocupa maior área no galpão para a estocagem e reduz o valor alimentício da forragem.
Lembrem-se que esta é uma estratégia para aqueles que cortam cana-de-açúcar manualmente, ou seja, possuem condições de estocar a planta sem picar e ainda de separar as palhas e o ponteiro. Ou seja, esta não é uma estratégia viável para os produtores que realizam corte mecânico.